- Mariana
Candidatas recebem só 12% dos votos para a Câmara de Mariana
Por partido, a relação entre votos totais de candidatos e candidatas varia de 2 a 31
O eleitorado marianense depositou 38.340 votos válidos para candidatos e candidatas às 15 cadeiras da Câmara Municipal de Mariana, dos quais 955 foram votos de legenda, ou seja, votos em partidos, sem especificação de nomes. Dos restantes 37.385 votos, 87,9% foram para candidatos masculinos e apenas 12,1% para postulantes do gênero feminino. Com esse baixo desempenho, nenhuma mulher conseguiu ser eleita, fato que aconteceu pela última vez em 2004.
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Proporcionalidade entre candidatos e candidatas
De acordo com a legislação, cada partido ou federação pode lançar chapas para a Câmara de Vereadores integrada pelo total de candidatos e candidatas correspondente ao número de cadeiras da edilidade mais um. Assim, em Mariana, cada agremiação pôde inscrever até 16 candidatos e candidatas, sendo que, também de acordo com a Lei nº 9.504/1997, deve-se ter no mínimo 30% e no máximo 70% de cada sexo.
Depois do indeferimento completo da chapa de vereadores do Partido Liberal, além da ocorrência de algumas desistências, os oito partidos e três federações concorreram com 150 postulantes à Câmara Municipal de Mariana, sendo 49 candidatas e 101 candidatos, um dos quais, do Solidariedade, teve sua candidatura indeferida e concorreu com recurso, tendo seus votos considerados anulados sub judice.
Desconsiderando os votos anulados e os de legenda, os candidatos do gênero masculino receberam 32.870 votos, correspondendo a 7,3 vezes o total de votos das candidatas à Câmara de Mariana. Para facilitar a comparação, as médias de votos foram 329 e 92, respectivamente para candidatos e candidatas. Em outras palavras, na média, as mulheres tiveram a preferência de um em cada quase quatro votos do eleitorado marianense.
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Desempenho das candidatas por partido
A Federação Psol/Rede concorreu com o menor número de postulantes à Câmara Municipal em Mariana, contando com 4 homens e 3 mulheres. No limite legal, os partidos Podemos, PSB e Solidariedade concorreram com 11 candidatos e 5 candidatas cada um.
Mesmo sem ter chapa com o máximo de nomes permitido pela legislação eleitoral, a Federação PSDB/Cidadania acumulou o maior número de votos, totalizando 11.896, dos quais 11.519 para candidatos do gênero masculino e apenas 377 na soma das cinco candidatas, representando a pior relação (1 para 31) entre os partidos e federações que participaram da eleição em Mariana. No outro extremo da relação, um para dois, ficou o Avante, com 1.962 e 875 votos, respectivamente para homens e mulheres.
Para efeito de comparação, o gráfico abaixo apresenta as médias de votos dos candidatos e candidatas de cada partido.
Como resultado do fraco desempenho das mulheres na eleição, somente no Avante aparece uma mulher como primeira suplente, inclusive com votação superior à dos dois vereadores eleitos pela Federação Brasil da Esperança – Fé Brasil (PT/PC do B/PV), que tem uma mulher como segunda suplente. Nos demais partidos, as candidatas mais bem posicionadas ocupam a terceira suplência no PSB; a terceira e quarta no PDT; a quinta na Federação PSDB/Cidadania; e a sexta no Republicanos.
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Representatividade feminina na Câmara de Mariana
Cotada como a principal candidata à Câmara de Municipal de Mariana, Sônia Azzi (Republicanos) finaliza sua passagem pelo Legislativo e se prepara para assumir, em janeiro, o cargo de vice-prefeita, e sua posição futura é considerada como um ponto importante para pensar avanços na representatividade e educação política no município. Mas reafirmam que é uma perda grande para Mariana passar os próximos anos sem nenhuma mulher legisladora, como ressaltou Sudene Machado, em uma reportagem recente da Agência Primaz, a respeito da ausência de mulheres no plenário da Câmara, na próxima legislatura.
A situação prevista para o período 2025/2029 interrompe uma sequência de quatro mandatos consecutivos com representatividade feminina na casa de leis marianense. A última vez que isso não havia acontecido foi na legislatura 2005/2008, mas antecedido pelo período anterior, em que Neném das Cabanas (Maria Aparecida Barbosa da Silva) e Petronilha Viana haviam sido eleitas em uma mesma eleição, realizada em 2000. De lá para os dias atuais, a Câmara de Mariana contou com a participação de Aída Anacleto (2009/2012), Daniely Alves (2013/2016 e 2017/2020) e Sônia Azzi, no período dos últimos quatro anos.
Em 2023/2024, por um período de aproximadamente sete meses, Beth Cota (MDB) exerceu a vereança em substituição a Marcelo Macedo que, na ocasião, ocupou o cargo de Secretário Municipal de Governo. Com isso, durante esse tempo, a Câmara de Mariana contou com a participação simultânea de duas vereadoras.