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Hoje é domingo, 9 de março de 2025

8M: Dia Internacional da Mulher

Por que é importante relembrar e refletir sobre a luta das mulheres todo dia 8 de março?

Mulheres cantam palavras de ordem e exigem o cumprimento da lei de licença maternidade nas escadarias do Prédio da Gazeta, em São Paulo, 1988
Mulheres cantam palavras de ordem e exigem o cumprimento da lei de licença maternidade nas escadarias do Prédio da Gazeta, em São Paulo, 1988 - Foto: José Bassit / Estadão

As mobilizações do Dia Internacional da Mulher, também chamadas de 8M, têm grande importância histórica e política, sendo oficializadas pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1975. Simbolizando as conquistas sociais femininas na sociedade, o 8M relaciona diversos movimentos sociais de mulheres da classe trabalhadora em busca de seus direitos desde o início do século XX.

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Origens do 8M

O Dia Internacional da Mulher conta com uma série de acontecimentos históricos que ajudaram a promover essa data comemorativa em todo o mundo. Porém, três eventos foram importantes para a oficialização do 8M:

  • 1910: Evento na Dinamarca que reuniu mulheres socialistas de todo mundo;

O II Congresso Internacional de Mulheres Socialistas, que aconteceu em 1910, em Copenhague, discutiu questões envolvendo igualdade de gêneros e direito das mulheres. Durante o Congresso, a marxista alemã Clara Zetkin, uma importante figura feminista e sufragista, propôs a criação de uma data para celebrar a luta das mulheres e realizar ações em defesa da igualdade e do direito ao voto em nível mundial.

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  • 1911: Incêndio em uma fábrica de roupas em Nova Iorque;

Em março de 1911, o incêndio que aconteceu na Triangle Shirtwaist Company, fábrica têxtil em Nova Iorque, matou cerca de 146 funcionários que não conseguiram sair do prédio, sendo 125 mulheres. O incêndio chamou atenção para as péssimas condições de trabalho às quais as mulheres estavam submetidas, como carga horária extensiva e salários abaixo da média. Assim, a comoção foi grande e o acontecimento tomou proporções mundiais.

2ª origem do 8M: Incêndio em Nova York
Manchete do “The New York Times”: “150 morrem em incêndio em fábrica; mulheres e meninas, presas em prédio de dez andares, perdem-se nas chamas ou atiram-se para morte” - Foto: Reprodução
  • 1917: Marcha das mulheres por “pão e paz” na Rússia.

O marco considerado definitivo para a luta das mulheres aconteceu em 1917, em meio a 1ª Guerra Mundial, nas ruas de São Petersburgo (ainda Petrogrado na época). Operárias russas protestaram contra a fome, reivindicando o fim da guerra e denunciando a fome, em uma mobilização que ficou conhecida como “pão e paz” e que acabaria levando à Revolução Russa.

3ª origem do *M: Manifestação de mulheres na Rússia czarista
As mulheres trabalhadoras de têxteis, muitas delas esposas de soldados, nas ruas de Petrogrado exigindo “pão e paz” e a deposição imediata do czar Nicolau II - Foto: Reprodução

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Histórico da luta do 8M

Além do resgate histórico que conta as origens do 8M, a consolidação da data conecta outros marcos que aconteceram e continuam acontecendo ao longo dos anos.

Karina Barbosa, pesquisadora feminista e professora do curso de jornalismo da UFOP, destaca que o Dia Internacional das Mulheres tem uma importância fundamental em uma sociedade patriarcal, ou seja, construída sobre bases de proteção masculina e injustiça entre os gêneros. “O 8M é uma oportunidade para pensar sobre a necessidade de uma data que chame a atenção para a urgência de uma mudança social que elimine as violências, injustiças e desigualdades, servindo para gerar mobilizações em torno de questões práticas das comunidades, dos nossos cotidianos, na universidade, na rua, no bairro, na cidade”, afirma Karina.

Nesse sentido, certamente houve progressos nas últimas décadas, visto que a cada onda feminista há a inclusão de novas pautas e novos grupos para fortificar o movimento. Entretanto, as lutas feministas por igualdade, justiça e respeito ainda persistem. As mulheres ainda são o grupo mais vulnerável e ameaçado em vários países, e enfrentam desafios como o direito à autonomia do próprio corpo, direito ao aborto e direito à participação política.

Karina ainda alerta que, “nas duas últimas décadas temos visto inúmeros casos de violência política de gênero, como o caso mais extremo no Brasil: o assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes. Ainda temos o desafio de manter o que foi conquistado desde lá atrás, diante de ameaças constantes de retrocessos feitas pela extrema-direita organizada em todo o mundo, inclusive no Brasil”.

A sociedade na mudança

A União Europeia (UE) e a ONU estão promovendo uma iniciativa global focada na eliminação de todas as formas de violência contra mulheres e meninas, a fim de alcançar a igualdade de gênero e o empoderamento.

Para atingir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, modelos para alcançar um futuro melhor, foram criadas 17 metas para superar desafios relacionados à pobreza, desigualdade, mudança climática e paz.

A igualdade de gênero, o quinto objetivo, é um alicerce fundamental para um mundo próspero. Mas de acordo com a UE, o progresso tem sido lento. No ritmo atual, vão ser necessários cerca de 300 anos para acabar com o casamento infantil; 286 anos para fechar lacunas na proteção legal e remover leis discriminatórias; 140 anos para que as mulheres sejam representadas legalmente em posições de poder e liderança no local de trabalho; e 47 anos para atingir representação igualitária nos parlamentos nacionais.

Portanto, é importante relembrar o caráter político e histórico da luta por trás do 8M, que vem sendo construída desde o final do século XIX para a melhoria da qualidade de vida das mulheres. Patrícia de Abreu, professora do Departamento de Biodiversidade, Evolução e Meio Ambiente da UFOP, é cofundadora do coletivo “Andorinhas: Rede de Mulheres da UFOP”, com atividades iniciadas em 2021, visando reduzir as assimetrias de gênero e parentalidade no âmbito da universidade.

O coletivo promove políticas públicas institucionais de equidade para mulheres na instituição, e já conseguiu aprovação de duas resoluções do Conselho Universitário da instituição (CUNI 2006 e CUNI 2007), além de uma compensação para mulheres que estão tentando concurso na universidade.

Também conseguiu que a Pró-reitoria de Pós-graduação, Pesquisa e Inovação (Proppi) utilizasse do mesmo critério na pontuação das mulheres que estejam pleiteando os editais e que se afastaram por licença maternidade, por exemplo.

Juntamente com o Coletivo Manu, o Andorinhas conseguiu que os filhos da comunidade da UFOP pudessem acessar o restaurante universitário, além de salas de parentalidade em todos os campi, além de propor outras pautas que ainda estão sendo discutidas. “Essa é uma data [8 de março] totalmente estereotipada, em que as pessoas se lembram das mulheres e querem presentear com flores. Mas esquecem que as questões relacionadas às mulheres devem ser discutidas e lembradas ao longo do ano”, defende Patrícia.

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8M: Dia Internacional da Mulher

 

A Associação dos Docentes da UFOP (Adufop) convida as mulheres trabalhadoras e toda a comunidade da região dos Inconfidentes para participar dos atos do Dia Internacional da Mulher Trabalhadora.

Em Mariana, a programação acontece nesta sexta-feira (07), às 17h em frente ao Terminal Turístico. Já em Ouro Preto, o ato está previsto para o próprio dia 08 (sábado), às 8h30 na Praça Tiradentes.

Relembra o ato “8M: Marias das Minas em Luta pela Vida”, ocorrido em 2023, que ocupou o centro histórico de Ouro Preto e promoveu debates e reflexões a respeito das mulheres da região.

Foto de Maria Eduarda Marques
Maria Eduarda Marques, nascida em João Monlevade (MG) é aluna do 6º período de Jornalismo da Universidade Federal de Ouro Preto
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