O sentido da vida
“Se um homem não sabe a que porto se dirige, nenhum vento lhe será favorável". (Sêneca)
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Ouça o áudio de "O sentido da vida", do colunista Júlio Vasconcelos:
Um novo ano se inicia e nada melhor do que fazer uma boa reflexão sobre o sentido da vida. Afinal, você já parou para pensar o que você veio fazer aqui nesse mundão de Deus? Caiu de paraquedas, sem saber o que fazer e para onde ir? Na verdade, acredito que nós não fomos convidados para sermos meros observadores do mundo real, mas protagonistas da construção do nosso próprio caminho e facilitadores da construção do caminho dos nossos irmãos mais necessitados. Vejamos então o que nos ensina Victor Frankl, um dos mais renomados neurologista, psiquiatra e filósofo austríaco, amplamente reconhecido pela profundidade do seu trabalho com base na análise existencial.
Viktor Emil Frankl (1905-1997) nasceu em Viena, Áustria e desde jovem demonstrou profundo interesse pela psicologia. Em setembro de 1942, Viktor, sua mulher grávida e demais familiares – que eram judeus – foram deportados para diferentes campos de concentração. Após 03 anos, no final da guerra, foi libertado e tomou conhecimento de que sua esposa, seus pais e seu irmão não tinham conseguido sobreviver aos extremos sofrimentos provocados pelos terrores da reclusão.
Estas experiências traumáticas marcaram profundamente a vida de Viktor Frankl e o desenvolvimento de seu trabalho. As condições desumanas incluíam desnutrição severa, trabalho forçado extenuante e a constante ameaça de morte. Durante seu cativeiro, ele observou que aqueles que conseguiam encontrar um propósito ou sentido para vida, mesmo diante de condições severamente adversas, como as experiências vividas por ele, tinham maior capacidade de resistir ao sofrimento e ele decidiu colocar esse princípio em prática, de forma concreta.
Segundo Frankl, o sentido da vida é único para cada indivíduo e pode variar ao longo do tempo, dependendo das circunstâncias e experiências pessoais. Ele propôs três caminhos principais para descobrir esse sentido. O primeiro deles está relacionado com a realização de atividades significativas, onde as pessoas envolvem-se em trabalhos ou projetos que realmente contribuam para a valorização e o reconhecimento do ser humano e, de fato, para a criação de um mundo melhor. Nesta linha, enquadram-se e tem um enorme valor os trabalhos de doação e caridade, genuinamente voluntários, voltados exclusivamente para o bem da humanidade. O problema aqui é que, infelizmente, parece que algumas pessoas não vivem, simplesmente vegetam! Acomodados na vala dos comuns, muitas vezes entronados nas fortunas e riquezas materiais que conquistaram ou simplesmente herdaram de seus antepassados sem nenhum esforço ou se perdendo na própria miséria, ficam passivamente a ver o tempo passar ou mergulhados no mundo das futilidades. É só olhar para os lados e vamos encontrar muitos desses indivíduos por aí. E assim caminham entre a humanidade!
O segundo caminho proposto por Frankl está relacionado com o cultivo de valores humanos elevados de amor ao próximo, vivenciando experiências de beleza interior, de verdade, integridade e bondade, estabelecendo relacionamentos profundos e amorosos, que permitem uma conexão com os outros e com o mundo ao redor. Aqui também temos outro problema! Quanto ódio, quanto dualismo exacerbado, quantas guerras, quanta força bruta (não é à toa que os campeonatos de UFC fazem tanto sucesso!), quanta corrupção, quanta mentira espalhada por aí! As fake-news parecem ter se tornado o instrumento preferido dos caluniadores e fofoqueiros! É só dar uma olhada pelos noticiários e pelas mídias sociais!
Por fim, Frankl traz o terceiro e último caminho que está relacionado com o estabelecimento de atitudes positivas diante de um sofrimento inevitável, de forma a enfrentar e transcender as dificuldades. Nesta mesma linha, a Psicologia Positiva, criada por Martin Seligman, renomado psicólogo norte-americano, amplamente reconhecido como o Pai da Psicologia Positiva, nos traz o Modelo PERMA com os cinco pilares do bem-estar humano: P (Positive Emotions) – Emoções positivas, E (Engagement) – Envolvimento em atividades que nos absorvem e nos fazem crescer, R (Relationships) – Relacionamentos saudáveis e significativos, M (Meaning) – Propósito e significado na vida e finalmente A (Accomplishments) – Realizações que trazem satisfação.
Na parede do meu escritório tenho estampada em um pequeno quadro minha Missão Pessoal ou Propósito de Vida, como queiram, e todos os dias ao acordar leio e reflito sobre ela, em busca da consolidação do que significa para mim o sentido da vida e, confesso, tem feito toda a diferença na superação das minhas perdas. Compartilho aqui o enunciado; talvez possa servir de fonte de inspiração para alguém que queira se aprofundar no assunto: Missão Pessoal – “Viver a vida em sua plenitude, baseada nos princípios evangélicos e cristãos, buscando de maneira intensa a valorização da família, do trabalho e do meio onde estou inserido”.
Difícil? Utópico? Sim, mas é como dizia Dom Helder Câmara: “Gosto de pássaros que se apaixonam pelas estrelas e voam em sua direção até cair de cansaço”!
E você, já pensou qual é a sua Missão aqui nesse mundão de meu Deus?
Quem tem ouvidos, que ouça!
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