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Hoje é terça-feira, 3 de dezembro de 2024

“Sílabas e Sons” traz a atriz e escritora Maria Ribeiro

Mediada por Júlio Diniz, a conversa tratou sobre feminismo, maternidade, carreira e vida da artista

A conversa com Maria Ribeiro foi mediada pelo curador do projeto, Júlio Diniz - Foto: Amanda de Paula Almeida/Agência Primaz
Conversa mediada pelo curador do projeto, Júlio Diniz - Foto: Amanda de Paula Almeida/Agência Primaz

Na noite dessa terça-feira (30), um grande público se reuniu no Museu de Mariana para prestigiar o segundo encontro do projeto “Sílabas e Sons” em 2024, dessa vez com a convidada Maria Ribeiro, atriz, escritora e documentarista. A conversa, mediada pelo curador e professor da PUC Rio, Júlio Diniz, compreendeu temas da vida pessoal e profissional da artista, destacando sua trajetória na dramaturgia, literatura e jornalismo. O bate-papo descontraído também abordou discussões importantes sobre feminismo e maternidade.

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Sílabas e Sons com Maria Ribeiro

Maria Ribeiro também leu um de seus textos para a coluna Marie Claire durante a conversa
Maria Ribeiro também leu um de seus textos para a coluna Marie Claire durante a conversa - Foto: Amanda de Paula Almeida/Agência Primaz

O bate-papo com a atriz Maria Ribeiro desmembrou a carreira e a vida pessoal da artista, que começou sua trajetória profissional no teatro, ainda jovem. Nascida no Rio de Janeiro, filha de pais divorciados, a artista disse ter sempre sentido uma agonia, uma anarquia que a levou para a arte de uma forma muito natural.

Maria contou que, ainda criança, durante uma aula, a professora escreveu alguns poemas no quadro, entre eles, de Carlos Drummond e Manuel Bandeira. Nesse momento, lendo os versos, ela percebeu que pertencia a essas manifestações dotadas de sentimentos, incômodos e angústias. 

A artista coleciona uma carreira que transita entre a dramaturgia, a literatura e o jornalismo. Sua primeira novela foi “História de amor”, de Manuel Carlos, mas também emplacou outros sucessos na televisão como em “A padroeira” e “Império”. No cinema, participou do sucesso de bilheteria “Tropa de Elite”, filme em que ela diz perceber uma tendência de atrair um público mais masculino e conter personagens femininas que são abafadas na trama.

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Ainda sobre sua relação com o cinema, considera “Como nossos pais”, drama de 2017, escrito e dirigido por Laís Bodanzky, como um de seus maiores orgulhos, um marco na sua relação com o feminismo, resultando em sua premiação como Melhor Atriz no Festival de Gramado, realizado no mesmo ano.

No jornalismo, Maria Ribeiro foi uma das apresentadoras do histórico programa “Saia Justa” por 4 anos. Para a atriz, foi uma oportunidade incrível de poder se espelhar em uma de suas artistas favoritas – apresentadora da primeira edição do programa em 2002 – Fernanda Young.

Maria já produziu três documentários: “Los Hermanos – Esse é só o começo do fim da nossa vida” (2015); Domingos (2009) e Outubro (2018). Sobre este último, Maria diz ter sido impelida a fazer após não conseguir dormir por semanas, na expectativa e tensão da polaridade que se formava semanas antes das eleições presidenciais de 2018. Na obra, a cineasta faz a relação entre a aflição política do momento e o fim de um casamento.

Na literatura, a multiartista soma algumas obras lançadas. A mais recente é “Tudo que eu sempre quis dizer, mas só consegui escrevendo”, de 2018, que é uma coletânea de cartas para pessoas de sua vida e para ela mesma.

Maria Ribeiro e Júlio Diniz transitaram por uma conversa política, pessoal e artística que destacou a profissional e, ao mesmo tempo, a mãe, filha e mulher que compõem a artista. Ao final da conversa, Maria respondeu alguns questionamentos da plateia, autografou seus livros e tirou fotos com o público presente.

Exposição temporária “Camada por Camada”

A exposição “Camada por Camada“ une fotografia e bordado
A exposição “Camada por Camada“ une fotografia e bordado - Foto: Amanda de Paula Almeida/Agência Primaz

Ainda  na terça-feira (30) entre a apresentação da programação anual do Museu de Mariana e a edição do “Sílabas e Sons”, aconteceu a exposição “Camada por Camada”, uma parceria entre a fotógrafa brasileira Carol Reis e a bordadeira argentina Valentina Bocchetto.

Quando as duas artistas se conheceram, perceberam algo inusitado: Carol fotografava cebolas e Valentina bordava cebolas e, como resultado, juntaram seus trabalhos nesta exposição, “acreditando que os sentimentos formam camadas, ou se revelam como pétalas que se abrem e não se partem, resolveram tornar a Cebola protagonista destas obras que unem as fotografias da Carol ao movimento das linhas e agulhas da Valentina, artista têxtil”, como se lê no material de divulgação da exposição.

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As artes de Carol Reis e Valentina bocchetto se complementam e falam sobre as camadas da vida
As artes de Carol Reis e Valentina bocchetto se complementam e falam sobre as camadas da vida - Foto: Amanda de Paula Almeida/Agência Primaz

Na abertura da exposição, Valentina Bocchetto falou sobre a honra que era estar fazendo esta exposição no Museu de Mariana: “Eu sou de outro país, mas eu fico superfeliz, porque eu sinto que sou também parte de vocês, parte da história e hoje quero partilhar a história da Mariana nesse momento, um presente que eu nunca imaginava que ia acontecer na minha vida”.

Mulheres da oficina de pedreiro da Escola de Ofícios marcaram presença na abertura da exposição, que ocorreu minutos antes da apresentação de maria ribeiro no projeto Sílabas e Sons
Mulheres da oficina de pedreiro da Escola de Ofícios marcaram presença na exposição - Foto: Amanda de Paula Almeida/Agência Primaz

Projeto Sílabas e Sons

O programa “Sílabas e Sons” foi iniciado em 2022, já recebeu milhares de pessoas e promoveu encontros com renomados artistas e o público, como Zezé Motta, Toni Garrido, Leila Maria, Elisa Lucinda, Jorge Vercillo, entre outros, no Museu Boulieu e, desde o ano passado, também no Museu de Mariana.

Em cada encontro o programa aproxima o público da trajetória de nomes consagrados por meio de um bate-papo descontraído com performances e canções. O programa é um convite para que o público se aproxime da trajetória desses artistas, suas histórias de vida, curiosidades sobre a carreira, revelando suas opiniões e valores, possibilitando o diálogo direto, dinâmico e produtivo com o público.

O programa tem patrocínio master do Instituto Cultural Vale, gestão do Instituto Cultural Aurum e realização do Governo Federal, via Lei Rouanet. E conta com a mediação de Júlio Diniz, pesquisador, ensaísta e professor decano da PUC Rio, tendo como objetivo ampliar a compreensão da trajetória bem-sucedida dos convidados, mostrando ainda o trabalho árduo que acontece por trás dessas carreiras, desmitificando a aura que cerca a profissão de artista.

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