Globo de Esquerda
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No segundo episódio da temporada Lendas Urbanas, vamos desmistificar mais uma ilusão da sociedade brasileira: a tal ‘Globo de esquerda’.
Com o bolsonarismo vigente, a Rede Globo passou a ser considerada por setores da sociedade como uma força de esquerda. Ilusão que nem doce é. Na verdade, amarga que só.
E como pode, o partido mais centralizado do setor financeiro, ser considerado de esquerda? Sim, a história do Grupo Globo, de Roberto Marinho, se mistura com a história política do Brasil.
Detentora de um monopólio, a Globo participou ativamente do regime militar – sendo cúmplice e estimuladora. A Globo foi a pedra fundamental para os interesses de Sarney (presidente de direita!). Foi também ponto chave para as fortes reformas de privatizações de Fernando Henrique Cardoso. E mais recentemente, pariu o Golpe da Dilma e as reformas – trabalhista e da Previdência.
Atividades que atendem o mercado, o sistema financeiro, o grande capital. O partido da Globo.
Pois bem. Precisamos construir uma linha do tempo para entender este movimento – como pode o maior partido do mercado financeiro brasileiro ser taxado, hoje, por parcela da sociedade, um veículo de esquerda. Como isso aconteceu?
Primeiro, vamos falar de patrimonialismo e a lógica da “corrupção dos tolos”. É assim: num certo momento da história recente, a Globo pariu a Lavajato. Depois do parto, o combate a corrupção se tornou uma bandeira da classe média brasileira. O Brasil, quebrado e corrupto, elegeu a sua nova forma de opressão: a corrupção.
Como pretexto e título de exemplo (entre tantos exemplos): a isenção fiscal do Banco Itaú é infinitamente maior (em cifras) do que o dinheiro recuperado na Lavajato. Só que mesmo assim, o Partido Globo vendeu a ideia da corrupção. E infelizmente, o brasileiro classe média decidiu comprar a ideia.
Um segundo ponto: o futebol e a presidência! Sim … tem tudo a ver. E a Globo disputa os dois cargos. O monopólio privado de Roberto Marinho privatiza a política e o futebol. Primeiro, faz da CBF um braço da Globo. E faz do futebol, uma força privatista. No contexto bolsonarista na presidência, a Globo se aproveita para dispersar o vilão mercado, fazendo uma ‘falsa luta ao bolsonarismo’. Isto é, batendo em Bolsonaro, e apoiando Paulo Guedes.
A mesma força do mercado, que alimenta o bolsonarismo, alimenta a Globo. Os dois querem a Reforma da Previdência. E os dois querem a privatização da Eletrobrás.
E como a Globo, tão ligada aos interesses da Direita brasileira, é vinculada a esquerda? A explicação pode ter um nome: despolitização. Quando esse fenômeno cresce no centro da política brasileira, como de alguns anos pra cá, aparecem os gestores técnicos (falado na coluna passada) e um amontoado de ‘mentiras deslavadas’.
Quando colocaram “eu não gosto de política e não vejo Globo” na mesma frase. Aí está o ponto. Mesmo dentro da política, a Globo também não parece gostar muito de política. Gosta mesmo é de dinheiro. E poder. Por isso elege os ‘liberais eleitos’.
Amante da ditadura, pai de Sarney, articulador das privatizações e aliado da Reforma da Previdência. Esse é o Grupo Globo.
Para fechar, uma frase do grande chefe que O GLOBO já teve em sua história. Roberto Marinho. Não faz falta nenhuma. Segundo Paulo Henrique Amorim (esse sim, faz muita falta ao jornalismo brasileiro), citou algumas palavras dos bastidores do Jornalismo da Globo em meados da década de 90.
“Eu não quero preto e desdentado aparecendo no meu jornal” – Roberto Marinho.
Não me venha com essa, Globo. Você é de direita.
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