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Hoje é sexta-feira, 22 de novembro de 2024

Turismo de negócios: Nossa mina de ouro (e nosso maior problema)

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Mesmo com várias igrejas, casarões, um centro histórico preservado, diversas cachoeiras, eventos esportivos, culturais, rios e uma área rural extremamente atrativa para quem vem de fora, a verdade é que o turismo de negócios é, hoje, o maior segmento do turismo de Mariana. Atrelado aos setores que mais empregam e devolvem tributos para o município, o turismo de negócios mexe em toda a cadeia hoteleira, logística e de restaurantes da cidade, colocando um bom volume de receita em negócios da região. No entanto, se por um lado este setor favorece a cidade, por outro ele equaliza negativamente a balança do turismo local. Venha com a gente saber mais sobre toda essa história.

O que é turismo de negócios e eventos?

O turismo de negócios hoje é um tipo de mistura entre viagens a negócio e viagens para eventos ligados a um negócio. O elo que liga as duas pontas é o fato de que, aqui, o turista, diferente do turista de lazer, não escolhe por si só o destino que irá viajar. Tudo depende da decisão de sua empresa/instituição ou da cidade que sediará o evento.

Simplificando conceitualmente, de acordo com uma cartilha de 2010 do Ministério do Turismo e da Secretaria Nacional de Políticas de Turismo, “Turismo de Negócios & Eventos compreende o conjunto de atividades turísticas decorrentes dos encontros de interesse profissional, associativo, institucional, de caráter comercial, promocional, técnico, científico e social”.

O turismo de negócios em Mariana

Sabemos que em Mariana praticamente não existem eventos (principalmente de médio ou grande porte) ligados ao setor de negócios, portanto, o turismo de negócios da cidade é quase que totalmente ligado à administração de projetos e negócios ligados à mineração.

Sem dados oficiais, estima-se que cerca de 90% da ocupação dos leitos de hotéis da cidade ao longo da semana vem de pessoas ligadas às mineradoras presentes na cidade ou a entidades relacionadas a elas, como é o caso da Fundação Renova.

Esta ampla ocupação gera alguns problemas que, se por um lado colocam o turismo de negócios como um forte pilar da economia local, atrapalham todos os outros. Por exemplo:

  • Sobram poucos leitos para turistas que vem de fora para cidade em dias úteis;
  • Cria-se uma ampla ocupação dos hotéis e uma baixa nos finais de semana;
  • Em sua maioria os restaurantes locais pensam em seus pratos com opções do cardápio e preços que visam o público das mineradoras e não os outros turistas;
  • Os valores cobrados pelos hotéis se nivelam pelo valor pago pelas mineradoras e não pela demanda de outros turistas;
  • Mariana perde turistas nos fins de semana para Ouro Preto, que oferece mais opções de hotéis e restaurantes com atividades mais

O que percebemos, ao pesquisar e conversar sobre o turismo de negócios em Mariana e seu grau de impacto na economia, é que, por ser extremamente relacionado à mineração, esse segmento de turismo aumenta a dependência econômica da cidade perante as mineradoras e amplia o abismo social da cidade, pois boa parte da população não consegue morar na cidade e pagar pelo custo de vida inflado pelo setor extrativista.

Além disso, o pequeno empreendedor sofre dificuldades em disputar espaço com quem já tem contratos com as mineradoras e terceirizadas, não conseguindo, muitas das vezes, manter o seu negócio (que poderia facilmente atender às demandas de turistas não relacionados a mineração, caso eles encontrassem uma boa oferta de serviços e produtos não equalizados pela indústria local na cidade).

Como a ADAPRO pode ajudar a equalizar o turismo de negócios na cidade

É fácil cravar que o trabalho com o turismo de negócios é o mais difícil e importante da ADAPRO. É preciso criar uma nova oferta de opções de pratos, restaurantes e até hospedagens que não tenham foco no turista de negócios hoje.

Também é necessário abrir o leque de opções de negócios e eventos ligados a eles na cidade, fugindo completamente de qualquer segmento que de alguma forma se relacione diretamente com a mineração.

Mariana surgiu e cresceu com base na mineração e esta indústria, ainda que tenha prazo para terminar, ainda é bastante importante para a economia local. No entanto, é preciso refletir sobre o verdadeiro impacto da exploração mineral na cidade e sobre o quão benéfica ela é de fato para Mariana.

Mesmo com um grande volume de tributos arrecadados pela Compensação Financeira pela Exploração Mineral – CFEM, a cidade ainda não figura entre as 30 com melhor IDH do Estado, nem mesmo entre aquelas com melhor educação pública. Por vezes o custo de vida em Mariana apareceu entre os 10 maiores de Minas Gerais e o valor do aluguel na cidade é, por vezes, questionado pelos próprios moradores.

Pensar em como equalizar os ganhos do turismo de negócios é pensar, também, em como dar espaço para que outros tipos de turismo apareçam e tragam mais visitantes, turistas e recursos para a cidade.

Quer saber mais sobre a ADAPRO? Então acesse o nosso site adapro.com.br para saber mais a respeito da primeira Agência de Desenvolvimento com foco no turismo do Brasil.