Luiz Loureiro/Agencia Primaz
A palavra inglesa “walkover”, em tradução livre, pode ser entendida como “vitória fácil”. Vem daí o uso da sigla WO, muito utilizada nos esportes, para designar a vitória atribuída a uma equipe ou competidor individual, quando não há adversário ou ele está sem condições de participar da disputa.
Em Mariana, o primeiro dia de disputas da etapa microrregional dos Jogos Escolares de Minas Gerais (JEMG) foi marcado pela não realização de 8 das 21 (38%) partidas programadas nas modalidades de futsal (feminino), handebol (masculino) e voleibol (masculino e feminino). Segundo informações obtidas junto à coordenação do JEMG, algumas das equipes que não compareceram sequer conseguiram completar as etapas de credenciamento dos atletas, mas também houve casos em que a situação financeira dos municípios impediu o deslocamento dos estudantes-atletas. Com isso, no segundo dia da competição (terça-feira, 30), 6 das 21 partidas programadas foram canceladas.
Um caso de desclassificação, em especial, chamou a atenção. A equipe feminina de futsal da Escola Municipal Manoel Salvador de Oliveira (Itabirito) chegou atrasada para a partida contra a Escola Estadual Coronel Nicolau Sampaio (Diogo de Vasconcelos), válida pelo módulo I (atletas com idade entre 12 e 14 anos). Em manifestação em uma rede social, o prof. Alex Rodrigues lamenta o ocorrido e, em tom emocionado, revela sua ” indignação com a falta de responsabilidade e respeito das autoridades responsáveis”, manifestando sua esperança que “alguma coisa seja feito para pelo menos amenizar as perdas ocasionadas a nossa Equipe”, em função do veículo disponibilizado para transportar as estudantes, agendado para estar na escola às 6 da manhã de segunda-feira (29), só ter chegado às 9h20min, causando um atraso de mais de uma hora em relação ao horário previsto para o jogo (9h30min). Na postagem o prof. Alex diz temer a possibilidade de suspensão de dois anos por não ter comparecido ao local de jogo na hora marcada., mas fomos informados pela coordenação do JEMG que isso não acontecerá, uma vez que foi aceita a justificativa apresentada pela escola.
Não foi esse o caso da Colégio Flecha. Já no primeiro dia da competição a equipe de handebol masculino (módulo I) não havia comparecido para a partida contra a E.M. Manoel Salvador de Oliveira (Itabirito). Já a equipe de voleibol feminino (módulo I) foi punida com desclassificação na tarde de terça-feira (30), por ter comparecido à partida contra a equipe do Colégio Arquidiocesano (Ouro Preto) com número de atletas inferior ao mínimo previsto no regimento. Como o Flecha é de Mariana, e não depende de transporte para participar da competição, a desclassificação foi atribuída à falta de comprometimento de algumas atletas, segundo comentário de um membro da organização do evento que pediu para não ser identificado. No módulo I do voleibol feminino, apenas as equipes do Flecha e do Arquidiocesano estavam inscritas, o que reduziu a disputa de medalhas a uma melhor de três partidas. As meninas do Arquidiocesano haviam vencido a primeira partida por 2 sets a zero e, com a desclassificação do Flecha, ganharam as medalhas e a classificação para a etapa regional disputando apenas uma partida.
O técnico da equipe, Gisângelo Machado, conhecido como Tim, considera que é ruim quando 2 ou 3 cidades da pequena microrregional (composta por apenas 5) não podem participar. “Quando a gente vai passando para as etapas seguintes, isso vai implicar em falta de ritmo de jogo, falta de sequência, que interfere lá na frente”, lamentou o professor. A saída, segundo Tim, seria fazer uma revisão do formato da competição para reforçar determinadas modalidades de esportes especializados. “De repente trazer duas equipes de cada cidade”, sugeriu.
A despeito disso, Tim revela que as meninas não se desmotivam por isso e que já vem trabalhando com ele desde os 9 anos. “Mas elas dependem dos jogos escolares para ter volume de jogo”, diz o professor, acrescentando que na etapa regional o nível é mais alto.
As desclassificações afetaram 9 das 21 partidas previstas para o feriado de 1º de maio, inclusive esvaziando quase que totalmente a Arena Mariana, onde somente 2 jogos foram disputados. Às 9 horas, a E.E. Engenheiro Queiroz Júnior (Itabirito) derrotou a E. E. João Ramos Filho (Mariana) por 33 a 31, tornando-se campeã do módulo II de basquete masculino e garantindo lugar na regional de Pitangui. No outro jogo, a E.E. João Ramos Filho derrotou a E.E Ouro Preto no voleibol masculino (módulo II), com parciais de 25×15 e 25×14, conquistando o direito de participar da etapa regional somente com esse jogo, em virtude de desclassificação da E. E. Padre Simim (Acaiaca).
