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Hoje é sábado, 23 de novembro de 2024

Eventos de Tecnologia e Inovação do PADE são apresentados em Mariana

Valin Week Games, Virada Verde, Valin Week e Semana da Inovação Aberta estão agendados para acontecer em 2022 e 2023

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Kelson Douglas (Valin), coordenador do eixo temático “Tecnologia e Inovação” do PADE, fez a apresentação dos eventos programados para 2022/2023 – Foto: Luiz Loureiro/Agência Primaz
Em evento realizado no Cine Theatro Municipal de mariana, na terça-feira (12), foi cumprida a segunda etapa prevista no Plano de Apoio à Diversificação Econômica (PADE) do município, com a apresentação dos eventos programados para 2022 e para o próximo ano, no âmbito de “Tecnologia e Inovação”, um dos cinco eixos temático priorizados no plano desenvolvido em parceria pelo poder público, setor produtivo e sociedade civil, com o apoio da Samarco. Durante o evento foram ainda apresentadas informações sobre a composição da equipe da Adesiap (Agência de Desenvolvimento Econômico e Social dos Inconfidentes e Alto Paraopeba), que está se instalando na cidade, e sobre o desenvolvimento do projeto “Sou+Mariana”.

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O PADE, cuja primeira versão foi entregue à Prefeitura de Mariana e a representantes da sociedade civil no dia 03 de fevereiro, prevê a implementação de ações em cinco eixos prioritários: Agropecuária, Aproveitamento de rejeitos, Tecnologia e Inovação, Empreendedorismo e Turismo. Em termos de Tecnologia e Inovação, a segunda ação priorizada foi a organização de um evento para apresentação dos eventos já previstos para 2022, resultando na apresentação feita por Kelson Douglas, fundador e ‘community leader” do Vale dos Inconfidentes (Valin), expandida até 2023, com a previsão de realização do Valin Week Games, da Virada Verde, do Valin Week e da Semana da Inovação Aberta.

Três cidades que utilizaram, com sucesso, a tecnologia e a inovação como alavancas de desenvolvimento – Reprodução/Kelson Douglas

Para ilustrar as possibilidades de diversificação do desenvolvimento econômico, Kelson Douglas utilizou o exemplo de três cidades que se tornaram referência em tecnologia e inovação. Santa Rita do Sapucaí (MG), Leamington Spa (Reino Unido) e Boulder (Estados Unidos) têm em comum, segundo Kelson, a utilização da tríplice hélice, que consiste na articulação entre universidade, governo e empresas privadas, trabalhando em conjunto para desenvolver um ambiente a partir de novas tecnologias e inovação.

No caso específico de Mariana, Kelson apresentou um panorama das deficiências atuais, relacionadas à universidade e área governamental. Em termos do ambiente acadêmico, ele enfatizou questões referentes à ausência de projetos de inovação e tecnologia da UFOP em Mariana. “É importante ter as três coisas, e elas estarem funcionando bem. (…) Mas a gente tem um problema nessas duas partes: governo e universidade. Projetos e eventos da UFOP [acontecem] apenas em Ouro Preto. Todo projeto de inovação, todo evento de inovação da UFOP só fica em Ouro Preto. Não desce pra Mariana. A gente não tem nenhum professor trabalhando com inovação na UFOP/Mariana, só na UFOP/Ouro Preto. E, até mesmo em Ouro Preto, os espaços de inovação não estão ativos. A Incultec de Ouro Preto não está ativa. Não produz empresa há anos. Então isso é um problema que tem que ser resolvido ‘pra’ conseguir acelerar essa região mais”, afirmou.

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Referindo-se à notícia apresentada, no início do evento, pelo prefeito interino, Juliano Duarte, referente ao protocolo do projeto de lei de Incentivo à Tecnologia e Inovação na Câmara Municipal, Kelson mostrou-se mais otimista quanto à possibilidade de movimentação da segunda hélice. “Isso é o que vai ser mudado de agora ‘pra’ frente. Com essa política aprovada, com os projetos de inovação que estão no texto aprovados, a gente consegue fazer o quê? Atrair empresas ‘pra’ cá e as que quiserem sair daqui, porque antes não tinha nenhuma facilidade ‘pra’ ficar, agora vão poder ficar aqui. Então essa parte da hélice, que até então estava parada, ela começa a girar a partir de agora, com essa política de inovação e todo o texto que pode ver a parte dela”, afirmou, demonstrando, porém, uma preocupação quanto à percepção do que é inovação, afirmando ‘e-commerce’ e ‘apps’ não são inovação, e que já passou da hora de falar apenas em aproveitamento de rejeitos para significar inovação na indústria minerária da região. “A gente tem a indústria funcionando e querendo colocar dinheiro na inovação, mas todo mundo só está falando de uma coisa, o tempo inteiro. (…) Ninguém fala nada além de reaproveitamento de rejeito há anos. Quando a gente fala que vai ter um e-commerce local, isso é muito importante, é um desenvolvimento tecnológico, mas não é inovação, é importante a gente separar as duas coisas. Quando a gente tem um e-commerce, a gente só ‘tá’ fazendo algo como iFood e a Netflix fazem desde 2011. Quando a gente fala de pegar táxi, o aplicativo Uber já ‘tá’ fazendo isso em Minas desde 2014, isso não é inovação, é tecnologia, é transformação digital, não é inovação”, desabafou o fundador da Valin.

Propondo a adoção de um modelo de quíntupla hélice, agregando também o meio ambiente e a sociedade, Kelson passa a enxergar um futuro mais promissor, a partir das leis de incentivo à inovação já existentes em Ouro Preto e Santa Bárbara, juntamente com a prevista aprovação em Mariana, proporcionando o estabelecimento de um ambiente jurídico e de uma sinergia com organizações não governamentais (ONG’s) que propiciem a formação de mão de obra e a conscientização de desenvolvimento social e respeito ao meio ambiente.

Ao final, Kelson fez questão de frisar algumas lições que vem aprendendo ao longo de mais de 20 anos de trabalho na área de tecnologia. “Eu trabalho com tecnologia há mais de vinte anos e a gente pode ensinar algumas coisas, pode passar ‘pra’ frente o bom conhecimento, né? Primeiro, a pessoa que ganha um altíssimo salário, e pode trabalhar de home office, ela não vai querer, no final de semana, estar num lugar em que não tem o que ela fazer. Ela quer ir ‘pra’ um restaurante legal, ela quer ir ‘pra’ um cinema, ela quer ir ‘pra’ um show, ela quer atividade cultural e de entretenimento de qualidade. Por isso que a gente tem que trabalhar toda a cidade com boas opções, e com opções são boas só ‘pra’ quem está na mineração. São boas pra pessoas do setor criativo de tecnologia que podem desenvolver isso por aqui. Ah, mas pau brasil não impacta no PIB? Esse aqui é um negócio que toda vez eu ouço. Porque Minas Gerais chama Minas, por causa das minas. Gente, o Brasil chama Brasil por causa do pau brasil. E aí? Quer dizer que o pau brasil está importando no PIB? Não! Então vamos parar de falar que a mineração é importante porque o nome de Minas é esse. A gente pode ir além desse fato, desse argumento. A gente pode ver o que que está acontecendo mais à frente. Muita coisa já mudou! A Mesbla acabou, (…) as locadoras acabaram, (…) o Orkut acabou. Daqui a pouco nem Facebook vai existir. Então falar que Minas Gerais tem esse nome por isso tem que justificar a mineração é uma psicodelia argumentativa, não faz sentido”, finalizou Kelson Douglas.

Apresentação da equipe contratada para a implantação da Adesiap em Mariana – Foto: Luiz Loureiro/Agência Primaz

Antes da finalização do evento pelo prefeito interino, Juliano Duarte, e pelo Secretário Municipal de Desenvolvimento Econômico, Pedro Eldorado, foi feita a apresentação da equipe da ADESIAP (Agência de Desenvolvimento Econômico e Social dos Inconfidentes e Alto Paraopeba) Mariana, que tem previsão de início das atividades ainda no mês de abril. A Agência será mais uma instituição no território voltada para apoiar os empresários, contribuir com a qualificação da mão de obra local e contribuir com o desenvolvimento econômico de Mariana.

Apresentação preliminar do projeto “Sou+Mariana” – Foto: Luiz Loureiro/Agência Primaz

Outra informação transmitida foi uma prévia da iniciativa que vem sendo desenvolvida pela ADOP (Agência de Desenvolvimento Econômico e Social de Ouro Preto), em parceria que congrega a Prefeitura de Mariana, a ACIAM (Associação Comercial, Empresarial e Agropecuária de Mariana) e a Masterix, para a implantação, prevista para o mês de junho, do projeto “Sou+Mariana”, que consiste em uma plataforma de ‘e-commerce’, no qual as empresas locais vão poder se cadastrar e vender seus produtos.

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