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Hoje é sábado, 23 de novembro de 2024

Trabalhadores da Univale paralisam atividades pelo segundo dia seguido

PARALISAÇÃO POR TEMPO INDETERMINADO. Motoristas reivindicam melhores condições de trabalho, pagamento de horas extras e a readmissão dos trabalhadores demitidos.

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Dezenas de ônibus da Univale estão há dois dias sem levar trabalhadores para as minas da Vale. Foto: Lui Pereira/Agência Primaz
Dezenas de ônibus da Univale estão há dois dias sem levar trabalhadores para as minas da Vale. Foto: Lui Pereira/Agência Primaz
Por dois dias seguidos (14 e 15), motoristas da empresa Univale deixaram de levar trabalhadores para pelo menos quatro minas administradas pela Vale: Fazendão, Alegria, Timbopeba e Fábrica Nova tiveram as atividades comprometidas em função do movimento grevista que, até a manhã de hoje, diz que não foi ouvido nem pela empresa, nem pelo Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários de Ouro Preto (STTROP), que representaria a categoria. O sindicato dos rodoviários não reconhece o movimento grevista e a Univale afirma que a mobilização é “totalmente ilegal”.

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O movimento pacífico se concentrou nas proximidades da pirâmide na Vila Antônio Pereira e teve o apoio do Sindicato Metabase Inconfidentes e da Central Sindical Popular Conlutas. As reivindicações são de melhores condições de trabalho, aumento do valor do vale alimentação, pagamento de horas extras, locais adequados de descanso nas minas e a readmissão dos três funcionários demitidos em função da paralisação ocorrida ontem.

Wanderson Epifânio, presidente do STTROP é acusado de pelegagem pelo movimento grevista, já que não apoiou a paralisação e não teria encaminhado as reivindicações dos trabalhadores à empresa. Três motoristas com cargo na Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA), foram demitidos por justa causa após participarem do movimento grevista na quinta. Acontece que os cipeiros, como são conhecidos, tem estabilidade empregatícia por até um ano após deixarem o cargo na comissão, justamente para evitar que haja perseguição patronal sobre os trabalhadores que têm como objetivo melhorar a qualidade de vida e saúde dos trabalhadores.

Um dos motoristas demitidos, Hebert Junior Moreira, explica em função da pandemia os motoristas passaram a ser responsáveis pela higienização dos veículos e além disso não existe um local adequado para o descanso dos trabalhadores nas minas, principalmente entre as “pegadas”, gíria designada pelos motoristas para se referir aos turnos de trabalho que geralmente são fragmentados durante o dia para evitar o pagamento de horas extras. Uma das reivindicações é o fim da “terceira pegada”, que seria o turno final já no fim da tarde.

Motoristas pedem aumento de 8% e fim da 'terceira pegada". Foto: Lui Pereira/Agência Primaz
Motoristas pedem aumento de 8% e fim da 'terceira pegada". Foto: Lui Pereira/Agência Primaz

Hebert explica que em um dia comum o motorista faz até duas pausas não remuneradas que podem durar mais de duas horas. Em geral, os motoristas chegam na mina com os trabalhadores e logo são obrigados a fechar o cartão, reabrem pouco antes da hora do almoço para a “segunda pegada” e, após outro fechamento pós-almoço, o cartão é reaberto no fim da tarde para o retorno dos funcionários. Os momentos de pausa entre pegadas não são contabilizados como horário efetivo de trabalho, apesar dos motoristas ficarem de plantão à disposição da empresa.

O motorista conta ainda que os cartões de ponto eram fechados de forma conjunta e as horas extras eram retiradas de forma compulsória. “Nós precisamos do fim da terceira pegada, da contratação de funcionários exclusivos para a higienização dos ônibus e de um local de descanso digno de descanso”, reivindica.

Clemilson de Souza também foi demitido e também participava da CIPA, o motorista nos explica a situação da paralisação: “O sindicato diz que não pode vir, que não pode apoiar porque isso seria gastar bala atoa. Isso com um movimento com uma adesão de 97% dos trabalhadores. Depois disso nós fomos atrás do Conlutas e do Metabase Inconfidentes para eles nos darem um apoio, explicamos a situação, e eles nos deram esse apoio. Sem eles a gente não conseguiria, porque com toda essa intimidação que teve, mandando três embora, todo mundo ficou com medo”, esclarece.

Ainda segundo Clemilson, falta transparência nas relações entre sindicato, empresa e motoristas: “Todo mundo aqui precisa trabalhar, a gente quer trabalhar, mas precisamos de boas condições pra isso e precisamos negociar. A empresa fala que negocia com o sindicato, mas no meu entender, toda negociação feita entre empresa e sindicato é feita embaixo dos panos”.

Motoristas estão em paralisação por tempo indeterminado. Foto: Lui Pereira/Agência Primaz
Motoristas estão em paralisação por tempo indeterminado. Foto: Lui Pereira/Agência Primaz

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O presidente do STTROP, Wanderson Epifânio, diz que realizou assembleia com os trabalhadores da Univale e afirma que a mobilização dos motoristas é organizada por uma entidade terceira e não é reconhecido pelo sindicato dos trabalhadores rodoviários. “O indicativo de greve não está sendo conduzido pelo sindicato dos rodoviários de Ouro Preto, com base em Mariana e Itabirito. Ficamos sabendo que teve um ato de represália da empresa porque a greve é liderada por outra entidade representativa. O legítimo representante dos trabalhadores não fez nenhum indicativo. Nós realizamos a assembleia com os trabalhadores na garagem da empresa já tem uns 10 ou 15 dias, onde nós tiramos o direcionamento de trabalho que é tentar reabrir as negociações coletivas de trabalho”.

Para Bruno Teixeira, membro do Sindicato Metabase Inconfidentes, o movimento é organizado pelos trabalhadores e a Univale corre o risco de sofrer represálias jurídicas pelas supostas irregularidades cometidas. “A Univale alegou justa causa para demitir 4 funcionários com estabilidade, 1 no início do movimento e 3 hoje. Com isso, corre até o risco de a empresa ter a ISO 9001, que é a certificação de qualidade, suspensa, afinal, é uma questão de organização dos trabalhadores que ela está indo contra. O que faria suspender o contrato com a Vale. Existe muita insatisfação na categoria e muita revolta, a partir dessas demissões”

Por mensagem, a Univale informou que “teve sim o movimento, conduzido pelo Sindicato dos Inconfidentes, alheio ao Sindicato dos Rodoviários, ou seja, movimento totalmente ilegal”. A mensagem diz ainda que “a empresa já está tomando as medidas judiciais cabíveis”.

Motoristas se concentraram nos arredores da pirâmide da Vila Samarco. Foto: Lui Pereira/Agência Primaz
Motoristas se concentraram nos arredores da pirâmide da Vila Samarco. Foto: Lui Pereira/Agência Primaz

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