Período Eleitoral
- Andreia Donadon Leal (*)
- 13/11/2020
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Já pensou em quem votar? Assistiu a entrevistas de candidatxs em lives, televisão ou leu os programas de governo? Parece que estamos livre de outdoors nas beiras de estradas, muros, faixas em terrenos baldios, pára-choques e nos vidros de carros! Em compensação, o que tem de posts em Whatsapp, Facebook, Twitter e outras plataformas de redes sociais…
Estamos no famigerado famoso período eleitoral! Sejam bem-vindos à época de discursos inflamados, alfinetados, oportunistas, promissores, açucarados, apelativos, enfadonhos, nervosos, com direito a uma péssima oratória! É isso, caríssimo eleitor. Vozes guturais que agridem os ouvidos. Já escutou pedaços de vidros sendo triturados por um liquidificador ou a rotação em alta velocidade de um disco de vinil arranhado? A Língua Portuguesa é difícil, repleta de curvas, faixas contínuas, declives, aclives, sinais verdes, amarelos e vermelhos que desrespeitados, poderão ocasionar acidente leve, moderado ou grave nos ouvidos. O nível do acidente linguístico dependerá do tempo em que candidatxs ficarem se debatendo com adversárixs ou respondendo às perguntas capciosas de repórteres e telespectadores, usando com eloquência e falso intelectualismo a linguagem; dando pequenas derrapadas em algumas frases, que às vezes, nos fazem rir, para não chorar de vergonha, desespero ou por falta de opção.
Pobres candidatxs que correm feitos loucxs pelas metrópoles e cidades interioranas, buscando votos; muitos usam máscaras, tiram máscaras (colocam máscaras, tiram máscaras, puxam máscara pra lá, pra cá) abraçam povo, dão tapas nas costas do povo, tomam café na casa do povo; fazem aglomerações. COVID em eleição? Papo furado?
Candidatxs com agendas lotadas, pés inchados, vozes roucas, sono comprometido. Celulares não param de tocar. Estômago azedo por excesso de cafeína, queijo e biscoito Maria. Sorriso constante no rosto, até na hora de dormir. Como um filme em projeção acelerada: ritmo alucinante e sem cortes. Vida dura; passagem de sangue, suor e lágrimas, na busca compulsiva pelo poder, sem deixar a energia se esmorecer. “É tudo o que eu quero: trabalhar pela educação, pela saúde, pelo meio ambiente, pelo saneamento básico, pelo trabalho, pelo progresso, pela vida, pelo povo!” Pobre povo que anda com a paciência no limite com esses políticos!
Hoje, a manhã está cinzenta, não só pelo tempo, mas pela fumaça das queimadas nas matas e por mais mortes por COVID. Não bastasse esse cenário deprimente, postagens nas redes virtuais difamando o oponente!
Nessa hora: compreensão, serenidade e muita paciência, para conviver com a pandemia em período eleitoral. Quanto sofrimento! O poder está nas mãos do eleitor. Vamos ler todos os programas de governo, avaliar a trajetória dos candidatos ou candidatas e pensar muito em quem votar. Eu sei que a vida está duríssima e que precisamos de esperança e candidatos e candidatas que farão a diferença na administração de uma cidade. Pensemos no COLETIVO, no crescimento dos cidadãos, afinal, votamos para quê? Para eleger representantes dignos, competentes e comprometidos com o bem-estar do povo, da vida e do país, e que saibam, pelo menos, o que é democracia e Estado Democrático de Direito.
(*) Andreia Donadon Leal é Mestre em Literatura pela UFV e autora de 16 livros; Membro efetivo da Academia Municipalista de Letras de Minas Gerais e Presidente da ALACIB-Mariana.
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