Reflexões sobre a Rota 66

No dia 28 de fevereiro de 2025 completei 66 anos de peregrinação por esse mundão de meu Deus! Esses 66 anos já não os tenho mais! Tenho ainda mais uns 20 ou, talvez, mais uns 30 anos de vida ou, ainda, talvez nenhum! Interessante que, segundo os cálculos atuariais que constam no meu documento de aposentadoria do Instituto Nacional de Seguridade Social, o nosso INSS, só tenho mais 12 anos. Se passar disso, furo a previsão e dou prejuízo para eles, como deu prejuízo meu pai, que partiu para outra dimensão aos 97 anos de idade, ainda querendo viver mais!

Creio ser um bom momento para compartilhar aqui algumas pequenas reflexões a respeito do assunto.

Como dizia o nosso saudoso Mário Quintana, eu não tenho medo da morte! Que venha a morte! Tenho mesmo é medo de perder a vida, principalmente depois de experimentar cinco grandes perdas que me afetaram profundamente nos últimos 05 anos! Neste curto período, perdi meu sogro, minha esposa, meu pai, minha mãe e por último, minha sogra, além de alguns outros amigos, personagens que eu tanto amava!

Mas acredito que é preciso tocar em frente, caminhando e cantando e seguindo a canção, porque a vida é bonita, é bonita e é bonita, como diziam dois grandes e saudosos poetas cantores e não um vale de lágrimas, como pregavam e ainda pregam atualmente nas mídias alguns religiosos tradicionalistas e rezam alguns cristãos!

Durante esse curto-longo tempo de jornada aprendi muitas coisas! Aprendi que, como nos ensinou Jesus, o nosso Divino Mestre, nós devemos estar sempre atentos contra todo tipo de ganância, por que o verdadeiro valor da vida de um homem não consiste na quantidade de bens que ele conseguiu acumular durante sua trajetória, mas no que ele faz com esses bens que Deus lhe deu! Equivocadamente, tem muita gente por aí que vai precisar de uma quantidade enorme de vidas para dar conta do que acumulou e ainda não percebeu que caixão não tem gaveta!

Aprendi que, no dia do juízo final, crença incorporada através de nossos princípios católico-cristãos, embora seja importante, nós não seremos cobrados pela quantidade de Missas, de Retiros Espirituais, de Confissões, de Comunhões ou de reuniões pastorais que participamos e nem da quantidade de Terços e Orações que rezamos maquinalmente, mas sim seremos cobrados para que isso tudo serviu! Aprendi que as religiões com todos os seus rituais são importantes, mas a espiritualidade é muito mais importante do que isso tudo! Já dizia o Apóstolo Thiago, a fé sem obras é morta!

Aprendi, como dizia Shakespeare, que as pessoas que a gente mais ama na vida nos são levadas muito depressa e por isso precisamos tratá-las sempre com o maior respeito e carinho do mundo, porque pode ser a última vez que as vejamos! Pare por um minuto e pense! Quem é a pessoa que você mais ama na sua vida atualmente? Como foi que você se despediu dela na última vez que esteve com ela? Se não foi legal, volte a ela rapidamente e tente consertar, se é que ainda dá tempo; algumas partem muito mais cedo do que esperávamos! É como ainda dizia Jesus nos Evangelhos: quanto ao dia e à hora da partida, ninguém sabe, nem os anjos dos céus, nem o Filho, senão somente o Pai!

Aprendi que, como ser humano que sou, olhando para o passado, enxergo os vários erros que cometi, os vários barrancos que despenquei e percebo que tudo isto já não tem mais como ser mudado. Então, no meu processo de amadurecimento, junto todo esse passado, com suas derrotas, mas também com suas muitas e grandes vitórias e utilizo de trampolim para ser cada dia melhor, tanto no tempo presente como no tempo futuro.

Enfim, vou seguindo em frente nesse aprendizado contínuo, Life-Long Learning como dizem os gurus do autoconhecimento, tendo em mente que, como dizia Sócrates, o grande filósofo, quanto mais aprendemos, mais descobrimos que não sabemos nada e que tudo o que conquistamos e aprendemos, só tem realmente valor se soubermos compartilhar de forma humilde e generosa com os nossos semelhantes. E que Deus abençoe todos nós!

Quem tem ouvidos, que ouça!