- Ouro Preto
Ouro-pretanos fazem passeata contra a privatização da água e pedem Fora, Saneouro
Manifestantes tentam pressionar vereadores enquanto CPI da Saneouro avança na Câmara Municipal de Ouro Preto
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A família de Alair José mora no Caminho da Fábrica e o manifestante disse que caminhava como protesto aos altos preços cobrados pela Saneouro. “A nossa manifestação é por causa dos preços absurdos cobrados pela Saneouro. Estamos aqui todo mundo usando máscara, em uma manifestação tranquila. O nosso objetivo é que a Saneouro reduza as tarifas dela e nós contamos com o apoio de todos os políticos, dos vereadores, que possam nos apoiar porque juntos somos muito mais fortes”.
Já Érica Pereira mora na Barra e diz que não é possível separar as pautas locais das nacionais. A manifestante explicou porque é “Fora, Saneouro” e também “Fora, Bolsonaro”. “Estou aqui alinhada às pautas nacionais, contra as tentativas de privatização, de venda para o capital internacional, como as vendas da Petrobras e dos Correios. A privatização da Saneouro é a expressão máxima disso. Por aqui eu estou ‘Fora, Saneouro’ e ‘Fora, Bolsonaro’”.
Sérgio Neves, presidente da Associação dos Servidores da UFOP (Assufop), também apoiou a manifestação. “A gente está vendo uma política de privatização em Ouro Preto e, agora, de privatização da água, que é um bem do povo, da natureza. O nosso povo sofre muito com as questões financeiras, a maioria do povo desempregada e o sindicato Assufop não pode ficar alheio a isso. Nós não podemos aceitar que seja colocado nas costas do povo mais um encargo, já que nós já pagamos os nossos impostos, e não há necessidade de privatização”. Sérgio defendeu um modelo público de gestão do saneamento em Ouro Preto. “[Defendo] que haja um modelo de administração pública da própria prefeitura, como o SEMAE antes, que a gente até pague uma taxa, mas que a gente saiba que ela vai ficar aqui no município e que vai ser utilizada pela prefeitura para o bem do povo.”
Um dos organizadores do protesto foi o Comitê Popular de Saneamento de Ouro Preto. Marcos Calazans, membro do comitê, defendeu a mobilização. “A população de Ouro Preto tem que começar a se levantar em cada bairro, como o exemplo da Vila Aparecida e do Pocinho, comunidades que enfrentaram e expulsaram a Saneouro. Essa manifestação tem o objetivo de demonstrar que o povo de Ouro Preto está unido e organizado”.
Marcos Calazans ressaltou a participação de representantes de diversas regiões do município de Ouro Preto. “Aqui hoje tem representações de vários bairros da cidade, como Morro São Sebastião, Córrego Seco, comunidades do entorno do centro, e dos distritos também, como Santo Antonio do Leite, Cachoeira do Campo e Antônio Pereira. Todos desceram em passeata e vieram demonstrar que não vão aceitar a Saneouro. É o primeiro de uma série de atos que vão acontecer até que a empresa saia da cidade”.
A passeata foi a primeira manifestação desde que a CPI da Saneouro foi instalada na Câmara de Ouro Preto. Nesta quarta-feira (14), está prevista a primeira audiência para oitiva de testemunhas e o primeiro convocado foi Cléber Salvi, superintendente da Saneouro. A sessão está prevista para ter início às 13h.
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Polêmica dos hidrômetros
Após uma intensa discussão nas redes sociais sobre um suposto dano provocado pela Saneouro ao patrimônio histórico, a prefeitura de Ouro Preto suspendeu a instalação dos hidrômetros no centro histórico da cidade. A prefeitura também informou que está aplicando multas na companhia, a cada irregularidade constatada.
Em nota, a Saneouro informou que, “para iniciar as obras de hidrometração do Centro Histórico de Ouro Preto a SANEOURO apresentou projeto de execução que foi avaliado e autorizado pelo IPHAN e pela Secretaria de Cultura e Patrimônio do Município. Entre as recomendações foi acordado o envio de um relatório fotográfico quinzenal com imagens de antes e após a hidrometração, ação esta que estava sendo cumprida desde o início dos trabalhos”.
A nota diz ainda que, “atendendo a recomendação da secretaria de Patrimônio e Cultura, a SANEOURO contratou na semana passada um escritório Especializado em Patrimônio que vai analisar todos os documentos emitidos pela Defesa Social, assim como acompanhamento dos serviços de instalação de hidrômetros”.
A companhia diz também que “reconhece e respeita o valor histórico da cidade e não mede esforços para que as características do patrimônio histórico sejam mantidas. A SANEOURO ressalta a importância da instalação do hidrômetro para o município, permitindo o consumo consciente e atitudes de sustentabilidade por toda população. Diversos investimentos estão sendo realizados para que Ouro Preto seja também um Município referência atento às leis de saneamento, como o marco regulatório”, informou, em nota, a Saneouro.