Editorial: Até quando esperar?

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Foto: Lui Pereira/Agência Primaz - Novembro/2020

5 anos!

1.826 dias!

43.825 horas!

2.629.500 minutos!

157.770.000 segundos

19 vidas ceifadas!

55 milhões de metros cúbicos de rejeitos de minério!

680 km de bacia hidrográfica afetados!

2,2 mil hectares de propriedades rurais inundadas e impedidas de produzir!

Números que assustam e assombram! 5 anos, e a reparação não foi concluída. 1.826 dias, e as famílias não foram reassentadas. 2.629.500 minutos de um sono agitado, de dores e gemidos. 157.770.000 segundos de espera, aflição e incerteza.

Até quando esperar?

Batalhas judiciais se desenrolam, num vai-e-vem de recursos, apelações, conversas, reuniões, reivindicações, sentenças e impunidade.

3 anos e quase 3 meses depois daquele fatídico dia 05 de novembro de 2015, nova tragédia se abate sobre as Minas Gerais, com o rompimento de outra barragem. Em Brumadinho, se os danos ambientais não foram comparáveis aos de Fundão, com requintes de crueldade a lama ceifou mais de 14 vezes o número de vítimas.

Até quando esperar?

Enquanto nos municípios planeja-se como gastar os bilhões de reais que se pretende receber da Samarco, Vale e BHP em tribunais internacionais, as famílias dos atingidos ainda não sabem quando serão reassentadas. Atrasos se sucedem a atrasos, bilhões de reais são gastos apenas para manter a estrutura criada para reparação e compensação dos danos causados.

Até quando esperar?

Mais 5 anos? Mais alguns milhares de dias? Mais alguns milhões de minutos e segundos?

Até quando esperar?

Talvez a resposta seja apelar para a letra da música da banda Plebe Rude, ainda no século XX: “Até quando esperar? / A plebe ajoelhar / Esperando a ajuda de Deus”. Mas deve-se considerar que os joelhos dos atingidos e atingidas, ao longo de toda a bacia do Rio Doce, já devem estar em carne viva, à espera da ajuda do Divino Deus, já que por parte dos homens, infelizmente, a espera parece não acabar nunca.

Até quando esperar?

(*) Luiz Loureiro é jornalista, graduado pela Universidade Federal de Ouro Preto, editor-chefe da Agência Primaz de Comunicação

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