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Hoje é domingo, 6 de outubro de 2024

Retorno do Banda na Praça alegra marianenses e turistas

Depois de prolongada ausência, programa deve voltar a ser quinzenal

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Apresentação de duas corporações musicais atraiu um bom público ao Jardim na retomada do projeto Banda na Praça
Apresentação de duas corporações musicais atraiu um bom público ao Jardim – Foto: Luiz Loureiro/Agência Primaz

O projeto Banda na Praça foi retomado nesse domingo (23), na Praça Gomes Freire (Jardim), em Mariana, com as apresentações da Sociedade Musical São Sebastião, de Passagem de Mariana, e da Corporação Musical Sagrado Coração de Jesus, do distrito de Padre Viegas. Com boa presença e participação entusiasmada de marianenses e turistas, segundo o secretário de Cultura, Turismo, Patrimônio Histórico e Lazer, estão sendo tomadas providências para que o projeto volte a ser realizado quinzenalmente, estando prevista a realização de um “encontrão”, ainda este ano, com a presença de todas as 11 bandas existentes no município.

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Banda na Praça

Realizado com regularidade desde 2018, mas com algumas edições esporádicas anteriores, o projeto Banda na Praça foi descontinuado durante a pandemia da Covid-19, voltando a realizar alguns eventos em 2021.

No ano passado, em função principalmente das trocas no comando da administração municipal e das secretarias, o projeto teve poucas edições, mas retornou neste domingo (23), inserido na programação do Festival de Inverno Mariana 327 Anos, com a promessa de voltar a acontecer quinzenalmente.

O projeto banda na praça é muito importante e era uma cobrança da população para que acontecesse o retorno dele. Nós programamos, junto com a associação Amar Bandas, que ele retornasse agora no Festival de Inverno, dentro da programação do mês de julho, que é o mês do aniversário de Mariana, para lembrar que Mariana é a cidade que tem o maior número de bandas do interior do Brasil”, declarou à reportagem da Agência Primaz, Cristiano Vilas Boas, secretário de Cultura, Turismo, Patrimônio Histórico e Lazer.

Seecretário de Cultura, Turismo, Patrimônio Histórico e Lazer, Cristiano Vilas Boas espera resolver pendências relativas ao repasse de recursos, para que o projeto Banda na Praça volte a ser quinzenal – Foto: Luiz Loureiro/Agência Primaz
Cristiano Vilas Boas espera resolver pendências relativas ao repasse de recursos às bandas, para que o projeto volte a ser quinzenal – Foto: Luiz Loureiro/Agência Primaz

De acordo com Cristiano, a programação está sendo discutida com a associação das corporações musicais, inclusive com a realização de um “encontrão” de bandas.

A expectativa é que o projeto volte a ter edições quinzenais e que o evento com as 11 bandas aconteça até o final do ano, mas com programação de passar a acontecer, a partir de 2024, durante o mês de aniversário da cidade.

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Bandas Centenárias

A programação do retorno do Banda na Praça contou com a participação das centenárias Sociedade Musical São Sebastião, do distrito de Passagem de Mariana, e Corporação Musical Sagrado Coração de Jesus, de Padre Viegas.

Assim como as demais corporações musicais de Mariana, a “Banda” São Sebastião investe fortemente na renovação de seus quadros, com forte presença de meninos e meninas
Assim como as demais corporações musicais de Mariana, a “Banda” São Sebastião investe fortemente na renovação de seus quadros, com forte presença de meninos e meninas – Foto: Igor Varejano/Agência Primaz

Fundada em 1890, a Corporação Musical Sagrado Coração de Jesus é a terceira banda de música mais antiga de Mariana, e tem a regência de Afonso Júlio Jales, desde 2001.

Em 2004 representou as corporações musicais de Minas Gerais no 2º Salão do Turismo – Roteiros de Minas e mantém a tradição de formar jovens músicos por meio aulas de teoria musical e prática instrumental realizadas em sua sede, no distrito de Padre Viegas, além de contar com músicos experientes que compõem e produzem arranjos de variados estilos e ritmos, para execução em suas audições.

Vinte anos mais nova, a Sociedade Musical São Sebastião, de Passagem de Mariana, nasceu com o nome de Banda de Música Operária, tendo sua história ligada à atuação pré-sindicalista da Junta Beneficente Operária e aos trabalhadores da mina de ouro local. Atualmente é regida pelo maestro Daltro de Paula Novais, que também se dedica à composição.

Repertório eclético

As corporações musicais civis participantes da edição do Banda na Praça desse domingo não se limitaram à apresentação de marchas e dobrados, oferecendo ao público estilos variados que incluíram músicas internacionais e populares, como The Final Countdown (Europe), A Volta do Boêmio (Adelino Moreira), Negue (Adelino Moreira e Enzo de Almeida Passos) e La Paloma (Billy Vaughn), todas com arranjos dos próprios integrantes das bandas, além de uma seleção de canções do cancioneiro popular, das brincadeiras de roda, que proporcionaram uma grande interação com o público, ao final do evento.

O público presente interagiu e brincou de roda, ao final da edição do Banda na Praça, ao som de canções de “brincar de roda”, executadas pela Corporação Musical Sagrado Coração de Jesus
O público presente interagiu e brincou de roda, ao final da edição do Banda na Praça, ao som de canções de “brincar de roda”, executadas pela Corporação Musical Sagrado Coração de Jesus – Foto: Luiz Loureiro/Agência Primaz

Também foram destaque a execução do dobrado “20 de Janeiro”, composto pelo marianense e mestrando de música, Wesley dos Santos Procópio, em homenagem à Sociedade Musical São Sebastião, bem como do dobrado “Saudade de Sumidouro”, composto por Eduardo Thereza de Macedo, com solo de Geraldo de Jesus Gomes, conhecido como “Geraldo Padre”, executado pela banda de Padre Viegas.

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Entusiasmo do público

Tereza e André Pêssego, residentes no Rio de Janeiro, ficaram encantados com a apresentação das bandas e com a manutenção da tradição musical do município, por meio do projeto Banda na Praça
Tereza e André Pêssego, residentes no Rio de Janeiro, ficaram encantados com a apresentação das bandas e com a manutenção da tradição musical do município. – Foto: Igor Varejano/Agência Primaz

A passeio por várias cidades de Minas, o casal carioca, Tereza e André Pêssego, demonstrou grande alegria por estar em mariana, conhecendo sua história e presenciando a manutenção de suas tradições. “Eu sinto um calor humano muito grande, uma sensação de comunidade, e o amor que eles têm por tocar um instrumento. Como se fosse uma família, e isso aí dá um aconchego muito grande”, declarou André à Agência Primaz.

Para Tereza, “todos os brasileiros, as pessoas que tiverem oportunidade, deveriam vir se solidarizar com as pessoas aqui, continuar a tradição, participar mais, se engajar mais”. Ela ainda se mostrou muito contente com a presença de jovens meninos e meninas nas bandas, elogiando a forma como a tradição musical é encarada e mantida pelas corporações musicais. “Como ele [André] falou, sem o passado, não tem o futuro. Isso aqui a gente vê que é o passado, e parte do passado foi destruído com a tragédia [do rompimento da barragem de Fundão]. Então esse futuro, que é a nova geração, tem que realmente se engajar, estudar mais, se informar mais. Se alicerçar melhor para poder continuar a tradição da cidade”, completou Tereza.

Ex-aluno do Seminário Menor, Antônio Trindade visita regularmente a cidade, para participar dos encontros anuais da Associação dos Ex-Alunos dos Seminários de Mariana (AEXAM). “Eu tenho por Mariana um sentimento de muito afeto, de muito carinho, tanto assim que nós, anualmente, realizamos aqui em Mariana um encontro dos ex-alunos. Interessante é que são gerações diferentes. Nós temos aqui pessoas com 90 anos, pessoas com 50 anos e todos interagindo, todos contando seus casos, as suas histórias, e isso é muito bom”, afirmou Trindade.

O ex-seminarista demonstrou sua admiração às bandas de música, lamentando não ter se dedicado, quando jovem, ao aprendizado de um instrumento musical. “Entre 11 e 16 anos, que é o período que fiquei no Seminário Nossa Senhora da Boa Morte, no intervalo do almoço havia duas atividades: jogar futebol ou ensaiar para tocar na banda. Eu sempre optei pelo futebol, mas hoje lamento profundamente não ter aprendido a tocar um instrumento. E como eu não aprendi, eu admiro, eu incentivo, eu curto, eu adoro a música de banda”.

Antônio Trindade ainda fez um paralelo com sua época residindo em Mariana, exaltando a participação de jovens nas corporações musicais. “Eu acho que Mariana tem o privilégio de ter esse celeiro de bandas e quando a gente fala celeiro, é o local onde se guardam iguarias, coisas boas. Então, veja bem, a geração dos músicos de Mariana sempre foi, no meu tempo, de pessoas mais idosas, mais acima dos 20 anos. E hoje, quando eu vejo essa meninada agora há pouco, uma jovem de 12 anos fazendo a sua estreia. Isso é simplesmente maravilhoso”, finalizou.

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