- Mariana
Atraso de pagamento da Prefeitura causa paralisação do transporte escolar
Alunos e funcionários das escolas municipais dos distritos de Mariana não têm garantia de locomoção na volta às aulas
- Marina Ferreira e Nikolle Gandra
- Supervisão: Luiz Loureiro
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Nessa segunda-feira (31), primeiro dia de aula do segundo semestre da rede municipal de ensino, diretores se frustraram com o retorno devido à falta de transporte para os alunos. A paralisação teria acontecido pelo não pagamento da Prefeitura à cooperativa. De acordo com a Secretaria de Educação, “todos os pagamentos dos cooperados que prestam serviços de transporte escolar” foram feitos dentro dos prazos legais. Pela apuração da Agência Primaz, a situação foi normalizada nesta terça-feira (1º), mas existe a possibilidade de novas paralisações se os atrasos se repetirem.
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Transtornos causados pela ausência do transporte escolar
Com a condição de não ter sua identidade revelada, um diretor de uma escola municipal localizada fora da sede do município, em contato com a reportagem da Agência Primaz, demonstrou sua frustração com a situação.
Ele afirmou que os diretores das escolas do município foram informados por motoristas, no domingo à noite (29), que não haveria transporte na segunda-feira (31), em protesto ao não recebimento de salário junto à cooperativa. “Nós ficamos transtornados, pois hoje estaríamos iniciando o segundo semestre. Muitas famílias dependem desse atendimento, porque alguns pais trabalham e sabemos dessa necessidade. Com isso, muitos alunos foram lesados”, declarou.
Também foi o caso de uma moradora do subdistrito de Goiabeiras, que também preferiu não ter seu nome revelado, por motivos pessoais. Ela é mãe de uma adolescente de 13 anos de idade, e recebeu a notícia da falta de transporte em um grupo de comunicação da escola. Caso a paralisação seja frequente, ela diz que não terá alternativas para que a educação da filha não seja prejudicada. “Por ser zona rural, a escola mais próxima também depende do mesmo transporte e não temos condições de pagar. Assim nossa comunidade e comunidades vizinhas ficarão muito prejudicadas, pois temos alunos de outras localidades”, afirmou.
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Porém, não são apenas os alunos e suas famílias que dependem do transporte. O próprio diretor e os funcionários da escola ficaram prejudicados: “Nós temos uma pequena parcela que reside na circunvizinhança da escola. Então, mais de 90% não compareceu hoje. A escola está aberta, com uma pequena parte de funcionários, caso haja alguma entrega de material que possamos receber. No mais, nem eu mesmo, enquanto diretor, consegui o transporte para me fazer presente”.
O diretor lamentou a falta da prestação de serviço do transporte e o fato de que, no fim das contas, ficam apenas a frustração e a perda de credibilidade da escola diante dos pais, que acabam ficando insatisfeitos, mesmo que a situação fuja do alcance da instituição.
A reportagem da Agência Primaz conversou com outros diretores de escolas de distritos que também preferiram não ser identificados e a situação foi a mesma. “Os cooperados informaram que estão com o pagamento em atraso. Fizemos o comunicado à secretária de Educação e ela disse que não tinha nenhuma informação oficial sobre o assunto”, afirmou uma de nossas fontes.
O transporte retornou nesta terça-feira (01), mas existe o risco de novas paralisações, o pagamento atrase, como foi informado a um dos diretores entrevistados. A Agência Primaz solicitou informações à cooperativa de transporte, mas não obteve resposta.
CFEM
É a segunda vez, no espaço de 30 dias, que Mariana sofre com problemas relacionados à paralisação de serviços públicos. No dia 17 de julho, o vereador Juliano Duarte (Cidadania) postou, em suas redes sociais, um vídeo lamentando a suspensão dos atendimentos do Hospital Monsenhor Horta e denunciando o atraso do pagamento por parte da Secretaria de Saúde, que devia mais de R$1,2 milhão ao hospital.
Com a repercussão negativa, o prefeito interino Edson Agostinho (Cidadania) fez pronunciamento em vídeo postado nas redes sociais oficiais da Prefeitura de Mariana, afirmando que a dívida não teria sido quitada em razão do atraso no repasse da Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CFEM). No vídeo, o Secretário de Fazenda, José Carlos Sampaio, esclareceu que o atraso do repasse do CFEM ocorreu em virtude de greve na Agência Nacional de Mineração (ANM), responsável por fiscalizar o setor de mineração do país.
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Posicionamento da Secretaria de Educação
Em nota encaminhada à reportagem da Agência Primaz, nesta terça-feira (1º), Elizete Fernandes dos Santos, secretária municipal de Educação, afirmou que a situação já está normalizada e que os pagamentos foram devidamente realizados. Confira um trecho da nota:
“A Secretaria Municipal de Educação de Mariana, por meio da Subsecretaria de Assuntos Operacionais e coordenação de serviços de transportes, informa que se encontram efetuados, dentro dos prazos legais, todos os pagamentos dos cooperados que prestam serviços de transporte escolar. Segundo o coordenador André Eduardo, o serviço está normal em todas as unidades. Ainda na data de ontem, o coordenador André Eduardo verificou quais rotas não estavam sendo atendidas e qual era a real situação de pagamento junto à Secretaria de Fazenda, na Prefeitura”.