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Mariana e Ouro Preto
Entre as pautas do movimento estão o funcionamento 24h da Delegacia da Mulher e o fim da escala 6×1
Na última sexta-feira (07) e sábado (08), o coletivo Marias das Minas em conjunto com a Associação dos Docentes da Universidade Federal de Ouro Preto (ADUFOP) promoveram os atos “Marias das Minas em Luta”, em celebração do Dia Internacional da Mulher, data que ocorre anualmente no dia 8 de março. No dia 7, o ato unificado aconteceu em Mariana, no Terminal Turístico e no dia 8 em Ouro Preto, na Praça Tiradentes. As principais pautas foram os direitos da mulher trabalhadora, o fim da escala de trabalho 6×1 e o funcionamento 24 horas da Delegacia da Mulher em Ouro Preto.
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O 8M
O ato acontece anualmente na Região dos Inconfidentes e é promovido pelo coletivo Maria das Minas, formado por entidades de classe, sindicatos, movimentos sociais, movimento estudantil e partidos políticos. Para o coletivo, a luta pelos direitos de gênero é fundamental e resgata as origens socialistas da data e sua importância na defesa da classe trabalhadora.
Para Raisa Ivo, afiliada do PSTU e integrante do coletivo Mães da (R)Existência, que acolhe e auxilia mães de crianças LGBTQIA +, O 8M é histórico e carrega uma importância muito grande para pautar discussões como a perda de direitos trabalhistas e das mulheres, além dos sofrimentos diante do avanço do capitalismo. “Quem mais sofre com esse ataque, são as mulheres, que têm dupla jornada de trabalho, que normalmente são as que cuidam dos filhos, dos maridos, da família. A gente é a base da estrutura desse país e somos as que mais sofrem violência”, destacou.
A militante também celebra a adesão contínua que o ato vem recebendo. “Eu tenho visto que com essas crises do capitalismo, a gente tem se unido mais. Eu acho que esse ano é uma vitória, tá aqui hoje com o Terminal Turístico cheio de mulheres da região de Mariana e da universidade. Então é uma retomada desse movimento aqui na nossa cidade”, afirmou.

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Reivindicações
Dentre as reivindicações e pautas levantadas pelo movimento, as principais são o fim da jornada de trabalho com escala 6×1; a oposição ao projeto aprovado na Câmara dos Deputados em 2024 que proíbe o aborto legal no Brasil; a revogação das reformas da previdência e reformas trabalhistas; e o funcionamento 24 horas da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher, instalada em Ouro Preto, que atualmente funciona em horário limitado.
Conquista do movimento feminista regional, a Delegacia foi inaugurada no ano de 2023 e está instalada no bairro Vila Itacolomy, em Ouro Preto, atualmente seu horário de funcionamento é das 08h ás 16h, insuficiente para atender boa parte das ocorrências ligadas à violência doméstica.
Para Kathiuça Bertollo, professora do curso de Serviço Social na UFOP, membra do conselho de representantes da ADUFOP e da Frente Mineira de Luta dos Atingidos e Atingidas pela Mineração (FLAMA), o atendimento limitado resulta numa falta de abrangência aos atendimentos. “Nós sabemos que muitos casos acontecem em horários que infelizmente a delegacia está fechada, então é preciso que esteja aberto esse espaço 24 horas por dia para poder atender melhor às vítimas”.
A professora também destaca a importância de uma equipe especializada para casos de violência doméstica. “Não basta levar a qualquer delegacia. É preciso que tenha uma equipe técnica preparada para atender vítimas de violência”, explica.

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Representação política
A representação política da mulher e presença nos espaços de poder também foi tema de discussão. Ana e Alice Gomes são estudantes de Serviço Social e integrantes do projeto de extensão Flor de Anahí: Mulheres Lutadoras Sociais e ressaltaram a falta de representatividade feminina nos espaços políticos. “Nos espaços de luta coletiva, a mulher está sempre protagonizando, mas ela nunca é maioria no nos espaços de poder. No Senado, no Congresso, nas prefeituras, ela nunca tá em destaque”, destacou Alice.
Atualmente, não há vereadora eleita na Câmara de Mariana e apenas uma nas câmaras municipais de Ouro Preto e Itabirito. Em Mariana, apenas uma mulher chegou à prefeitura, Terezinha Ramos, com um mandato turbulento, marcado por afastamentos judiciais e um impeachment. Em Ouro Preto, também uma única mulher ocupou o cargo, Marisa Maria Xavier Sans, entre os anos de 2001 e 2004.