Com inúmeras ocorrências de queimadas por semana, moradores de Itabirito relatam descaso das autoridades

Prefeitura Municipal alega falta de pessoal para fiscalização e não informou número de multas

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Poucas chuvas, umidade relativa do ar atingindo níveis considerados alarmantes e inúmeras ocorrências de queimadas provocam uma sensação de preocupação unida à impunidade, na população de Itabirito.

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Diversas ocorrências de queimadas relatadas são identificadas em alguns pontos já conhecidos, tanto pela população quanto pela Brigada Municipal dos Bombeiros.

Porém, em contato com a Prefeitura Municipal, que reconhece a recorrência nas localidades e afirma a identificação de alguns autores, ela se omite sobre informar quantas multas foram aplicadas até o momento.

Fiscalização preventiva não é realizada

Apesar da recomendação de que a população denuncie a presença de infratores promovendo queimadas em matas ou loteamentos, a prefeitura municipal não realiza nenhum tipo de fiscalização preventiva a fim de evitar a promoção de queimadas, que além de ocasionar danos patrimoniais, causa enorme danos à saúde da população.

Em nota, a prefeitura informou que “considerando o baixo efetivo, atualmente não é possível a manutenção dos postos fixos de fiscalização”.

Além disso, não foi informado se a guarda municipal ou fiscais da própria prefeitura e secretaria do meio ambiente fazem ronda de prevenção e identificação de autores.

População relata descaso

Em um grupo no Facebook, com mais de 20 mil participantes, vários relatos foram feitos por moradores de diversas localidades que são prejudicados pela promoção de queimadas.

Em sua grande maioria, é cobrada a fiscalização preventiva e a presença dos bombeiros, que algumas vezes não conseguem comparecer até os locais pelo número excessivo de ocorrências.

Além disso, não foi informado se a guarda municipal ou fiscais da própria prefeitura e secretaria do meio ambiente fazem ronda de prevenção e identificação de autores.

Grupo de moradores do Bação atua de forma independente

Há cerca de 4 anos, moradores de São Gonçalo do Bação atuam, de forma independente, no combate a queimadas na região.

Cerca de 10 pessoas fazem parte do grupo, que não conta com nenhum tipo de incentivo público, e fazem as ações como forma de proteger propriedades e pousadas da região que, comumente, são alvo de queimadas.

Uma das participantes do grupo, Ísis Luna Matos, relatou que em todas as vezes os bombeiros são acionados para o combate às chamas, porém em diversas situações não conseguem atender as ocorrências.

“Os bombeiros nessa época do ano não conseguem atender todos os chamados e, quando é a noite, menos ainda, pois não é recomendado combater fogo a noite”, como foi o caso da última ocorrência próxima a uma pousada, no distrito de São Gonçalo do Bação.

Brigadistas lutam contra o fogo em São Gonçalo do Bação

Além do trabalho de combate às chamas, o grupo ainda realiza atuação após o fogo ter sido cessado, no resgate de animais, e contam com a ajuda da ONG Vida Animal, que costuma receber os bichos para tratamento.

O grupo conta com a presença de uma médica veterinária que faz esse resgate.

Isis conta ainda que o grupo, que não possui muitos recursos, procura criar os próprios instrumentos para as atuações. Eles pretendem criar um coletivo para captação de mais recursos e angariar voluntários.

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Fogo no alto do Cristo

Idacy Simões entrou em contato com a reportagem para informar as frequentes ocorrências de fogo no alto do Cristo.

Ela é moradora da região e relatou que, de agosto até o momento, presenciou quatro grandes queimadas no local, nem todas com a presença dos bombeiros. Em algumas oportunidades, as ligações não foram atendidas, além da justificativa de problemas no caminhão.

Ela ainda diz que, na mesma região, por ter muitos lotes e área verde, queimadas são frequentes, chegando a 3 por semana.

Omissão da Prefeitura com relação informação a dados

A Agência Primaz solicitou os números de aplicação de multas. A administração pública informou que, de 1 de janeiro deste ano até o último dia 14, foram recebidas 32 notificações e 4 autos de infrações na secretaria do meio ambiente, que deve acionar os infratores. Sobre a aplicação dessas multas, com o valor de cerca de R$1.300,00 não obtivemos retorno de quantos teriam sido devidamente aplicadas ou se há registro de aplicação.

Mais uma vez a Prefeitura de Itabirito emitiu nota pedindo a compreensão da população com relação ao trabalho dos bombeiros.

Nossa reportagem questionou se existe alguma possibilidade de aumento no número de brigadistas, instrumentos e caminhões para a contenção de queimadas. Também não obtivemos resposta. O secretário do Meio Ambiente foi acionado para dar esclarecimentos, mas não se manifestou.