Campanhas eleitorais: Democracia ou bagunça?
“Muito cuidado com o que os seus ouvidos ouvem e seus olhos veem, por que a realidade pode estar sendo sub-repticiamente manipulada”... (Vasconcelos, 2016)
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Ouça o áudio de "Campanhas eleitorais", de Júlio vasconcelos:
As eleições estão chegando por aí e com elas as tumultuadas campanhas eleitorais, carregadas de um ódio subjacente e de acusações mútuas, às vezes com baixarias e falta de respeito humano ou, como prega a Campanha da Fraternidade, falta de “Fraternidade e Amizade Social”, apesar de todos se dizerem cristãos, quer seja de centro, de direita ou de esquerda. Chega a ser bizarro, porque, passadas as eleições, tem a famosa Missa de Ação de Graças, com todas as pompas e lugares reservados para os políticos e figurões da sociedade, promovida pelos vencedores!
É um fato que vivemos em um País democrático e isso dá direito a todos nós de expressarmos livremente as nossas crenças, nossos valores, nossa ideologia e nossas opções partidárias, mas não dá direito a ninguém de sair atacando os adversários com fake-news, calúnias e acusações infundadas, em vez de destacar as competências dos postulantes aos cargos e de seus programas de governo.
Uma campanha política adequada é aquela que respeita os princípios éticos, promove a transparência, defende propostas claras e relevantes para a sociedade e busca engajar os eleitores de maneira positiva. Para isso, alguns elementos essenciais deveriam ser observados. O primeiro deles é a ética e a integridade: os candidatos deveriam conduzir suas campanhas de maneira ética e íntegra, evitando práticas como disseminação de informações falsas, ataques pessoais ou difamação de oponentes. Infelizmente, as mídias sociais estão repletas de contraexemplos, nesse sentido. Para constatar, basta fazer uma navegação rápida pelos face-books e instagrans da vida.
O segundo é a transparência: as campanhas deveriam ser transparentes em relação ao financiamento, gastos e fontes de apoio, garantindo que os eleitores saibam quem está financiando a campanha e quais interesses podem estar envolvidos. O problema aqui é que a quantidade enorme de dinheiro público e privado, o famoso toma-lá, dá cá, que rola pelas campanhas sobe à cabeça dos políticos e eles acabam entrando pelo caminho da corrupção! A transparência passa longe!
O terceiro elemento está relacionado com as propostas e ideias: os candidatos deveriam apresentar propostas claras e relevantes para os problemas enfrentados pela sociedade, oferecendo soluções viáveis e realistas para questões importantes como saúde, moradia, educação, segurança, meio ambiente, entre outras. O maior problema é que, na maioria das vezes, as propostas, as ideias e os programas de governo quando existem, passadas as eleições, acabam indo para a gaveta dos vencedores e de lá nunca mais saem.
O quarto elemento traz em pauta o diálogo franco, aberto e o debate construtivo sobre questões políticas e sociais, oferecendo oportunidades para os eleitores conhecerem as diferentes visões e propostas dos candidatos. É muito triste constatar, mas, quase sempre, em vez de diálogo franco, aberto e debate construtivo, o que vemos é o famoso “barraco”, com acusações mútuas e uma tremenda falta de respeito ao adversário.
O quinto aborda a questão do engajamento cívico: os candidatos deveriam investir no engajamento dos eleitores de maneira positiva, incentivando a participação cívica, o voto informado e o debate público sobre questões de interesse coletivo, com respeito às opiniões divergentes. É como dizia Voltaire, o grande filósofo francês (1694-1778): “Posso não concordar com o que você diz, mas defenderei até o fim o seu direito de dizê-lo”.
O sexto elemento exige o respeito à Legislação Eleitoral: as campanhas devem cumprir rigorosamente as leis eleitorais em vigor, respeitando prazos, limites de gastos e regras de propaganda estabelecidas pelas autoridades competentes. Infelizmente, estamos cansados de tanta bagunça, com a dança das cadeiras por aqui no nosso Município. Às vezes me pergunto, até quando isso vai durar?
A inclusão e a diversidade formam outro elemento importante: as campanhas devem ser inclusivas e representativas da diversidade da sociedade, garantindo espaço para diferentes vozes, grupos e comunidades participarem do processo político. Na prática, aqui o que observamos que o que realmente vale é o poder do capital financeiro da elite da sociedade.
E por último, como não poderia deixar de ser, vem a questão das fake-news: os candidatos e os seus eleitores deveriam combater radicalmente a disseminação de notícias falsas e desinformação, não importa a origem, promovendo a verdade e a credibilidade das informações compartilhadas durante a campanha. Infelizmente, também o que podemos constatar aqui é que as mídias sociais nessa época, com muito mais ênfase, se tornam um lugar de ninguém, onde um bando de malucos inconsequentes, como se estivessem com uma metralhadora giratória, dão tiros para todos os lados, não dando a mínima para a confusão que podem gerar. Parece que a máxima que impera é “quanto pior, melhor”!
Evidentemente que, ao adotar esses princípios e práticas, os candidatos podem contribuir para uma campanha política mais ética, transparente e responsável, fortalecendo a democracia e a participação cívica dos cidadãos, onde, no final, todos saem ganhando.
É como diz Beto Guedes na sua linda canção “Sol de Primavera”: a lição sabemos de cor, só nos resta aprender ou, diria eu, apreender e colocarem prática.
Quem tem ouvidos, que ouça!
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