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Hoje é quarta-feira, 22 de janeiro de 2025

O verdadeiro sentido do Natal

“Neste Natal não quero mandar cartões. Tenho medo de frases prontas. Elas representam obrigação sendo cumprida. Prefiro a gratuidade do gesto, o improviso do texto, o erro de grafia e o acerto do sentimento”. (Padre Fábio de Melo)

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Qual o verdadeiro sentido do Natal?

Ouça o áudio de "O verdadeiro sentido do Natal", do colunista Júlio Vasconcelos

Embora a grande maioria dos cristãos pensem que o Natal sempre foi festejado da forma como o conhecemos hoje, na verdade, ele teve suas origens em uma combinação de tradições cristãs e, por mais incrível que possa parecer, em celebrações pagãs antigas.

Para nós cristãos, o Natal é celebrado no dia 25 de dezembro, considerada a data do nascimento de Jesus Cristo, embora não exista nenhuma evidência concreta de que ele realmente tenha nascido nesse dia. Historicamente, a data foi escolhida por motivos teológicos e culturais e a verdadeira data do nascimento de Jesus permanece um mistério. Acredita-se que essa escolha esteja relacionada à estratégia da Igreja de cristianizar festivais pagãos já populares, facilitando a conversão de povos romanos e europeus ao cristianismo. Com a institucionalização do cristianismo, práticas pagãs foram incorporadas ao Natal, como a decoração com árvores, guirlandas e luzes e, nessa onda, surgiu a mercantilização do Natal.

A mercantilização do Natal refere-se à transformação dessa celebração, originalmente religiosa e familiar, em um evento amplamente comercial, onde o consumo e o lucro se tornaram elementos centrais. Na verdade, esse fenômeno está ligado ao crescimento do capitalismo, à globalização e à cultura de consumo. No século XIX, a Revolução Industrial permitiu a produção em massa de presentes, enfeites e itens temáticos. Isso deu início à comercialização do Natal em larga escala.

No século XX, campanhas publicitárias, como a popularização do Papai Noel moderno pela Coca-Cola nos anos 1930, transformaram o Natal em uma oportunidade para alavancar vendas. Imagens de felicidade, fartura e união familiar, nem sempre coincidentes com a realidade, passaram a ser associadas ao consumo de produtos específicos. A tradição de troca de presentes, que já existia, foi intensificada e tornou-se quase um imperativo social, com ênfase em objetos materiais como símbolo de afeto.

Evidentemente que essa onda provocou uma aceleração das vendas, geração de empregos e aumento da circulação de dinheiro, especialmente no setor varejista, com o desenvolvimento de produtos e decorações temáticas que enriquecem a experiência natalina. O problema é que isso tudo provocou um desvirtuamento do significado original, onde a mensagem religiosa e espiritual do Natal, como o nascimento de Cristo, foi ofuscada pelo consumismo. Muitas pessoas se sentem pressionadas a gastar mais do que podem para atender às expectativas de presentes, decorações e festas, caindo nas valas do endividamento. Infelizmente, a ênfase em bens materiais afasta a espiritualidade e reforça a exclusão de quem não tem condições financeiras de participar da celebração consumista.

É comum ouvir algumas pessoas dizendo que não gostam do Natal porque não tem família ou ninguém para celebrar, aliás uma frase muito comum proferida por velhinhos abandonados dentro de suas próprias casas ou nos asilos. Outras, quando tem alguém para celebrar, alegam que foram vítimas, no passado, de momentos traumáticos de discórdia e desunião no seio familiar, trazendo para eles sentimento de tristeza e pesar. Outras ainda afirmam que não tem clima para celebrar o momento em comunidade porque simplesmente não conseguem conviver em paz com o irmão que mora ao lado. 

No meio disso tudo, temos que admitir que o ideal seria se pudéssemos voltar às origens das celebrações natalinas, focando verdadeiramente em momentos de espiritualidade, paz, perdão e solidariedade nas famílias, nas comunidades e na sociedade. Infelizmente vejo que ainda estamos muito longe de alcançar esse patamar, diferentemente do que muitos pensam, não só pelas guerras que espocam mundialmente por todos os lados, na Síria, na Rússia, na Ucrânia, em Israel, mas também por outras guerras pessoais que espocam muito mais perto de nós do que pensamos; é só olhar para os lados. 

Enfim, que as celebrações natalinas nos façam acreditar que o mundo pode sim ser melhor, basta que, para isso, simplesmente, cada um deixe renascer de forma profunda e verdadeira a Luz Renovadora do Espírito do Menino-Deus dentro de si mesmo! Fica aqui um bom desafio para você que está lendo esse artigo agora: comece pedindo perdão e dando um abraço caloroso em uma pessoa com quem você tenha qualquer tipo de mágoa, conflito ou inimizade. Bora tentar?

“Um feliz Natal para todos e que o verdadeiro espírito natalino invada nossos corações!
Quem tem ouvidos, que ouça!”

Picture of Júlio Vasconcelos
Júlio César Vasconcelos, Mestre em Ciências da Educação, Professor Universitário, Coach, Escritor e Sócio-Proprietário da Cesarius Gestão de Pessoas
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