- Mariana
Juliano: Vou aprender a ouvir mais antes de tomar decisões
Discurso de posse incluiu retrospecto da vida pública e promessas de preparar Mariana para os próximos 50 anos
Com muita pompa e com o simbolismo de uma rara transmissão de cargo, Juliano Duarte (PSB) e Sônia Azzi (Republicanos) foram empossados como prefeito e vice-prefeita de Mariana para o quadriênio 2025-2028, em cerimônia realizada na Arena Mariana, na manhã dessa quarta-feira, 1º de janeiro, que contou com a participação de Celso Cota e Cristiano Vilas Boas, ocupantes dos cargos máximos da Administração Municipal até 31 de dezembro de 2024. Antes disso foi realizada a posse dos vereadores e eleita a chapa única concorrente à Mesa Diretora da Câmara.
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Posse de Juliano Duarte e Sônia Azzi
Com decoração especial, locais específicos para convidados, parentes e imprensa, mas como pouca presença da população, as cerimônias de posse foram realizadas na manhã dessa quarta-feira (1º), na Arena Mariana, após a missa solene que tradicionalmente é rezada na Igreja de Nossa Senhora do Carmo, padroeira de Mariana, cuja imagem, juntamente com a da Nossa Senhora aparecida, padroeira do Brasil, foi levada ao palco pelos pais de Juliano Duarte.
Com a presença dos ex-prefeitos Celso Cota e Duarte Júnior, o evento de posse do prefeito e da vice-prefeita foi iniciado com a formação da guarda de honra da Guarda Civil Municipal de Mariana, perfilada sobre a rampa de acesso ao palco, por onde passaram Juliano Duarte, carregando o filho e acompanhado da esposa, e Sônia Azzi, acompanhada pelo marido.
Recebidos pelos novos vereadores, já empossados, e com a Mesa Diretora da Câmara composta, Juliano e Sônia fizeram o juramento, guiados pelo vereador Ediraldo Ramos (PSB), Presidente da Câmara, eleito para o biênio 2025-2026.
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Transmissão do cargo de prefeito para Juliano Duarte
Uma cena que não era vista na política de Mariana desde 1º de janeiro de 2009, quando Celso Cota transmitiu o cargo ao seu sucessor e vice-prefeito de 2005 a 2008, Roque Camêlo, foi repetida nessa quarta-feira, tendo o próprio Celso como um dos protagonistas, entregando a Juliano Duarte a chave simbólica da cidade, marcando a troca de comando no Executivo Municipal.
Em seu discurso, Celso Cota reconheceu a importância do momento, exaltando a tranquilidade com que foi desenvolvida a transição de governo. “Acho que é simbólico que a gente tenha essa oportunidade, Juliano, (…) nessa solenidade tão importante, no momento que nós estamos renovando as esperanças dentro de um Ano Novo, ano de 2025, porque nós temos um simbolismo que começou lá na transição. (…) Fizemos uma transição extremamente cuidadosa, com toda transparência possível, e eu acredito que nós estamos deixando uma prefeitura um pouco mais organizada, não estamos deixando nenhuma dívida para trás e com todos os restos a pagar processados”, afirmou.
Depois de mencionar projetos estruturantes que estão sendo legados à nova administração, o prefeito que se despede saudou os integrantes da Câmara Municipal e desejou sucesso ao novo prefeito. “Graças a Deus estou deixando alguns projetos já encaminhados, e que você [Juliano] teve a oportunidade de participar dentro da equipe de transição. Tivemos a oportunidade de conversar algumas vezes nesse período todo, mas eu finalizo a minha presença aqui como a parte final da transição. Eu acho que isso é civilidade, isso é respeito pelo nosso povo, isso é respeito com o futuro governo. (…) E, acima de tudo, eu quero te desejar muita sorte e que Deus possa abençoar você e a toda equipe. Eu tenho certeza no sucesso de Mariana. Feliz 2025 para todos! (…), Feliz 2025, Mariana!”, finalizou Celso Cota.
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Reafirmação dos compromissos de Campanha de Juliano Duarte
Tentando dominar a emoção em vários momentos, Juliano Duarte iniciou seu discurso pontuando aspectos e acontecimentos de sua vida pública, iniciada há 16 anos, quando foi eleito vereador, pela primeira vez, pelo antigo PPS, com 991 votos, com apoio de seu pai e de seu avô materno. Lembrou também seu sentimento de inconformismo quando seu mandato interino foi interrompido, mas ressaltou que isso foi mais um motivador em sua caminhada.
“Quando eu estava como prefeito em exercício no ano de 2021/22, muito motivado a trabalhar, veio uma decisão e eu tive que sair, muitas vezes eu questionava: Por que sair agora? A gente ‘tava’ ganhando a confiança da população, a cidade ‘tava’ desenvolvendo, a gente ‘tava’ trabalhando muito. Mas depois eu entendi que Deus tinha um plano maior ‘pra’ pra mim: era voltar ‘pra’ prefeitura e voltar pelo voto popular. E eu coloquei [isso] como objetivo. Eu não subiria aquelas escadas, eu coloquei ‘pra’ mim como objetivo, enquanto eu não fosse eleito prefeito. E obrigado, Deus, por permitir que esses dias chegasse”.
Depois de fazer alusões à vitória incontestável nas urnas, à necessidade de reafirmar isso nas instâncias judiciais e de elogiar a conduta e a parceria com Sônia Azzi, Juliano enumerou as principais questões a serem enfrentadas durante seu governo, reafirmando seu compromisso com a solução de problemas como a falta de água, e ações fortes nas áreas de saúde, desenvolvimento econômico, habitação, educação e mobilidade urbana, principalmente.
“Quero aqui reafirmar os compromissos de campanha com a nossa população, com nosso novo governo. Vamos trabalhar muito para que Mariana tenha água de qualidade na torneira. Vou trabalhar muito para que Mariana tenha um plano habitacional, vamos criar a Secretaria de Habitação e trazer para Mariana o programa ‘Minha Casa, Minha Vida’. Vou trabalhar muito pela saúde de Mariana, para que Mariana volte a ter o cuidado e o carinho com a nossa população, implantando os 10 leitos de UTI, construindo novas unidades básicas de saúde, fortalecendo a atenção primária, agendando exames e realizando cirurgias eletivas. Vamos investir muito na educação com a construção de novas creches e um compromisso assumido de zerar a fila de creche até o final do nosso mandato. É um desafio para que Mariana volte a ter o maior IDEB [Índice de Desenvolvimento da Educação Básica] da Região dos Inconfidentes. Vamos trabalhar para diversificar a nossa economia e vamos trabalhar projetos estruturantes, pensando Mariana não em 4 anos, mas Mariana para os próximos 50 anos. Vamos dar continuidade na alça viária e vamos trabalhar também para a construção da nova Mariana. A nossa cidade precisa de crescer, precisa de desenvolver e precisa de áreas para que possamos ter um crescimento populacional organizado e ordenado”, destacou o prefeito empossado.
Depois de ressaltar a importância de seus familiares e sua trajetória política, Juliano fez questão de chamar ao palco e homenagear seu irmão, Duarte Júnior, que exerceu a chefia do Executivo de 2015 a 2020, destacando a situação de normalidade financeira encontrada em 2021, quando Juliano sucedeu interinamente o próprio irmão. “Eu quero fazer um agradecimento especial ao Du, que foi o prefeito e passou por momentos muito difíceis na administração pública. Foi uma gestão que enfrentou o rompimento da barragem do Fundão, uma gestão quando o município teve uma grande quebra de receita. Uma gestão que enfrentou, logo depois que as mineradoras voltaram, uma pandemia que fechou a economia, que fechou o comércio. Mas eu quero te agradecer, meu irmão, por tudo, porque quando eu assumi a prefeitura, no ano de 2021, Duarte Júnior, eu assumi a prefeitura com todas as obrigações do dia e eu assumi a prefeitura com mais de R$30 milhões de reais em caixa. E esse recurso, meu irmão que você deixou, foi fundamental para que o meu governo tivesse um sucesso e que tivéssemos aprovação da população e nos credenciasse novamente a disputar esse pleito”, declarou.
Juliano também mencionou a questão da tranquilidade e forma transparente e republicana com que a transição foi realizada, elogiando Celso Cota por sua longa trajetória política, ao mesmo tempo em que prometeu ser mais aberto às sugestões, queixas e desejos da população. “Vamos juntos, vamos planejar uma Mariano para o futuro. Amadureci na vida pública, vou aprender a ouvir mais, antes de tomar decisões, e vou estar, em nosso governo, cada vez mais presente junto à nossa população. Quero aqui, finalizando, agradecer ao Celso Cota Neto, prefeito por quatro mandatos. Poucas pessoas, Celso, conseguiram deixar o legado que você deixou. Como você disse, foram quatro estações de trem, aonde trouxe muito desenvolvimento na cidade. E agradeço a você, a sua equipe de transição, pela forma respeitosa, democrática e republicana que ocorreu a transição do governo Celso Cota para a gestão Juliano Duarte. E fico muito feliz de você estar aqui hoje”, destacou Juliano.
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Posse dos vereadores e eleição da Mesa Diretora da Câmara
O ambiente festivo já havia tido início aproximadamente uma hora antes da cerimônia de posse de Juliano Duarte, quando foi instalada a sessão solene de posse dos vereadores eleitos em outubro de 2024. Sob a presidência de Ronaldo Bento (PSDB), reeleito com 1742 votos, a sessão constou de juramento e posse dos vereadores, seguida pela apresentação da chapa única e votação para a composição da Mesa Diretora da Câmara Municipal de Mariana para o biênio 2025-2026.
Ediraldo Ramos (PSB) encabeçou a chapa, tendo Maurício Borges (PSDB) como vice, Manoel Douglas (PV) como secretário e Roberto Cota (Avante) como 2º secretário. Em chamada nominal, os vereadores elegeram a chapa com 14 votos favoráveis, tendo como única discordância o voto do vereador Marcelo Macedo, decano da edilidade marianense, iniciando seu 7º mandato consecutivo.
Em entrevista à Agência Primaz, ainda antes da cerimônia, o vereador se posicionou a respeito da participação de Juliano Duarte na formação da chapa para a Mesa Diretora, sem, contudo, revelar seu voto. “Eu espero que a Câmara trabalhe com sua Independência, porque só assim que vamos conseguir, realmente, ter uma participação mais ativa da Câmara junto ao Executivo, e eu não torço, não ‘tô’ no discurso do quanto pior melhor, de forma alguma. Eu tenho minha atuação na Câmara, eu tenho minha postura e vou dar meu voto de acordo com a minha convicção, mas sempre defendendo, a população de Mariana”, declarou.
As últimas eleições para a Mesa Diretora da Câmara de Mariana mostraram histórias e enredos diferentes, variando de vereador abandonando a sessão solene a presidente eleito que se transforma em prefeito interino, passando por ocasiões em que, a despeito de embates de bastidores, terminaram com eleições por unanimidade. Questionado quanto a essa possibilidade, Marcelo Macedo preferiu minimizar a participação do futuro chefe do Executivo, ressaltando a necessidade de preservar a independência entre os poderes. “O processo é um processo democrático, né? Eu ainda não quero aqui tecer comentários em relação ao que o prefeito participou, se ele chamou os vereadores, se ele escolheu. Eu já participei de várias, então eu já vi de tudo, né? Mas eu sempre prezo aqui, independente do presidente estar ou ser da base de governo, que a Câmara tem que ter a sua independência”, concluiu.
Eleito em 2020 pelo Avante, com 757 votos, Ediraldo Ramos inicia seu segundo mandato respaldado por 1.049 votos, a maior de um candidato do PSB, partido ao qual se filiou ao se transformar, junto com Sônia Azzi, em apoiador de primeira hora da candidatura Juliano Duarte. Essa “lealdade”, junto com a confiança no trabalho a ser desenvolvido, é reconhecida pelo vereador como um motivador da escolha para presidente da Câmara e da companheira de chapa de Juliano. “Sim, com certeza, foi a lealdade. Realmente era um momento difícil, onde poucos se arriscariam a tomar atitude que eu e a dona Sônia tomamos. Então isso aí retribuiu a lealdade da nossa parte e eu quero agradecer por ter confiado a mim esse desafio”, declarou.
Comentando a questão, depois da cerimônia de posse, Juliano enfatizou a questão da confiança. “Meu governo vai ser um governo de justiça e de confiança. Então, as pessoas que realmente abraçaram a campanha do Juliano, defenderam o nome do Juliano e da Sônia, que fizeram com que eu chegasse à Prefeitura, serão as pessoas que terão o reconhecimento do nosso mandato, tanto para compor o nosso governo, tanto também na nossa administração pública municipal”, justificou o prefeito empossado.
Entretanto, ressaltou que, no futuro, não vai fechar as portas da administração municipal aos que não deram apoio à sua candidatura. “Olha, eu tenho que primeiro montar uma Câmara com os partidos que apoiaram o governo do Juliano. Isso é natural e qualquer prefeito eleito faria da mesma forma. Os quatro vereadores que foram eleitos na oposição, nada impede, durante o transcorrer da gestão de Juliano e da Sônia, que eles possam fazer parte da minha administração. Mas por justiça, por reconhecimento, os vereadores que realmente abraçaram Juliano e a Sônia são a equipe que vai fazer parte de imediato da nossa gestão’, finalizou Juliano.