- Mariana
FLIMARI 2025 movimenta Mariana com autores de todo o Brasil
Feira literária promove encontros entre autores e estudantes, celebra o patrimônio cultural e reforça a importância da leitura nas escolas públicas de Mariana.
- Maria Eduarda Marques
- Lui Pereira
- Gustavo Batista

A 2ª Feira Literária de Mariana (FLIMARI), realizada entre os dias 9 e 12 de abril, celebrou a força da literatura como ferramenta de encantamento, memória e transformação social. Com o tema “Lendas de Mariana e a Arte Circense em contos e versos”, a programação reuniu escritores de diferentes regiões do país em escolas públicas, centros culturais e espaços comunitários, promovendo encontros marcantes com crianças, adolescentes e leitores de todas as idades.
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Roda de histórias e encantamento na Osquindoteca
Na quinta-feira (10), o Clube Osquindô, no distrito de Passagem de Mariana, recebeu as autoras paulistas Gabriela Romeu e Penélope Martins, que desenvolvem juntas livros infantis como Tumba e para! e Reco-Reco. Mais de 60 crianças participaram da roda de conversa, fazendo perguntas sobre o processo de escrita, as etapas da publicação e os sonhos que levam alguém a se tornar escritora.

“Quando chegamos, as perguntas estavam todas adormecidas. Mas depois que uma criança começou, elas não pararam”, relembra Penélope, emocionada.
Na sexta-feira (11), as autoras também visitaram a Escola Municipal Cônego Paulo Diláscio, ampliando ainda mais o alcance da FLIMARI nas escolas do município.
Gisele Alves, presidente do Clube Osquindô, celebrou a parceria com a Academia Marianense de Letras: “Esse evento conversa muito com o que o Clube acredita, que é a leitura e a arte. Foi um encontro muito simbólico para nós.”

Além da roda, o espaço contou com atividades do projeto “Nesta rua tem”, com as iniciativas Máquina de Brincar e Osquindoteca Volante, que promoveram brincadeiras abertas para as crianças da comunidade.
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“Colorindo Mariana”: literatura, história e identidade
Na sexta-feira (11), a Escola Estadual Dr. Gomes Freire recebeu o escritor e ex-aluno da instituição Cristiano Casimiro para o lançamento do livro interativo Colorindo Mariana. A obra propõe que os estudantes do 5º ano conheçam o patrimônio da cidade por meio de ilustrações para colorir, acompanhadas de aldravias – forma poética criada em Mariana – e explicações sobre a importância de cada monumento retratado.
A ideia foi escolher os principais monumentos da cidade e transformá-los em desenho para os estudantes do quinto ano colorirem. Juntamente com o desenho, há uma explicação sobre o que é o patrimônio que estão colorindo e uma aldravia.
Em março deste ano, Thakur Powdyel, o ex-ministro de Educação do Reino de Butão, esteve na Academia Marianense de Letras para conhecer a cidade de criação da aldravia, essa forma de poesia genuinamente brasileira.

“Nós juntamos a literatura, a preservação do patrimônio e o entorno da escola, porque no quinto ano a criança estuda a cidade. O foco foi escolher pontos de referência do centro histórico”, explicou o autor.
A iniciativa integra as celebrações dos 60 anos da escola. A diretora Renata Coelho Corrêa destacou o impacto da proposta no cotidiano pedagógico: “Cristiano, como ex-aluno, incentiva a leitura, a escrita e o conhecer o mundo. A contribuição da FLIMARI é valiosa e enriquece o trabalho da escola”, conta Renata.

Ao final da atividade, os alunos receberam exemplares do livro, que puderam levar para casa.
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“Noite dos Mascarados”: mistério juvenil e memória afetiva
Depois de cumprir agenda de lançamento em Belo Horizonte, Ouro Preto e Lavras Novas, foi a vez de Mariana receber o jornalista, advogado, escritor e ex-presidente da Academia Mineira de Letras, Rogério Faria Tavares. Durante sua gestão como presidente na Academia, Rogério promoveu diversas iniciativas culturais e, na última sexta-feira, relançou o livro que marcou sua trajetória como escritor no Colégio Flecha.
A “Noite dos Mascarados” é um romance policial juvenil, escrito por Rogério quando ele ainda era adolescente. A obra foi publicada pela primeira vez em 1983 e após 42 anos, ganhou uma nova edição comemorativa.
Na trama de mistério, acompanhamos uma investigação conduzida pelos personagens Olívia, Clara, Rodrigo e Inspetor França. Nela, o autor resgata as lembranças da sua juventude, o que transforma a narrativa em uma história afetiva.

Durante a tertúlia literária, o grupo de estudantes de 12 a 14 anos conversou com o autor sobre as histórias que produzem e os livros que gostam de ler. Também perguntaram sobre o processo de escrita de Rogério, suas inspirações na literatura e sobre a história de criação da “Noite dos Mascarados”.
Ele conta que não modificou a obra para adaptar ao Rogério dos dias de hoje, uma vez que seria possível perceber que ainda era um menino de 13 anos que falava através do livro. “Se eu tivesse atualizado o livro, seria uma história completamente diferente. O que eu quis foi honrar e celebrar a criança que fui”, relata o autor.

Marta da Conceição, diretora do Colégio Flecha, conta que foi um privilégio fazer parte da programação da FLIMARI e receber um autor como o Rogério. “Aqui no Colégio temos um trabalho muito intenso na área de literatura. Então, eventos como esse provocam mais ainda o desejo dos nossos alunos em relação à leitura e produção de histórias”, celebra a diretora.
Após falar de seu trabalho de criação do livro, Rogério também distribuiu exemplares autografados para os estudantes.
Identidade, memória e ancestralidade
Os estudantes da Escola Estadual Dom Benevides se encontraram com Andreia Donadon Leal e Laura Regina Gouvea na sede do Guarany na sexta-feira. Na ocasião as autoras puderam conversar com os estudantes sobre os seus lançamentos, Margot, de Laura Gouvea e Mestre Arouca visita a Câmara de Mariana, de Andrea Donadon.
O livro Margot, de Laura Gouvea conta a história de uma linda menina negra com cabelos cacheados cor de chocolate que se sentia triste por ser diferente e que desejava ser igual às outras meninas de sua escola. Com a ajuda da avó, a garota começa a refletir sobre o valor da sua beleza, o que faz ela mudar sua forma de pensar sobre o seu valor na sociedade. Durante a conversa a autora nos conta sobre a importância de falar sobre assuntos complexos como o racismo na escola como uma forma de enfrentar os preconceitos.

Andreia Donadon conversou com as crianças sobre as várias lendas da cidade de Mariana e contou um pouco sobre a história de Mestre Arouca e sobre Waldemar de Souza Santos, um dos responsáveis por popularizar a Procissão das Almas.
Lendas e assombrações na Casa de Cultura
A noite de sexta-feira (11) foi marcada por uma atividade especial: a Roda de Contação de Histórias de Assombração e Lendas, realizada na Casa de Cultura. O espaço foi escolhido de forma simbólica, por estar localizado nas ruínas da primeira casa de intendência de Mariana, construída em 1711.

“Ela está no sítio histórico, um patrimônio desta cidade, de Minas Gerais e do Brasil”, afirmou José Benedito Donadon Leal, presidente da Academia Marianense de Letras.
Escritores e participantes compartilharam histórias autorais e lendas da região.
Uma feira feita de encontros
Mais de 10 autores participaram da FLIMARI 2025, que também promoveu a valorização da literatura produzida na região dos Inconfidentes. O evento é organizado pela Academia Marianense de Letras, pela Academia de Letras, Artes e Ciências Brasil (ALACIB) e pelo Movimento de Arte Aldravista, com apoio da Prefeitura de Mariana.
A 2ª Edição foi realizada a partir do Edital Doce 2023 da Fundação Renova, que tem como intuito fomentar e apoiar projetos nas áreas de cultura, turismo, esporte e lazer. Em virtude do atraso, a 3ª Edição (parte do Edital de 2024) já acontece em setembro deste ano, com a presença de autores consagrados e a promoção de autores marianenses.
“O público leitor é formado nas escolas. Por isso, buscamos aproximar autores renomados e futuros escritores”, conclui Donadon Leal.
A 3ª edição da FLIMARI já está confirmada para setembro de 2025. No entanto, o 4º Edital Doce não será realizado, por não estar previsto no Acordo de Repactuação.


Jornalista, fotojornalista e contador de histórias. Cronista do cotidiano marianense.

Natural de Contagem (MG), Gustavo Batista é aluno do 6º período de Jornalismo da Universidade Federal de Ouro Preto