- Mariana
“Ancestralidades” resgata história da Primaz de Minas
Reunindo três artistas plásticos, a exposição busca resgatar as representações de Mariana e sua população
- Nikolle Gandra
- Supervisão: Luiz Loureiro
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A exposição “Ancestralidades” reúne obras dos artistas Deia Leal, Elias Layon e Camilo Leal e faz parte dos eventos comemorativos do Festival de Inverno e aniversário de 327 anos do município. A exibição fica aberta ao público, com entrada gratuita, até a primeira semana de agosto das 9h30 às 12h e de 13h30 às 17h na Casa de Cultura de Mariana.
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Elias Layon
A exposição dos quadros do artista plástico Elias Layon retrata personalidades e momentos culturais que constroem a identidade da região dos inconfidentes. Com retratos de figuras importantes como Aleijadinho, Mestre Ataíde, Bispo Dom Silvério e Sinhá Olímpia, o artista busca expor a participação de personagens pretos na construção da história da região. O artista também apresenta trabalhos que representam a cultura local, como a obra sobre a banda União XV de Novembro, uma das 11 existentes no município de Mariana.
Também há a obra “Catitões do Zé Pereira”, presentes em desfiles de carnaval, que surgiu no Rio de Janeiro e tornou-se tradição em Mariana no século XIX.
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Camilo Leal
Camilo Leal é um artista paulista e suas obras têm influência no Movimento Artístico Aldravista – que teve origem em Mariana. Suas pinturas representam a forma de vida de pessoas escravizadas e utilizam metonímia para compor as ideias e seu resgate de recordações.
O artista presta reverência às memórias de sua avó, conhecida como Mãe Bárbara, uma mulher escravizada de ventre livre. Utilizando quadros de tamanhos distintos e não convencionais, as obras representam as lembranças da avó e tecem críticas simbólicas à escravidão e aos elementos que compõem a sua ocorrência.
Deia Leal
A sequência da artista Deia Leal traz seis anjos aldravistas como uma representação do conceito de alma na temática do divino e do sagrado. Para isso, a artista também utiliza das personificações de ‘anjos pretos’ como forma de associar a cor negra para representar o sagrado.
Essa escolha vem como herança das obras de Aleijadinho, artista conhecido por pintar anjos pretos. Além disso, Deia também utiliza a representação de um anjo albino, na qual busca dar visibilidade ao distúrbio genético. “A gente não vê políticas públicas sendo defendidas com ardor pelas pessoas albinas. Quando eu convivi com eles, eu via dificuldades e o preconceito que sofrem”, comenta Deia.
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“Ancestralidades” busca dar visibilidade à comunidade preta de Mariana
De acordo com José Benedito Donadon Leal, curador da exposição, a seleção dos artistas expostos no evento foi realizada para dar visibilidade à comunidade preta que compõe a história da Região dos Inconfidentes. “Embora Mariana tenha recebido muitos trabalhadores de fora, a maioria da população marianense é preta, e é importante que isso seja mostrado. Uma exposição de arte que vai comemorar o aniversário de Minas Gerais não poderia deixar de trazer essa representação e mostrar para a população, e para os visitantes, a importância que o povo preto tem na construção do município e de todo estado”, comenta o curador.
A exposição atraiu alguns turistas, como foi o caso de Jussara Siqueira, professora e moradora da capital de São Paulo, que veio a Mariana com sua família. Para ela, a exposição é uma forma de assegurar a cultura local. “Além da importância histórica, é também a força de se manter aberto um polo cultural como esse. Que faz não só um resgate do bordado, da pintura, da literatura, mas da própria memória do homem que vive aqui. Isso é importante: não perder a memória”, afirmou Jussara.
A Casa de Cultura está realizando reformas no porão do local para que possam ser realizadas mais exposições. A finalização da reforma está prevista para agosto e o curador já está em busca de artistas para expor.