Está na hora de ajustar o Campeonato Brasileiro ao calendário europeu

Estou cansada de ver jogo do meu time. Quem mandou ganhar tudo e jogar todos os jogos dia sim e dia também?

Os textos publicados na seção “Colunistas” não refletem as posições da Agência Primaz de Comunicação, exceto quando indicados como “Editoriais”

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Calendário do Futebol Brasileiro - Reprodução/CBF

Outro dia eu estava conversando sobre a longa e cansativa temporada de 2020 que o Palmeiras teve. Talvez, por eu ser uma torcedora verde, eu esteja fechada com a ideia de que, realmente, foi uma árdua temporada para o eterno Palestra Itália.

Vamos colocar um pouco de dados agora. Eu adoro dados. Eles sempre ilustram tudo.

A temporada 2020 do futebol brasileiro ficou quatro meses paralisada em função da pandemia do novo coronavírus, e, por isso, extrapolou o calendário. Tirando o Palmeiras 2020, desde 1960, quando a Libertadores e o Mundial de Clubes foram criados, apenas outros dois times haviam disputados todos os jogos possíveis: Santos (em 1962, 1963 e 2011) e o Internacional (em 2010).

O Campeão Paulista, da Copa Libertadores e finalista da Copa do Brasil fechou a temporada 2020 com um total de 77 jogos, o máximo que poderia alcançar: 16 jogos no Paulistão, 8 da Copa do Brasil, 38 partidas no Brasileirão, 13 da Libertadores e mais 2 do Mundial.

Um outro exemplo seria o Flamengo de 2019, vou logo avisando que ele também foi campeão Estadual e da Libertadores, chegou às quartas da Copa do Brasil e fechou o ano de 2019 com 74 jogos disputados. Mas, o calendário daquele ano, não ficou paralisado por meses fazendo com que o time disputasse 5 jogos em 13 dias.

Para se ter uma ideia, o Palmeiras, em alguns casos, contou com um pouco mais de dois dias de descanso. Um exemplo: entre a derrota do alviverde para o Coritiba, 17/02, e o clássico contra o São Paulo, 19/2, marcado para 21h30, foram 50 horas de intervalo.

O mais revoltante nessa história é a opinião do Vice-Presidente da CBF. Em entrevista para à Rádio Bandeirantes, Francisco Novelletto deixou claro que, para ele, a frequência de jogos das equipes não é um problema, afinal, quem mandou ganhar tudo?

“Quem mandou querer ganhar tudo? Vê se o presidente do Palmeiras abre mão. Ele não é obrigado a jogar, mas quer ganhar. Pode abrir mão, não é obrigado. Quer fazer caixa, ganhar prêmio da CBF, de quem patrocina os campeonatos”.

Sim, foi exatamente isso que Novelletto quis dizer. Se o Palmeiras está cansado de jogar muito e com pouco descanso, a culpa é do próprio time que quis ganhar    todos os jogos.

Chega a ser triste ter uma confederação que faz piada assim. Que não entende a necessidade de recuperação física e que debocha quando um time se sobressai e acaba ganhando tudo.

Mas, qual seria a solução? O que poderia ser feito? Basta apenas ficarmos indignados? A culpa foi mesmo do Palmeiras?

Depois da discussão sobre isso na roda de bar que não era bar – fiquem em casa, estamos em pandemia, eu não consegui chegar a uma conclusão ou uma solução. Até comentei sobre mudar o calendário de jogos brasileiros pelo modelo europeu, mas não sei se concordo com isso.

No mais, o novo coronavírus é culpado pela temporada 2020 acabar depois da de 2021 já ter começado.

(*) Luiza Boareto é jornalista formada pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), comentarista profissional de programas de TV e apaixonada por esportes. Espero que “o teu desejo seja sempre o meu desejo”. Mas se não for, é culpa do meu sol em Leão

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