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Hoje é sábado, 5 de outubro de 2024

Política pegando fogo

Os textos publicados na seção “Colunistas” não refletem as posições da Agência Primaz de Comunicação, exceto quando indicados como “Editoriais”

Datena e Marçal protagonizaram uma lamentável cena na política da capital paulista
Foto: Reprodução

Ouça o áudio de "Política pegando fogo", da colunista Andreia Donadon Leal:

Os debates políticos pegam fogo presencialmente e nas redes sociais. A saúde mental dos candidatos é colocada à prova de fogo com provocações espinhosas em palavras e ações dos oponentes. Quem tem controle das emoções, conta de um até dez, para não cair em armadilhas de adversários. Quem tem sangue fervendo nas veias, sai nocauteando o adversário com palavrões, pontapés ou caldeirada. Que exemplo, prezados candidatos, os senhores desejam transmitir aos eleitores? Um show de horrores ou de vale tudo? Que valem mentiras, ofensas, tapas, empurrões, cuspes, difamação e a “política do denuncismo?” Que rufem os tambores da baixaria, do olho por olho, dente por dente, porque candidatos e eleitores deixaram de entender que partidos diferentes apresentam propostas diferentes, em que candidatos são adversários de ideias e não inimigos! Que o povo tenha bom senso, para analisar os programas de governo e propostas de realizações desejadas pela população! Eu não desejo ter um (a) representante que vocifera palavrões a torto e a direito feito uma metralhadora. Eu não desejo colocar no pódio um (a) representante que não passa na prova da resistência do debate, das farpas, ofensas e afrontamento do oponente. Quem gosta e sabe fazer política conversa, discute e debate com altruísmo, inteligência e maturidade! Onde está a boa política? Onde foi parar o “senso crítico” de muitos candidatos, que fazem show-baixaria diante de câmeras, para render likes e curtidas nas redes sociais? Se fosse um show teatral, seria de péssimo gosto. Que exemplo, prezados candidatos, os senhores querem dar para a geração que perdeu a crença e esperança na política e nos políticos? Que exemplo, prezados (as) candidatos (as), os senhores desejam deixar de legado para as gerações vindouras? Que falta faz o debate do confronto de programas de governo! Que falta faz um inibidor de cólera! Que falta faz ler as histórias de políticos que honraram a nossa pátria! Saudade de um dos maiores políticos da nossa nação, que escreveu com maestria, uma das páginas mais importantes do nosso país: a redemocratização e a Constituição. Grande Ulisses Guimarães! Para Ulisses: “política não se faz com ódio, pois não é função hepática. É filha da consciência, irmã do caráter, hóspede do coração… quem não se interessa pela política, não se interessa pela vida”. Este é um dos aforismos que os políticos deveriam ter como lema. Ler até o cérebro criar um botão-automático de bons modos e boas respostas em debates políticos. Política, prezados (as) candidatos (as), não se faz como se estivesse num ringue! Política é coisa séria, de gente que tem coisas para falar e propor. Político tem que dar exemplo de inteligência, bons modos, educação, gestão, planejamento e respeito aos eleitores! Político deve ser mais do que exemplo, deve ser fonte de inspiração para novos políticos, e para a crença de que política não é coisa de gente baixa; não é coisa de gente que gosta de dar shows de baixo nível; não é e coisa de gente que aprecia violência; não é coisa de gente que profere palavras de baixo calão. Outro dia um menino me disse que detesta período eleitoral. Perguntei o motivo. Ele me disse que tem birra de político, porque seu pai faleceu, aguardando um exame de alta complexidade. “Dois políticos prometeram ajudar, mas ninguém cumpriu a promessa…” Compreendo a revolta do menino. Ele tem razão. Todos que aguardam e não são atendidos na fila quilométrica de exames, têm razão de reclamar. Evidentemente, não vivemos num país das mil e uma maravilhas, mas tenho que destacar que apesar dos pesares, nosso SUS é bom! “Eu quero acreditar que existem bons políticos.” Disse-me o menino. Eu quero que esse menino tenha um futuro melhor do que o meu presente. Almejo que as palavras de Ulisses retumbem na consciência de políticos que caem em pontapés e baixarias nos debates, nos plenários e em discussões de projetos. O povo não merece shows de horrores. Bastam os sofrimentos da vida… O povo não merece esse bando de politiqueiros que fazem valer tudo para administrar uma cidade. Saudade de Ulisses. O plenário é puro silêncio. Ninguém ousa discursar feito Ulisses. Ulisses foi forte, guerreiro, honrado. Até o mar desejou Ulisses. Atualmente, os partidos não têm mais as escolas, para formação política de seus filiados. Que pena! O reflexo está no baixo desempenho de personalidades que praticam nos plenários e enaltecem diante de câmeras a política da baixaria.

Picture of Andreia Donadon Leal
Andreia Donadon Leal é Mestre em Literatura, Especialista em Arteterapia, Artes Visuais e Doutoranda em Educação. Membro da Casa de Cultura- Academia Marianense de Letras, da AMULMIG e da ALACIB-MARIANA. Autora de 18 livros
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