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Hoje é quarta-feira, 4 de dezembro de 2024

Região dos Inconfidentes gasta R$21 milhões com shows

De janeiro de 2020 a 07 de novembro deste ano, levantamento do Tribunal de Contas de Minas Gerais (TCE-MG) inclui 102 contratações pelos municípios de Itabirito, Ouro Preto e Mariana

Show do Raça Negra, no aniversário de Mariana, em julho deste ano, não foi incluído no levantamento do TCE
Show do Raça Negra, no aniversário de Mariana, em julho deste ano, não foi incluído no levantamento do TCE – Foto: Amanda de Paula Almeida/Arquivo Agência Primaz

Levantamento do Tribunal de Contas totaliza 6.940 contratações de 485 artistas ou grupos, por 798 municípios, de janeiro de 2020 a novembro de 2024. De acordo com o levantamento, foram gastos quase R$ 940 milhões na contratação de shows musicais ao longo dos últimos cinco anos, sendo Itabirito o município que mais dispendeu verbas públicas para financiar shows musicais, superando R$11 milhões. No ranking estadual, com quase R$6 milhões, Ouro Preto ocupa a 10ª posição estadual, cabendo a Mariana a 30ª posição, com quase R$4 milhões. Entretanto, uma análise mais detalhada do Portal “Shows Artísticos Municipais”, aponta para um possível aumento desses valores, uma vez que shows como o do Raça Negra, contratado pela Prefeitura de Mariana, para os festejos do 328º aniversário da cidade, não estão, entre outros, incluídos no levantamento.

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Quase R$1 bilhão em contratações de shows em 5 anos

Lançado nessa quarta-feira (27), o Portal “Shows Artísticos Municipais” reúne informações sobre as contratações de artistas para shows em municípios de Minas Gerais, de acordo com os empenhos enviados ao Sistema Informatizado de Compras do Municípios de Minas Gerais (SICOM-MG), do TCE-MG. DE acordo com os dados apresentados no portal, de janeiro de 2020 a 07 de novembro de 2024, quase sete mil shows foram contratados por 93,5% dos municípios mineiros, totalizando R$ 939.888.095,93.

Na Região dos Inconfidentes, o levantamento não registra contratações de shows em 2021, mostrando um quadro crescente de shows realizados a partir de 2022, sendo 42 em Itabirito, 34 em Ouro Preto e 26 em Mariana. Entretanto, uma rápida pesquisa da reportagem da Agência Primaz, inclusive nas coberturas desse tipo de evento, verificou que o portal pode ter subestimado as contratações, uma vez que alguns shows comprovadamente realizados em mariana, por exemplo.

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Todo artista tem que ir aonde o povo está

Campeão de contratações no período, Eduardo Costa fez show na 2ª edição do Arraiá da Cidade Alta, em Mariana
Campeão de contratações no período, Eduardo Costa se apresentou na 2ª edição do Arraiá da Cidade Alta, em Mariana – Foto: Reprodução

A relação de artistas contratados por municípios de Minas Gerais mostra o Forró de Soró Silva como o artista mais contratado, com apresentações em 88 municípios e cachê médio em torno de R$55 mil. Também com 80 ou mais contratações aparecem Rasta Chinela, Banda Lex, Gino e Geno e Alemão do Forró.

Entretanto, quando o critério é de faturamento bruto, o mineiro Eduardo Costa, com apresentações em 65 municípios, arrecadou pouco mais de R$19 milhões, seguido por Leonardo, Fernando e Sorocaba, César Menotti e Fabiano, Barões da Pisadinha, e Gino e Geno, todos com faturamento total superior a R$14 milhões.

Na média do valor de cada contratação, entretanto, oito artistas lideram a lista, todos com mais de R$500 mil, em média, por apresentação. Juntamente com o campeão Gusttavo Lima (R$734 mil na média das seis contratações) e Wesley Safadão (oito contratações com média de R$723,5 mil), aparecem no topo da lista os artistas, Victor e Léo, Jorge e Mateus, Zé Neto e Cristiano, Maiara e Maraísa e Simone Mendes, além de Fábio Júnior, com um cachê de R$510 mil por uma apresentação na festa do Pastel de Angu 2023, em Itabirito.

Na outra ponta, a dupla Henrique e Marcílio, arrecadou R$ 133,5 mil no total dos 10 shows realizados em Minas Gerais no período.

Itabirito tem o maior dispêndio com shows artísticos no Estado

A tradicional Julifest é o evento no qual a Prefeitura de Itabirito faz os maiores investimentos em termos de shows artísticos
A tradicional Julifest é o evento no qual a Prefeitura de Itabirito faz os maiores investimentos em termos de shows artísticos – Foto: Divulgação

Nos últimos cinco anos, Itabirito, sob o comando do prefeito Orlando Caldeira, aplicou pouco mais de R$11 milhões em shows artísticos, de acordo com o levantamento do TCE-MG. No período, o maior cachê foi pago a Ana Castela, que se apresentou no Julifest 2024, recebendo R$670 mil. O evento ainda contou com as participações de Maiara e Maraísa (R$634 mil), juntamente com Israel e Rodolffo, Thiaguinho, Lulu Santos e Péricles, formaram o sexteto de nomes mais famosos do evento, totalizando pouco mais de R$3 milhões de cachê.

Em resposta a questionamentos do jornal O Tempo, a prefeitura de Itabirito justificou a necessidade dos investimentos, em função da necessidade de retomada econômica, a partir de 2022, com o fim da pandemia da Covid-19, ressaltando que apenas com as barraquinhas da edição 2023 foram arrecadados R$3 milhões. “Além de desenvolver a economia local, shows de grande porte também atraem público para prestigiar atrações locais. Artistas de Itabirito vivenciaram nos últimos anos um número recorde de participações em festas da cidade, possível por meio de credenciamento. Resta ainda destacar que os investimentos recordes da Administração Municipal abrangem diversas áreas, sendo prática possível em virtude de boa arrecadação e gestão eficiente”, diz nota da administração municipal.

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Ouro Preto fica em 10º lugar nos gastos com shows

Além de Itabirito, a lista das cidades que mais gastaram inclui: Ituiutaba – R$ 10,8 milhões; Barbacena – R$ 9,7 milhões; Nova Lima – R$ 9,7 milhões; Itabira – R$ 7,5 milhões; Pirapora – R$ 6,7 milhões; Extrema – R$ 6,5 milhões; Buritizeiro – R$ 6,2 milhões; Itatiaiuçu – R$ 6,2 milhões e Ouro Preto – R$ 5,7 milhões.

Do mesmo modo que Itabirito e Mariana, o levantamento não relaciona contratação de shows em 2021, mas aponta para uma estabilidade entre 2022 e 2023 – respectivamente R$890,6 mil e R$882 mil –, mas com crescimento superior a 350%, superando R$4 milhões em 2024, o que coloca o município no 4º lugar do ranking deste ano, atrás apenas de Barbacena, Itabirito e Nova Lima.

Apesar disso, as contratações feitas por Ouro Preto, têm cachês menores em comparação com as contratações de shows feitas pelo município de Itabirito.

Os três shows mais caros foram realizados em 2024, cabendo os cachês de R$580 mil para o cantor Leonardo; R$380 mil para o sorriso Maroto e R$320 mil para o grupo de samba e pagode Akatu. Na sequência, com shows ao custo entre R$290 mil e R$220 mil, aparecem os artistas Fernando e Sorocaba, Dilsinho, Felipe Araújo Clayton e Romário e o grupo formado por Lô borges, Beto Guedes, Flávio Venturini e Paulinho Moska, que se apresentou, em 2022, no evento “Tributo aos 50 anos do Clube da Esquina”.

No levantamento do TCE-MG, Mariana é a 30ª cidade em gastos com shows

Na contramão dos demais municípios da Região dos Inconfidentes, o levantamento do TCE-MG coloca Mariana com um crescimento muito grande em 2022, superando R$2,5 milhões e ultrapassando a soma de gastos com shows em Ouro Preto e Itabirito, mas aponta para uma queda de 67% dos gastos em 2023, que se torna ainda maior em 2024, caindo 72,4%, registrando gastos de apenas R$245 mil.

No período abrangido pelo levantamento do TCE-MG, entre várias outras omissões, está a da banda Hardwired, cover do Metallica, que fez shows em duas edições do Encontro de Motociclistas
No período abrangido pelo levantamento do TCE-MG, entre várias outras omissões, está a da banda Hardwired, cover do Metallica, que se apresentou em duas edições do Encontro de Motociclistas – Foto: Luiz Loureiro/Arquivo Agência Primaz

Estes números causam estranheza e demonstram, com enorme margem de certeza, que os gastos de Mariana com shows artísticos estão subestimados, sendo possível inferir o mesmo em relação aos municípios vizinhos, uma vez que as programações dos eventos, principalmente em termos de atrações musicais locais e regionais, não foram incluídas no levantamento, eventualmente em função dos empenhos não terem sido registrados no SICOM-MG ou por estarem categorizados de modo diferente do enquadramento adotado no levantamento.

A Agência Primaz solicitou esclarecimentos ao TCE-MG mas não obteve retorno até o momento de publicação desta reportagem.

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Luiz Loureiro é jornalista graduado pela UFOP, fundador, sócio proprietário e editor chefe da Agência Primaz de Comunicação.

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