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Hoje é domingo, 6 de outubro de 2024

Atingidos de Antônio Pereira reclamam da falta de estrutura em casa onde foram realocados

Passado quase um mês da mudança, móveis permanecem desmontados e objetos extraviados não tiveram reposição

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Natália mostra o quarto que serve de depósito para os móveis desmontados - Foto: Lui Pereira/Agência Primaz

Mesmo após a mudança de famílias que residiam nas zonas de autossalvamento (ZAS) da Barragem Doutor, em Antônio Pereira, alguns atingidos ainda não encontraram sossego. Passado quase um mês, móveis continuam desmontados, fios expostos, cômodos não tem instalação de luz e acordos são descumpridos pela Vale. Família acredita em perseguição da mineradora.

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Natália Aparecida fez sua mudança no dia 19 de abril, mas ainda guarda suas roupas em caixas de papelão, isto porque a Vale ainda não enviou ninguém para montar seus móveis que há quase um mês estão encaixotados em um dos quartos da casa. Além disso, a atingida alega ter apontado antes mesmo de sua mudança, os problemas que persistem até hoje.

A atingida alega que alguns de seus pertences foram extraviados durante a mudança, “perdi tapetes, um grande e quatro pequenos, pergunto e ninguém sabe me falar onde está. Perdi três jogos de panela que ganhei de casamento, com tampas de vidro, perdi três tênis do meu menino e ninguém sabe onde foi parar, falaram que iam me reembolsar, mas até agora não recebi nada. No dia tiveram 4 mudanças ao mesmo tempo, então não sei se teve confusão e colocaram minhas coisas no caminhão errado, mas até agora só tive perdas, não tive solução nenhuma”, reclama.

A assessoria de comunicação da Vale afirma que “[as casas] são entregues [às famílias] após reforma e limpeza. Caso haja alguma avaria nos bens das famílias durante a mudança, elas podem recorrer à empresa, que fará a análise do caso e o ressarcimento com itens de valor igual ou superior ao do item danificado”, a atingida, entretanto, afirma que a casa não foi entregue a sua família com todos os reparos que deveriam ser feitos. Na casa existem fios expostos, locais sem iluminação e outros sem estrutura necessária, como é o caso de um banheiro que não conta com pia.

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Natália afirma que apesar de procurar atendimentos nos canais disponibilizados pela mineradora, ela não conseguiu uma solução efetiva para os problemas relatados, “eu tenho uma filha pequena, esses dias encontrei ela brincando próximo à esses fios expostos aqui, a gente tem medo dela se machucar”. A Vale por outro lado alega que “todo o processo de evacuação e adaptação das famílias é conduzido com diálogo e relacionamento constantes, por meio da equipe de Relacionamento com a Comunidade (RC), que está sempre disponível e dedicada exclusivamente para atender as demandas das famílias locais.

A dificuldade de adaptação ao novo lar passa também pela mudança nos modos de vida de Natália e sua família, “minha mãe morava no mesmo lote que eu, hoje ela mora longe de mim, não temos mais esse contato próximo. Meu filho está deprimido desde quando nos mudamos para Mariana, ele sente muita falta da égua dele que foi levada pra fazenda da Vale”, afirma. O que a moradora deseja é voltar para perto dos amigos e vizinhos, “A gente quer morar de novo no Pereira, somos cria de lá, nossa família é do Pereira e a gente quer ficar lá”.

Sobre a saúde mental dos atingidos, a Vale afirma que “Os moradores são acompanhados pelos profissionais do Programa Referência da Família, recebendo acompanhamento psicossocial”, entretanto, de acordo com Natália, não há uma proximidade ou uma prestação correta dos serviços acordados entre os atingidos e a mineradora: “Parece perseguição com a nossa família, a gente se sente muito perseguido, os prazos para nós é sempre esticado, minha mãe já se mudou há mais de um mês do Pereira e até hoje não recebeu o dinheiro que eles disseram que ela receberia logo após a mudança, a gente tá cansado desse desrespeito, a única coisa que nós queremos é respeito”, finaliza.

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