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Hoje é sexta-feira, 22 de novembro de 2024

Escola de Ofícios Tradicionais oferece curso de pedreiras

Com 20 vagas, o curso tem alunas de 30 a 78 anos

Alunas do curso de pedreiras colocam “a mão na massa”
Alunas do curso de pedreiras colocam “a mão na massa” - Foto: Amanda de Paula Almeida/Agência Primaz

A Escola de Ofícios Tradicionais de Mariana (EOTM) oferece pela primeira vez o curso “Pedreira – mulheres em construção”, que tem como objetivo a formação e qualificação da mão de obra feminina para construção civil. As aulas acontecem às terças e quintas, das 18h às 22h. As alunas têm aulas teóricas e práticas e aprendem sobre segurança no trabalho; planejamento e acompanhamento de obras; leitura e interpretação de projetos; manuseio de máquinas, ferramentas e equipamentos; instalação de marcos de portas e janelas; fôrmas simples de madeira, dentre outros temas ligados à profissão.

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O curso de pedreiras

O curso de pedreiras compreende atividades teóricas e práticas
O curso de pedreiras compreende atividades teóricas e práticas - Foto: Amanda de Paula Almeida/Agência Primaz

A ideia de oferecer um curso de pedreiras exclusivo para mulheres veio do desejo do Gerente de Ensino, Ney Nolasco, de fortalecer essa área na Escola de Ofícios, combinado com a realização de uma palestra da Mestra em Arquitetura e Urbanismo, Carina Guedes, a respeito de sua experiência com o projeto “Arquitetura na Periferia”, que reúne e capacita mulheres, permitindo que conquistem a independência necessária para reformar e construir suas próprias casas.

O curso tem duração de quatro meses e conta com aulas teóricas, ministradas pelo professor Sérgio Norberto Costa Gonçalves, formado em Conservação e Restauro e estudante de Arquitetura na UFOP, e aulas práticas, coordenadas pelo mestre Geraldo Cornélio Lioncio.

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Para o professor Sérgio Norberto, as aulas estão sendo de grande aprendizado para as alunas e professores, pela possibilidade de troca de experiências. “Para mim é uma troca muito bacana. Acho que eu aprendo muito mais com elas do que elas comigo. Antes eu dava o curso de Sistemas Construtivos aqui na escola e era um curso misto, [com] homens e mulheres, e as meninas estão de parabéns, elas são super empenhadas, super frequentes, superatentas. Todas elas participam efetivamente das aulas”.

A turma foi aberta com 20 vagas, mas a EOTM recebeu 65 inscrições. A turma é bem unida, embora as mulheres tenham idades, ocupações, vivências e objetivos diferentes. Entre elas, algumas personalidades como a senhora Elizabeth Gonçalves dos Reis, de 78 anos, que está fazendo seu segundo curso na EOTM. A aluna é uma das mais animadas no curso de pedreiras e diz se sentir feliz aprendendo novos ofícios e conhecendo pessoas novas. “A tendência nossa agora é viver mais, então vamos fazer da melhor maneira possível. Parar de fazer exercício dói tudo, então tem que ficar ativa. Graças a Deus, toda vida tive que me virar”, declarou.

Elizabeth tem 78 anos e é a aluna mais velha do curso de pedreiras
Elizabeth tem 78 anos e é a aluna mais velha do curso de pedreiras - Foto: Amanda de Paula Almeida/Agência Primaz

Outra personalidade já conhecida da Escola de Ofícios é Sidilene Maria Ramos, que está para terminar o último dos cinco cursos oferecidos (Cantaria, Carpintaria, Forjaria, Pintura e Pedreira), e acha que agora encontrou o que estava procurando.

Eu fiz todos, porque um vai abrangendo o outro, mas esse aqui é o que eu queria. Apareceu esse aqui, e era o que eu estava procurando (…) Só de estar aprendendo fazer, ‘pra’ mim já ‘tá’ ótimo. Eu sempre gostei de fazer as coisas e, se você não tiver o conhecimento mínimo, você não consegue fazer”, declara.

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Interesse das alunas no curso de pedreiras

As motivações para a procura do curso são tão diversas quanto as alunas. Para Gabriele Carolina Silva, 30 anos, uma das mais novas do curso, o objetivo principal é aprender uma função nova e fazer amizades. Recém-chegada a Ouro Preto, Gabriele encontrou na turma um jeito de conhecer pessoas diferentes e aprofundar laços. “Eu acho que no próprio dia da apresentação, ali mesmo, já teve uma empatia quando algumas mulheres foram falando dá vontade de arrumar a sua casa, terminar uma obra que começou. E, ali mesmo, no primeiro dia, já começou: ‘Vamos, quando a gente aprender, a gente já faz os mutirões’, essa possibilidade de sair da escola e fazer coisas umas para as outras, né? Eu acho que ali já teve o primeiro pontinho que viria uma união do grupo e, a cada dia, que passa a gente se aproxima mais, a gente fica mais íntimo, né?”, comemora Gabriele.

As alunas Sidilene (à frente) e Gabriele, em uma das aulas práticas do curso de pedreiras

Para o mestre Geraldo, o importante é capacitar ainda mais mulheres, seja com a repetição do curso ou com o aprofundamento. “É uma coisa muito importante esse trabalho, ‘tá’ precisando muito de mão de obra qualificada, não está tendo mão de obra qualificada. O que está tendo de gente procurando, se eu aguentasse trabalhar ainda eu trabalhava noite e dia. Mas aí eu acho que tem que descansar um pouco, tem que dar oportunidade para os outros. Agora, essa turma, são muito bacanas, prestativas, prestam muita atenção”, afirma.

Mestre Geraldo está entusiasmado com a dedicação das alunas ao curso de pedreiras - Foto: Amanda de Paula Almeida/Agência Primaz
Mestre Geraldo está entusiasmado com a dedicação das alunas ao curso de pedreiras - Foto: Amanda de Paula Almeida/Agência Primaz
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