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Hoje é quarta-feira, 16 de abril de 2025

Barerema – Cidade dos sonhos

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Idealização da cidade fictícia de Barerema

Ouça o áudio de "Barerema – Cidade dos sonhos", da colunista Andreia Donadon Leal:

Tempo com sol e poucas nuvens no céu. Este território tem suas peculiaridades; aventam que aqui as coisas são difíceis pelo facto de ter “cabeças de burros” enterradas em todos os cantos da cidade. Certos acontecimentos fazem-nos acreditar nesta lenda. As cabeças saem altas horas da noite jogando pó inflamável nas ruas. O cemitério é o único local que não recebe este pó por ser uma zona de conforto, respeito e descanso perpétuo. Sinos repousam em silêncio nas torres das igrejas. O silêncio tem temperanças que sensibilizam poetas e artistas. Palavra é puma ou pluma, dependendo do que sai de bocas ou dedos. Palavras de acolhimento e solidariedade não atacam o próximo, mas afagam os resignados. Páginas de acolhimento ou solidariedade não vociferam ódio. Parceiros de espaços resolvem suas divergências dentro do território e não fora dele; não jogam pó inflamável, para aumentar o fogo já alto. E Deus perdoa todos os que torceram os fatos, e os que têm ódio pelo próximo com suas “espetadas” unilaterais, pois “não sabem o que fazem”, nem conhecem a Declaração de Chapultepec. O verdadeiro jornal não noticia fatos sem ouvir os envolvidos, sem apurar, diz a ética do jornalismo; mas em terra em que todos mandam ninguém respeita ninguém… E Deus acolhe os que não querem conviver em ambiente de pó inflamável, que desfere desrespeito pelo próximo. Em tribo indígena é o cacique que resolve os conflitos numa roda de conversa, passando o bastão para que cada um possa se expressar com respeito, para resolver o conflito. Numa alusão ao conhecimento ancestral, seja das tribos, seja das comunidades simples, já dizia minha avó: “roupa suja se lava em casa.” Tempo de reza, tempo de glória, tempo de vigília, tempo de parar com o pecado de crucificar os outros. Tempo de parar para acertar pactos de convivência (nem que seja mínima), sem continuar a aventar fofocas e mentiras. Criei uma cidade dos sonhos, é Barerema; lá todos aceitam os diferentes, lá um autista pode ocupar cargos públicos, lá há amor e há professores-doutores da inclusão. Lá há muito mais do que teses, pois lá aceitam-se os risonhos e os tristonhos, sem censurar os tristonhos. Em Barerema o pó que se solta da noite é o pó de fadas, que sai das árvores em direção à cidade para encantar a atmosfera das ruas, precipitando um pó fino para trazer boas-novas. Este pó é o mesmo que a floresta faz para formar chuvas. De manhãzinha o ambiente está impregnado de fragrância sustentável. Nesse território não há seca, pois há florestas e flores nas praças, ruas e quintais. Onde há pó de fadas, não há excessos de dissabores, nem excessos de conflitos, nem tornados de cizânias, nem furacões de ódio, nem fogos de artifício explodindo querelas… Que o pó de fadas traga encantamento, para que as relações sociais sejam pautadas pelo respeito, e que todos sejam dignificados pelo que são e da forma que são, e não pelo poder que exercem, assim como acontece em Barerema, em que a harmonia é a regra basilar da convivência!

Foto de Andreia Donadon Leal
Andreia Donadon Leal é Mestre em Literatura, Especialista em Arteterapia, Artes Visuais e Doutoranda em Educação. Membro da Casa de Cultura- Academia Marianense de Letras, da AMULMIG e da ALACIB-MARIANA. Autora de 18 livros
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