- Mariana
Reforma do campo de Cachoeira do Brumado passou por quatro prefeitos e tem serviços retomados esta semana
Estádio Jovelino da Silva Ramos, interditado desde 2019, sedia jogos de cinco equipes amadoras.
- Igor Varejano
- Supervisão: Luiz Loureiro
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Em Cachoeira do Brumado, a espera pela reforma do campo Jovelino da Silva Ramos já dura quase quatro anos. O local, que sedia jogos de cinco equipes amadoras do distrito, foi interditado em 2019 e, desde então, as obras são iniciadas e descontinuadas com frequência. A principal justificativa do poder público são erros no projeto e alteração nos valores. A Agência Primaz teve acesso ao projeto e visitou o local, cuja retomada de obras foi marcada pela colocação de uma placa nesta segunda-feira (06).
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Antecedentes
A idealização das obras começou em 2019, quando o Oito de Dezembro, chegou à final da Copa dos Inconfidentes e do Vale do Ipiranga, contra o Pontenovense. O Oito é o time mais tradicional de Cachoeira, com mais de 30 anos de existência, e essa final é um dos grandes momentos recentes do time e da comunidade. No entanto, o campo da cidade não possuía instalações que comportassem a imprensa, dificultando a transmissão do jogo final.
De acordo com Evanício Ramos, conhecido como Nicim, residente e incentivador do esporte no distrito, foi aí que surgiu a ideia de uma reforma, visando esse objetivo principal. “Isso aí foi uma vergonha ‘pra’ nós e ‘pro’ município de Mariana, um time local que chegou na final e não tinha uma estrutura ainda para a imprensa”.
A partir dessa demanda, acolhida pelo então prefeito Duarte Júnior, surgiu a proposta de estender a intervenção, com a troca do gramado e a instalação de um novo alambrado.
Com isso, além da definição, por escolha da comunidade, de manutenção do gramado natural, houve a necessidade de fazer um sistema de drenagem, com a consequente interrupção da obra, tendo sido feita a troca do alambrado, a construção de uma arquibancada e a execução parcial de uma espécie de pista de caminhada ao redor do campo. Entretanto, nessa etapa, nada foi feito em relação à cabine de rádio e TV, que era a solicitação inicial da comunidade esportiva do distrito.
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Com a necessidade de elaboração do projeto de drenagem, as obras foram interrompidas no final do mandato de Duarte Júnior e, para decepção da comunidade, não foram concluídas de imediato, impedindo que os times locais pudessem mandar seus jogos por ali.
Mandatos de Juliano Duarte e de Ronaldo Bento
Após nascer na gestão de Duarte Júnior, a obra começou a ter seu projeto desenvolvido durante a interinidade de Juliano Duarte (Cidadania), que havia assumido a administração municipal em janeiro de 2021. De acordo com o ex-prefeito interino e ex-presidente da Câmara, durante os 18 meses de seu mandato, o projeto foi desenvolvido e tomadas as providências para a abertura do processo licitatório.
“Quando você vai dar ordem de serviço para uma obra, o primeiro passo é elaboração de projetos e composição das planilhas hidráulica, elétrica, estrutural, sanitária e de custos”, declarou Juliano, na primeira reunião ordinária da Câmara, em 2023, quando o assunto foi levantado.
Essa situação, de não realização de obras no campo em 2022, é comprovada pelo documento de aberturada licitação, datado de junho do ano passado, último mês de Juliano Duarte como prefeito interino de Mariana.
Em julho, Ronaldo Bento (PSB) foi alçado ao cargo de prefeito interino de Mariana, e recebeu o processo em finalização, como ele mesmo relata em entrevista à Agência Primaz: “Quando nós assumimos, em julho, o processo de licitação estava em fase de finalização. Nós finalizamos o processo, demos entrada no processo licitatório, terminamos a licitação, fizemos tudo de acordo como dita a lei. Fizemos o empenho e demos a ordem de serviço para iniciar a execução das obras”.
A ordem de serviço mencionada por Ronaldo Bento foi assinada em novembro de 2022. Mas, quando parecia que, finalmente, a comunidade de Cachoeira do Brumado teria de volta seu estádio, chegou o período das chuvas, seguido por uma nova mudança no comando do Poder Executivo marianense. Assim, antes mesmo que fosse colocada a placa de identificação da obra, a posse de Edson Agostinho (Cidadania) ao posto de prefeito interino, trouxe muitas mudanças no comando das secretarias municipais, entre elas a Secretaria de Obras e Gestão Urbana, com a oficialização da titularidade por. Leonardo Rodrigues e a imediata suspensão da ordem de serviço.
Como justificativa, foi alegado que não haveria verba específica no orçamento municipal para a realização das obras e que o período chuvoso não permitiria a adequada execução dos serviços, especialmente a parte de drenagem. Adicionalmente, foram apontados problemas no projeto, com a falta de informações sobre a arquibancada e o gramado do estádio.
Essa situação de descontinuidade da obra gerou um desconforto entre Ronaldo Bento e o secretário de obras. Em uma visita feita ao campo de Cachoeira do Brumado, com a presença de Leonardo Rodrigues e alguns parlamentares, logo após à decisão de paralisação, o secretário teria feito críticas ao projeto publicamente, o que levou o ex-prefeito a fazer uma longa manifestação no plenário da Câmara de Mariana, em defesa de sua gestão e das providências tomadas em relação ao problema.
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Retomada ou verdadeiro início das obras
Após a decisão de Leonardo em janeiro, a retomada, ou verdadeiro início das obras ficou marcado para março, tendo sido observada a colocação, nesta segunda-feira (06), da placa de identificação da obra, a cargo da Frantec Construções Ltda, com valor de R$466.592,80. Entretanto, de acordo com as informações colhidas pela Agência Primaz, os serviços licitados e contratados, referem-se apenas à execução da drenagem – como anunciado na placa da obra –, acrescido do plantio de 6.970 metros quadrados de grama Batatais, no prazo de 90 dias.
Em outras palavras, a comunidade de Cachoeira do Brumado ainda vai ter que esperar a realização dos demais serviços, como a construção da cabine de rádio e tv, a urbanização da entrada do estádio e da área externa ao alambrado, situada na parte oposta à entrada, local ondem, segundo Nicim, existe uma nascente de água, bem como a reforma do vestiário, há anos sem manutenção, cujo telhado metálico foi arrancado durante o atual período de chuvas.
A Agência Primaz apurou que, em reunião realizada no distrito, Leonardo Rodrigues informou que os demais serviços devem ser executados com mão-de-obra própria da Prefeitura de Mariana, após a conclusão dos serviços a cargo da Frantec Construções.
Confira, na galeria abaixo, outras imagens da situação do Estádio Jovelino da Silva Ramos, antes da retomada das obras: