- Ouro Preto
Estudantes ocupam Reitoria da UFOP por 24h em busca de melhorias
Dentre as pautas, isenção no pagamento de água e luz e restabelecimento de diálogos com a Reitoria
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Um dia depois do ato convocado por estudantes do curso de medicina da UFOP que pediam a exoneração de um professor acusado de assédio, graduandos de diversos cursos, juntamente com o Diretório Central Estudantil (DCE), fizeram uma nova manifestação. Com cerca de 50 participantes, o ato, que saiu do campus Morro do Cruzeiro em direção à Reitoria, terminou com uma ocupação de 24 horas da sede da administração universitária.
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Segundo Laura Borges, coordenadora geral do Diretório, o ato foi resultado de 15 dias de deliberações em diversas esferas administrativas da universidade. Dentre as demandas colocadas pelo DCE estavam melhorias estruturais no Departamento de Arte (campus Morro do Cruzeiro), que, segundo os estudantes, vem sendo requerida há 10 anos e a não cobrança das contas de água e luz para os estudantes das moradias socioeconômicas (campus Morro do Cruzeiro e Mariana).
Em uma reunião conjunta que se estendeu por quase 4 horas, a reitora Cláudia Marliére, e o vice-reitor Hermínio Nalini, assinaram um documento no qual a Universidade reassumiu a responsabilidade sobre a titularidade das contas de luz das moradias socioeconômicas, incluindo o pagamento dos débitos. Apesar da conquista, os manifestantes optaram pela ocupação, sob a justificativa de “fragilidade” do documento frente às demandas colocadas.
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Motivações e demandas dos estudantes
Em entrevista à Agência Primaz, Pedro Miguel Chagas de Paula, Coordenador Geral do DCE e graduando em Engenharia Geológica, explica que o ato teve como motivação inicial a isenção no pagamento das contas de energia elétrica, como vem acompanhando a reportagem da Agência Primaz.
“A gente tentou dialogar com a PRACE, a Pró-Reitoria de Assistência Estudantil e obter resultados sobre essa questão da conta de energia elétrica, porque enviar para os estudantes que estão lá pagar isso, a galera não tem condição”, argumentou o coordenador geral.
De acordo com o estudante, apesar do envio de diversos ofícios e e-mails para a Reitoria, solicitando esclarecimentos sobre o tema, não havia retorno. A partir disso os discentes convocaram o Conselho Deliberativo das Entidades de Base (CDEB) no início de março, que deliberou sobre os mecanismos para restabelecer o diálogo com a universidade.
Dentre as deliberações do conselho estavam a ocupação da Reitoria até que dois princípios fundamentais fossem estabelecidos: “A gente não saia de lá até revogar a cobrança de luz e até a gente conseguir construir um diálogo mais firme com a Reitoria. Até que eles firmassem um compromisso de construir um diálogo mais constante com a gente”, explicou Chagas.
Segundo o coordenador, a ocupação aconteceu de forma participativa e aberta, tendo todos os estudantes oportunidade de expor seus relatos referentes às demandas de cada curso, moradia e demais questões referentes à universidade. Após as manifestações, Chagas conta que a reitora argumentou que não tinha conhecimento de nenhum dos pontos colocados pelos discentes.
A Agência Primaz entrou em contato com a Assessoria de Comunicação Institucional da UFOP para se pronunciar sobre o caso, mas até o fechamento desta matéria não obteve retorno.
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Manifestantes consideram insuficiente o acordo firmado pela Reitoria
Após os debates iniciais, a Reitoria da UFOP entrou em acordo com os universitários, no que diz respeito a algumas das demandas apresentadas, como a isenção do pagamento das contas de água e luz das moradias socioeconômicas da instituição e o estabelecimento da mesma como titular das faturas, bem como a retomada dos diálogos diretos com os estudantes.
Apesar disso, Chagas argumenta que a conquista ainda era pequena frente a atual situação da universidade. “Porém, em uma assembleia puxada na hora, a gente sentiu que não era suficiente, principalmente pelas demandas do pessoal de Mariana, já que as demandas de lá são muito deixadas de lado”. Por esse motivo, o Diretório concordou com a manutenção da ocupação, que se estendeu por 24 horas de debates e produção de relatórios.
“Foi uma ocupação muito bem organizada, com Comissão de Segurança para preservar o patrimônio. A gente contou com apoio de diversas outras entidades da educação”, explicou o coordenador. Mas, mesmo com a organização e horas seguidas de debates, Chagas fez sua avaliação à Agência Primaz, afirmando que nenhuma das demandas propostas pelos estudantes foi, de fato, atendida.
Estudantes de João Monlevade reclamam de não serem incluídos nas demandas
Durante a cobertura do ato nas redes sociais do Diretório, estudantes do campus João Monlevade reclamaram da falta de inclusão de pautas que abrangessem suas necessidades específicas. Segundo Chagas, as dificuldades em abarcar as demandas dos estudantes da cidade são históricas, e se devem à distância do campus e a falta de organização do local.
“Essa ocupação foi com destaque ‘pras’ demandas ‘pro’ pessoal de Mariana mesmo, que sofre bem mais com isso do que o pessoal de Ouro Preto. Que é uma galera [Mariana] que a gente ainda busca tentar alcançar, e que é muito difícil por conta da distância do campus”, ressaltou.
“O DA [Diretório Acadêmico] de lá não está organizado, ele não existe mais. Então lá a gente não consegue encontrar nenhuma representação para conseguir trazer as demandas de lá ‘pra’ gente”, explicou o coordenador do DCE. Dentre as reivindicações citadas por estudantes de Monlevade estão a melhoria na qualidade da internet e o retorno da cantina.