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Hoje é sábado, 23 de novembro de 2024

Derrubada de ipê revolta moradores do Jardim dos Inconfidentes em Mariana

Vizinhança reclama da ausência de áreas verdes no bairro

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Árvore cortada nesta semana era mais antiga que os prédios ao redor - Foto: Lui Pereira/Agência Primaz
Ontem(21), dia da árvore, o bairro Jardim dos Inconfidentes amanheceu com uma grande árvore a menos na vizinhança. O ipê branco existia no local antes mesmo dos prédios da redondeza. Após décadas, a árvore foi removida para abrir espaço para a construção de mais um prédio. Além do Ipê, outras duas árvores foram suprimidas, uma leucena e uma mangueira.

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Moradores relatam que na segunda-feira(20), já no período da noite, por volta de 19:30, começaram a ouvir sons de machadadas no terreno onde existia a árvore. A partir de então foram várias as tentativas para tentar preservar a árvore. “Nós tentamos ligar na polícia ambiental, tentamos ligar na guarda municipal ambiental, mas chegaram aqui já a noite, a gente ficou sem ter pra quem recorrer, tentamos chamar a polícia, mas eles também não vieram e no desespero o pessoal da vizinhança começou a gritar, tentamos fazer com que eles fossem embora, mas aí chamaram a polícia e eles vieram para dar cobertura para o pessoal cortar”, relata Maria Elisa, uma das vizinhas do ipê.

No último dia 8 foi o primeiro dia que tentaram cortar a árvore, removeram primeiro a mangueira e em seguida a vizinhança conseguiu suspender a remoção do ipê naquele dia. Após o ocorrido, os moradores buscaram o MP para tentar suspender a decisão da Secretaria Municipal do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SEMMADS) que autorizava a remoção. O procedimento não foi instaurado pois o terreno não é área de reserva e pertence ao perímetro urbano (cabe ao poder municipal e conselho municipal tutelar e  considerar o clamor/interesse comum).

Fernanda, outra moradora da vizinhança lembra que o bairro, famoso por ter ruas com nomes de plantas, tem poucas áreas verdes e a remoção das árvores para a construção de mais prédios podem deixar o clima ainda mais seco e tirar a luminosidade da vizinhança.

Outro questionamento foi a forma como o ipê foi cortado, o horário que ocorreu e a falta de comunicação prévia, o que afeta tanto a segurança da vizinhança, quanto coloca as suspeitas sobre a ação: “Agiram em prol de uma minoria que tira vantagem às custas de injustiças, e além de ignorar e ridicularizar a opinião pública agem na calada da noite, acham que  as sombras acobertam quase tudo”.

Em memória do ipê, um morador anônimo escreveu um poema/obituário em homenagem à árvore que junto com a mangueira traziam frescor, embelezavam, atraíam aves e alegravam a vizinhança que é tomada por prédios:

MORREU na noite de hoje, dia 20 de setembro, por volta das 19:30, um dos mais antigos moradores do bairro Jardim Inconfidentes. Na calada da noite, onde todos os gatos são  pardos, onde os olhos não  podem ver o acórdão  dos injustos e onde a decisão final, nestes termos, parece sempre ser marcada por acordos escusos, morreu nosso Ipê. Ao que tudo indica, tombou frente a ganância. Não  fosse assim, porque teria sido assassinado à  noite? MORREU nosso IPÊ  BRANCO. Tombou, e gritou de uma só  vez, quando caiu… mas foi ignorado. Não  encanta mais… não embeleza mais… não testemunha mais a grandeza do Criador… apenas, morto, atesta a ganância  da criatura. Vão  dizer que tinham autorização. Não duvido! O que ainda torna pior a situação!

Ah, como eu queria  que este Ipê tivesse alma e assombrasse o sono de quem o fez tombar, com máquinas  ou com autorizações  executadas na calada da noite. Que não os deixassem dormir! Mas agora ele jaz e nós, atônitos, sem ter mais o que fazer!

Autor (talvez) não identificado!

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O motivo alegado para a remoção das árvores é a construção da sede própria da Associação dos Servidores Municipais do Município de Mariana e a autorização para a remoção foi assinada pela secretária interina da SEMMADS, Denise Coelho de Almeida. Em nota, a Prefeitura Municipal de Mariana afirma que: “A autorização para a supressão foi emitida tendo em vista que o local onde a árvore se encontrava inviabilizava a execução da obra para a implantação da sede da associação. A condicionante imposta na emissão da autorização é o plantio de 10 novas mudas de árvores nativas em uma área verde do município”. Além dessas condicionantes, a ASSEMAR deverá plantar duas árvores no espaço externo da construção, logo após a conclusão das obras.

Tentamos contato com a ASSEMAR para questionar sobre o projeto, sobre os motivos que impediam a coexistência do edifício com as árvores e sobre prazos de execução da obra ou quais as árvores que seriam plantadas tanto na área externa à nova sede quanto nas áreas verdes do município, mas até o momento não conseguimos retorno.

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