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Notícias de Mariana, Ouro Preto e região
No célebre poema de Carlos Drummond de Andrade, a pedra é um obstáculo ao percurso. Mas, mesmo sem tornar explícito, o poeta relembra o acontecimento e dá a entender que o caminho foi percorrido, mesmo a despeito da dificuldade.
Uma pedra apareceu em nosso caminho, causando transtornos e impedindo nosso intuito de disponibilizar diariamente o jornal primaz, notícias e colunas de opinião desde o dia 2 de abril. Persistimos e, considerando que os percalços tenham sido superados, assumimos hoje a retomada do percurso, agradecendo a todos e todas que se dispuseram a nos apoiar, incentivar e mesmo fazer testes de estabilidade de nosso site.
Aproveitando o título deste editorial, achamos conveniente comentar alguns acontecimentos ocorridos em mariana nas últimas 3 semanas. Primeiramente, em tom considerado alarmista por seus opositores políticos, o prefeito Duarte Júnior decretou estado de calamidade financeira no município. Para seus correligionários, a medida foi prudente e necessária.
Uma semana depois, exatamente na manhã do dia que pretendíamos fazer o lançamento da Agência Primaz de Comunicação, Duarte Júnior revoga o decreto, confiando em uma promessa da Vale de transferir recursos em valor suficiente para garantir a continuidade dos serviços considerados essenciais. Podemos considerar que, de certo modo, foi promovida uma retomada do percurso, em termos da continuidade dos projetos e ações sob responsabilidade.
Assistimos, novamente, a uma divisão de opiniões, com aplausos e críticas à condução do assunto. Teria sido o prefeito leviano por “blefar” e, até mesmo, tentar provocar uma reação do poder judiciário, na tentativa de torná-lo corresponsável pela queda de arrecadação? Ou, realmente preocupado com os interesses da população, de maneira fortuita teria atirado no que viu e acertado naquilo que não viu?
E quanto à falta de definição e de acerto documental dos repasses prometidos pela vale? Ele afirma, categoricamente, que o compromisso será honrado e que tudo depende agora dos estudos que estão sendo concluídos sobre o valor da necessidade da administração. Faria bem o prefeito se acelerasse esse processo para dissipar todas as dúvidas que só alimentam a intranquilidade da população.
De tudo isso ainda fica o questionamento se estamos efetivamente nos preparando para conviver com situações adversas e se temos condições, e principalmente vontade, de aumentar nossos esforços para diminuir nossa dependência dos impostos oriundos da mineração.
Em outro aspecto, os acordos e compromissos firmados no sábado, dia 13, em solenidade ocorrida na Igreja de Nossa Senhora do Carmo (e que começou com quase 2 horas de atraso), também apontam para uma possível retomada de percurso, tanto em termos de preservação de nosso rico patrimônio histórico e cultural, quanto da abertura de uma trilha que possa colocar a cidade em um caminho de aproveitamento de seu imenso potencial turístico.