Yasmine Feital/Agência Primaz
Os casos de dengue em Minas Gerais continuam crescendo. No período de janeiro a abril, o estado já calculou 247 mil casos prováveis de dengue (que envolvem suspeitos e confirmados). No ano passado, neste mesmo período, a soma era de 16 mil. O número também supera a computação feita durante a época de epidemia da doença viral em 2010, com 1.102,7 por dia, contra 1.219,6 hoje. Em Minas, ao menos 40% dos municípios estão em situação de epidemia.
A dengue, considerada uma doença febril aguda, é transmitida pelo mosquito Aedes Aegypti, que se desenvolve em áreas tropicais e subtropicais. Em Mariana, a Secretaria Municipal de Saúde vem promovendo campanhas de conscientização sobre a doença, além de distribuir materiais de orientação que tiram possíveis dúvidas sobre o assunto e realizar ações de varredura.
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De acordo com o secretário Danilo Brito, “já são 152 casos [de dengue] confirmados em Mariana”. Ele ainda afirma que há uma certa dificuldade, constatada pelos (as) vigilantes, em entrar nas casas dos marianenses, mas que “85% a 90% dos casos tá dentro da residência das pessoas”. Por isso, o trabalho não deve ser realizado somente pela secretaria, e sim em uma ação conjunta aos cidadãos.
O secretário considera baixo o número de casos na cidade quando comparado aos casos computados em outras, como em Belo Horizonte e Contagem, o que “não significa que estamos em uma zona de conforto”, diz. De acordo com o boletim divulgado pela Secretaria de Estado de Saúde (SES), no dia 21, a dengue já deixou 49 mortos no estado, sendo o maior número de mortes registrado em Betim (10) e Uberlândia (9).
Outros possíveis motivos para o surto:
Segundo o relatório da Fundação Fiocruz, lançado no dia 1º de fevereiro deste ano, é possível que o rompimento da barragem em Brumadinho tenha influenciado no surto de dengue no estado. Isso porque, depois do crime, houve um corte no abastecimento de água na cidade, fazendo com que as pessoas guardassem água em tambores.
Outra explicação é a morte do rio Paraopeba, que foi extremamente afetado pelo rompimento na Mina de Feijão. Em uma entrevista dada ao portal Brasil de Fato, José Geraldo Martins, militante do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), dá uma ideia das condições atuais do rio. “As populações ribeirinhas encontram tamanduás, muitos macacos e cachorros mortos. Ao mesmo tempo, você não ouve o coaxar de nenhum sapo, você não vê peixe. E são os peixes, sapos e alguns insetos que fazem o controle da população de Aedes Aegypti, porque eles se alimentam das larvas do mosquito”, afirma José.