- Ouro Preto
Troca de farpas, gritaria e confusão no plenário da Câmara de Ouro Preto
Morador usa Tribuna Livre e aponta vereadores como “culpados” pela “folga” do prefeito
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A 25ª reunião ordinária da Câmara Municipal de Ouro Preto começou com confusão na tarde desta terça-feira (09). Durante o uso da Tribuna Livre, Célio Eduardo Mendes, ouro-pretano e ex-servidor da Prefeitura, acusou os parlamentares de omissão frente a questões como a retirada da Saneouro, melhorias no transporte escolar e a instauração de uma CPI na Secretaria de Obras e Urbanismo.
De acordo com o morador, ao ser proposta uma Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar obras que ocorrem e deixam de ocorrer no município, a proposição foi taxada como “demagogia”.
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“O prefeito de Ouro Preto não está produzindo, não está fazendo nada de acordo com a população, porque ele está folgado, e vocês são culpados disso”, exclamou Souza. Segundo o cidadão, o motivo da “folga” do chefe do executivo municipal são os próprios vereadores. “Vocês estão dando essa brecha para ele, essa condição para ele, de fazer o que quer, porque a maioria da Câmara é aliada do prefeito e são incapazes de pressionar o prefeito”, apontou.
Após as acusações, o morador citou, nominalmente, parlamentares que, segundo ele, possuem acúmulo de cargos e compram votos. De acordo com Souza, as informações têm como base falas dos próprios parlamentares em plenário, que estariam gravadas. Em vários momentos, foi necessário que os microfones fossem desligados, enquanto o presidente da Casa, Zé do Binga (PV), pedia calma aos vereadores e ao morador. Na plateia, moradores e servidores ficaram atentos às trocas de farpas entre os parlamentares e o ex-servidor da Prefeitura.
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“Chacota e vergonha”, acusa morador sobre atuação da Câmara
O tema Saneouro foi um dos levantados pelo morador, que indagou o papel dos vereadores de situação nos debates para a retirada da concessão. Segundo ele, “a Câmara Municipal está sendo para nós [população] motivo de chacota e de vergonha”, já que os parlamentares estariam “olhando para o seu próprio umbigo”. Célio Souza, que também é membro da Patrulha da Água, organização popular que pede pela saída da Saneouro, disse que os membros da entidade já foram humilhados em plenário.
O morador também fez colocações a respeito da situação do transporte escolar do município, que desde o início da gestão vem sendo tema recorrente na casa legislativa. “Se fosse um pai não pondo a criança para ir para escola hoje já teria o Conselho Tutelar, Ministério Público em cima desse pai, mas como é a Prefeitura de Ouro Preto ninguém toma atitude”. A fala de Célio faz menção à falta de transporte em certas localidades dos distritos por ausência de veículos, condições das estradas e até falta de pagamento dos motoristas da cooperativa.
Uma das acusações mais sérias feitas por Célio, e que deu início a uma discussão generalizada, foi a de que o vereador Vantuir (PSDB), teria usado equipamento e funcionário públicos da prefeitura para a construção de uma estrada particular. A partir de então, o morador começou a citar nominalmente outros parlamentares que, segundo suas anotações, teriam cabides de emprego e utilizam diversos veículos públicos para interesses próprios. Dentre os citados, Wanderley Kuruzu (PT), Renato Zoroastro (MDB), Alex Brito (PV) e Vander Leitoa (Solidaridade).
Vereadores citados rebatem acusações
Com as acusações nominais aos parlamentares, o que era um debate acabou se tornando uma briga e uma troca de farpas entre Célio e os vereadores. Entre apontamentos de dedo, xingamentos de “safado” e “covarde”, e gritos, Leitoa e Célio travaram uma discussão calorosa que se estendeu por vários minutos. A confusão, que passou a ter outros participantes, só foi controlada com a intervenção do presidente da casa, Zé do Binga (PV) e o desligamento do microfone.
“Não vale a pena falar não, se é uma tribuna que a gente tem que falar só o que vocês escrevem”, rebateu o morador após Zé do Binga relembrar o morador o argumento utilizado por ele para o uso da Tribuna. “O senhor veio aqui para falar de obras e da Saneouro, a vida particular dos vereadores você deixa pra depois”, afirmou o presidente.
Dentre os citados, o vereador Vander Leitoa (Solidariedade) foi apontado por utilizar retroescavadeiras no distrito de Antônio Pereira para compra de votos. Leitoa pediu desculpas ao público pelo ocorrido, afirmando não ser dono do maquinário, e também rebateu outra acusação de Célio, a respeito do contrato da Saneouro ter passado pela casa legislativa. “Não teve isso de quem é a favor da Saneouro ou contra. Saneouro não veio aqui. A turma da oposição insiste isso aí, eu acho muito feio ficar fazendo vídeo fazendo essas fake news”, declarou.
Vantuir, que foi acusado de usar funcionários públicos para proveitos pessoais, também rebateu. “Se existe algum funcionário fantasma que é ligado no meu mandato, que é ligado no meu fluxo, se tem envolvimento dentro da política, é só apontar e denunciar na Câmara. E se a Câmara não se posicionar, pode levar no Ministério Público, na Polícia Federal”, respondeu o parlamentar.
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Saneouro será tema de mais uma audiência pública
Na próxima segunda (15), acontece mais uma Audiência Pública, tendo como tema o abastecimento de água e esgotamento sanitário de Ouro Preto. De acordo com a convocação divulgada nas redes sociais, a reunião vai ocorrer na Praça Tiradentes, às 17h, e tem apoio dos deputados Padre João e Leleco Pimentel, ambos do Partido dos Trabalhadores (PT).
A audiência terá como objetivo discutir e encaminhar questionamentos referentes aos serviços prestados pela Saneouro, como as tarifas definidas como “altas e injustas”, a “péssima” qualidade da água e a “falta de abastecimento e da grave crise social, econômica e política, gerada pelo fraudulento contrato com a empresa”.
Problemas nos distritos também são pauta da reunião desta terça-feira
Os distritos ouro-pretanos foram tema de requerimentos apresentados pelos parlamentares. O vereador Vantuir pediu informações à Secretaria Municipal de Cultura e Turismo, sobre a realização da festa Expoouro 2023, no distrito de Cachoeira do Campo, e qual a data prevista para esse evento. Segundo ele, a dificuldade na execução de eventos nos distritos, causa problemas para a expansão do calendário cultural das localidades, que ficam presas somente a festas tradicionais. Se não ocorrer, segundo o vereador, vão ser 10 anos sem a realização da festividade.
Ainda sobre Cachoeira, a vereadora Lilian França (PDT), solicitou informações acerca do transporte público destinado aos alunos das escolas do distrito.
Já sobre os distritos de Rodrigo Silva e Santo Antônio do Salto, a questão das obras das estradas foi novamente levantada. Requerimento apresentado por Renato Zoroastro, a ser encaminhado à Secretaria de Obras, pede esclarecimentos sobre o andamento da intervenção nos acessos às localidades que, segundo o vereador, encontram-se em situação preocupante.
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