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Hoje é sexta-feira, 22 de novembro de 2024

Reabertura do RU em Ouro Preto e Mariana é marcada por desorganização e atrasos

As expectativas para suprir os impactos no bolso e no tempo dos usuários do restaurante bateram de frente com a falta de informações, filas extensas e outros transtornos.

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Extensa fila durante reabertura no RU do Campus de Ouro Preto durante - Foto: Giulia Pereira/ Agência Primaz
A volta das aulas 100% presenciais na Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) aconteceu no dia 15 de março, mas apenas nesta segunda-feira, 2 de maio, o Restaurante Universitário voltou a funcionar na Cidade Patrimônio e nos campi em Mariana, diferente da unidade de João Monlevade, que retornou com o RU junto com as atividades na instituição de ensino superior. A Agência Primaz foi até os RU’s para acompanhar o retorno da oferta das refeições no horário de almoço e o cartão de visitas da Sepat, empresa terceirizada responsável pelo serviço, não foi tão animador quanto à expectativa dos estudantes e servidores da UFOP.

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O horário marcado para a abertura do Restaurante Universitário do Morro do Cruzeiro em Ouro Preto era 10h45, porém, a Sepat colocou um aviso, informando que poderia haver alterações. Sem mais informações sobre as modificações de horário, o tempo de espera para a abertura do RU surpreendeu a grande maioria dos estudantes que ficaram na fila durante horas, esperando para poder almoçar.

Não houve uma comunicação. Na hora que chegamos, vimos um aviso na porta de que haveria alteração de horário, mas não tinha qual o horário certo que abriria. Nossa aula terminou 10h10, viemos para cá e estamos esperando até agora [11h45]. A única coisa que vimos foi que houve um treinamento bem demorado”, disse Daniela Alvarenga, de 22 anos, estudante do 4º período de Direito da UFOP.

Já no Instituto de Ciências Sociais Aplicadas (ICSA) e no Instituto de Ciências Humanas e Sociais (ICHS), em Mariana, estudantes se adiantaram para almoço marcado para as 11h, já prevendo esperas, mas a situação foi ainda mais surpreendente. A alimentação, vinda de Ouro Preto, chegou apenas às 12h40.

Eu acho que faltou organização. Ficou mais de um mês sem RU com retorno das aulas, os alunos cobrando, obviamente, e eu acho que não teve uma organização na universidade, até porque são 12h22 e não tem comida no RU do ICSA. Então isso foi falta de planejamento. O que aconteceu com o retorno das aulas e do RU é uma falta de planejamento da universidade”, afirma Ana Luísa, estudante do 7º período de Serviço Social.

Alunos do ICSA aguardando abertura do RU. Fila chegou até ao estacionamento do campus - Foto: Karla Rezende/ Agência Primaz

Os atrasos para a abertura dos restaurantes universitários em ambos os campi causaram indignação nos alunos e servidores que aguardavam. A agenda do dia para parte dessas pessoas ficou comprometida. Entre as aulas, emprego e demais compromissos, alguns estudantes, após horas de espera, abandonaram a fila. Outros deixavam clara sua preocupação de como esse atraso afetaria o restante do dia.

É o caso de Maria Luísa Caetano, estudante de Letras e funcionária da sessão de revisão de textos na Diretoria de Comunicação Institucional (DCI). “Viemos aqui para almoçar, pensando que seria mais fácil que em Mariana, onde já estava atrasado. O almoço chegou lá 12h40, mais ou menos, e estamos aqui há mais de uma hora, até agora nada. Temos que trabalhar, eu mandei mensagem na seção que vou chegar atrasada, porque é impossível trabalhar sem almoçar. Atrapalhou todo o meu planejamento do dia, porque depois terei que trabalhar por mais tempo durante a semana para repor esse horário. Estou na UFOP há sete anos, a gente sabia que essa volta da pandemia seria difícil, mas parece que não houve planejamento, não pensaram em nada direito. Estou no atendimento especial das aulas, tive problema com isso também e todas as questões de volta às aulas está ‘dando B.O.’”, relata.

Em meio ao atraso, outras falhas foram observadas pelos usuários. O almoço deste retorno não veio acompanhado de suco ou água, como era fornecido antes do fechamento pela outra empresa prestadora do serviço. Muitos levaram seus copos, como de costume, e ficaram sabendo desta questão na fila.

Este ponto não foi o único que os alunos tomaram conhecimento apenas algumas horas antes da reabertura.  Uma funcionária da cantina do ICSA comentou que muitos alunos procuraram pela recarga presencial da carteirinha. Entretanto, os equipamentos de recarga não estão mais em posse do estabelecimento. Na verdade, o sistema de reabastecimento do ticket alimentação agora só é realizado via boleto bancário gerado no Minha UFOP. Segundo a funcionária, mais de 30 alunos procuraram pelo serviço.

Para alguns estudantes, essa informação, um pouco tardia, causou angústia durante a espera da fila. Só depois de realizarem a recarga via boleto foram informados da possibilidade de o valor não ser computado pelo sistema. Isso gerou mais dúvidas, que custaram a ser resolvidas.

Foi o que aconteceu com Anne Souza, estudante do 6º período de Economia. Assim que recebeu a notícia de que a recarga só poderia ser realizada via boleto, ela fez o procedimento na hora, com a esperança de que daria certo. “Às 11h da manhã eu fui informada pelo CA que só colocaria crédito na carteirinha gerando boleto e fazendo o pagamento dele. O meu saldo está negativado, então eu já sabia que, teoricamente, eu não passaria. Então eu corri ‘pra’ fazer o boleto, ‘pra’ pelo menos essa semana eu estar livre disso, só que apenas meu pai poderia fazer o pagamento. Assim que ele fez o pagamento, já tinha dado 12h, então eu acreditei que já seria ressarcido a parte negativada ali. Só que até entrar na fila, o aplicativo ainda me informava que eu estava negativada. Então durante o processo de ficar na fila, esperando e saber a resposta do aplicativo, eu fiquei aflita por uma questão de não conseguir almoçar”, conta.

Antes do boleto se tornar a única opção, o estudante tinha a oportunidade de fazer a recarga presencial, lembrando que o valor caía na hora na carteirinha estudantil. Sobre as recargas, a Coordenadoria de Restaurantes da Pró-Reitoria de Assuntos Comunitários e Estudantis (Prace) da universidade informou que “a recarga das carteirinhas será feita somente por boleto bancário. Vale destacar que a recarga demora um dia útil para estar disponível nas carteirinhas, então os alunos devem se programar para realizá-la com essa antecedência”.

Além disso, alunos vegetarianos não foram contemplados no cardápio do retorno. Apesar da opção vegetariana ter sido anunciada através do site e Instagram, alunos reclamaram que não conseguiram ter acesso ao alimento. “Estou insatisfeita, porque sou vegetariana e esperava que o cardápio estivesse acessível para mim também, mas a opção vegetariana não estava pronta quando eu fui servir. Então, eles abriram o RU para quem come carne, mas quem não comia, teve que se contentar só com o básico. O preço aumenta, mas não há acessibilidade dos alimentos”, aponta Elisa Barbosa do 7º período de Engenharia Civil.

Para Victor Meireles, estudante de História, apesar da necessidade de ter o restaurante e de sua importância para muitos alunos, isso não significa que eles mereçam qualquer serviço. “A gente sabe que a alimentação não tem sido fácil, então faz muita falta na vida do estudante universitário o RU. Porém achamos muito ruim a maneira que o descaso se mostra na hora de organizar de fato o que seria a volta de centenas de estudantes no restaurante universitário. O despreparo da equipe com um serviço que é pago parte pelo contribuinte e parte pelo estudante e, ainda sim, não é necessário ‘pra’ que seja implementado um serviço de fato de qualidade, nobre e digno para todos os estudantes aí que precisam do serviço”, aponta.

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Após longo atraso, as refeições chegaram ao ICHS - Foto: Alexandre Coelho/ Agência Primaz

Segundo o representante do Centro Acadêmico de História, João Victor Drummond, é um descaso para com todos os usuários essa falta de preparo e cuidados. O corpo estudantil do ICHS observou, além das várias questões acima trazidas, uma equipe escassa de funcionários e a falta de autonomia dos estudantes. Ao contrário dos outros dois campi, os alunos e servidores do ICHS não puderam servir a própria comida.

Nós do corpo estudantil reivindicamos melhorias nutricionais, melhoras materiais e de logística antes do fechamento do contrato. A gente sabia que era um risco que a gente ia passar fechando contrato com uma empresa que não tem muita experiência nesta área. A nossa última empresa fornecia suco, fornecia alimentos vegetarianos, fornecia a opção de os próprios estudantes servirem a própria alimentação, só que ao mesmo tempo de um ano, dois anos, a gente percebeu um déficit de manutenção na qualidade do alimento e dos materiais. A gente sente muito quando o estudante não tem autonomia ‘pra’ poder se servir, ‘pra’ poder se alimentar do jeito que quer e é uma questão que a empresa tem que deixar claro junto com a UFOP do porquê antes o estudante servia e agora o estudante não está servindo mais”, declara Drummond.

Sobre a situação da reabertura e o atraso no serviço da empresa Sepat durante a reabertura do RUs, a Coordenadoria de Restaurantes  informou que, “de fato, o que ocorreu hoje foi um problema pontual no planejamento do trabalho. A expectativa é que isso não ocorra novamente”.

Aumento do valor

Durante os meses sem RU, a UFOP concedeu um auxílio de R$100 para os estudantes carentes, um valor considerado baixo por alguns dos beneficiados, visto que o preço das marmitas está alto e a disponibilidade de se cozinhar em casa também é pequena.

“Levando em consideração os preços de um marmitex [no mínimo R$ 10], R$100 não dava nem para duas semanas direito, tanto que eu estava todos os dias subindo e descendo, fazendo almoço em casa, o que foi bem difícil, porque você tem que se locomover, mas era para tentar fazer aqueles R$100 durar o mês inteiro”, contou Wellington de Souza Costa Filho, estudante do terceiro período de Química da UFOP.

Wellington de Souza também é representante discente da UFOP e participa de reuniões com a Prace. Ele contou que as organizações estudantis estão na tentativa de ampliar o número de refeições ofertadas pela UFOP por dia, com uma possível inclusão de café da manhã e café da tarde. “Eu não tenho renda nenhuma e dependo das bolsas da Universidade, então, a volta do RU já é uma ajuda principalmente em relação ao custo, ainda mais perante a essa situação que estamos vivendo, com os preços todos lá em cima. Como eu dependo dos benefícios que a UFOP oferece e não tenho condições de trabalhar. Porque ela [Universidade] já me exaure a alma e a expectativa de vida. Tem muita gente que depende e precisa disso daqui, tanto por ser baixa-renda quanto por não conseguir conciliar faculdade com o trabalho e até cuidar de filhos, acaba que precisamos dessa ajuda. Até porque é uma Universidade Federal, então ela tem que prestar serviço para quem entra, principalmente para quem é baixa-renda”, complementa o estudante de Química da Universidade.

Atuaalmente o valor de cada refeição no RU é de R$5,55 para os estudantes e R$11,11 para os servidores. A UFOP subsidia 50% do valor para estudantes e 100% para bolsistas da Prace. Antes da pandemia o preço era de R$3 e, para alguns, a alteração é compatível com o encarecimento dos alimentos, devido à inflação.

Pelo que estamos passando, houve um aumento muito significativo no preço dos alimentos, eu considero um valor baixo para a população até. Dentro daquilo que a instituição pode oferecer, acho que é um valor justo. A comida estava muito boa, não se pode reclamar não. Além disso, como temos que fazer a marcação de ponto, para nos deslocarmos para ir para casa ou até comer em outro lugar, às vezes, fica fora de mão. O retorno do RU nos ajuda bastante”, disse Flávio de Abreu, de 55 anos, que, além de ser ex-aluno dos cursos de Engenharia e Física da UFOP, é servidor da Universidade desde 1994.

Para outros o valor da refeição não é justo, perante os diversos problemas que os estudantes passam durante este momento de crise no país.

Não é justo. Para quem é bolsista, tem o seguro da UFOP, com 100% do bolsa-alimentação, mas para aluno, tem uma galera que precisa da bolsa e nem sabe que pode pegar a bolsa. Estamos em meio a uma crise política, social, econômica, cultural e as coisas estão cada vez mais difíceis para quem é preto e periférico”, declarou Maria Luísa, de 24 anos, estudante de Letras da UFOP.

A Agência Primaz encaminhou à Administração da UFOP uma solicitação de informações adicionais, que foram respondidas pela pró-reitora de Assuntos Comunitários e Estudantis, Natália de Souza Lisbôa.

Cada refeição, no contrato assinado para os campi de Ouro Preto e Mariana, vai custar R$11,11. Já no contrato de João Monlevade, o custo unitário é de R$13,29. Considerando uma estimativa de 70 mil e 10 mil refeições por mês, respectivamente, o custo total mensal atinge R$910,6 mil.

Ressaltando que o pagamento às empresas será feito apenas para as refeições efetivamente fornecidas, Natália Lisbôa informou que os valores anuais estimados nos contratos são de R$8,5 milhões para os RU’s de Ouro Preto e Mariana, e de R$1,4 milhão para o de João Monlevade.

Esse valor, entretanto, não é integralmente pago pela UFOP, uma vez que a instituição não oferece subsídio para os servidores docentes, técnico-administrativos e terceirizados. Para os estudantes em vulnerabilidade socioeconômica, assistidos pela Prace, o subsídio é total, sendo de 50% o oferecido aos demais estudantes de graduação e pós-graduação.

A Agência Primaz ainda apurou que, “pelo histórico de anos anteriores, do total de refeições servidas, 38% são para estudantes em vulnerabilidade [com subsídio] nos três campi”.

Mesmo com custo unitário diferente no contrato de João Monlevade, os alunos daquele campus, não incluídos nos programas de assistência da Prace, também vão pagar R$5,55 pelas refeições, com subsídio de 58,2%.

De acordo com Natália de Souza Lisboa, os recursos provenientes para o funcionamento dos RU’s são provenientes do PNAES (Programa Nacional de Assistência Estudantil) e do orçamento geral de custeio da UFOP.

Inclusão

Mãe beneficiada serve refeição ao lado de seu filho no RU do campus de Ouro Preto - Foto: Giulia Pereira/ Agência Primaz

A volta do RU também foi marcada pela inclusão de filhos e filhas de estudantes, servidores e terceirizados, que agora também podem almoçar e jantar nos Restaurantes Universitários. São mais de 150 mães beneficiadas com a inclusão das crianças com idade acima de cinco anos.

Nilma Rodrigues Alves, de 25 anos, aluna de Química Industrial da UFOP, foi a primeira mãe a entrar no RU acompanhada de seu filho, no campus do Morro do Cruzeiro. Ela falou à Agência Primaz sobre a diferença que essa medida inovadora vai produzir na sua rotina, que já é recheada de desafios, tendo que conciliar o tempo das atividades na faculdade e cuidar de uma criança. “Foi uma conquista muito grande, porque nem sempre a rede de apoio que temos pode ficar com a criança em tempo integral, então ajuda demais. A comida é muito boa, ele também adorou. Os desafios são muitos. Hoje eu tive que levar meu filho para a sala de aula, porque minha mãe não pôde ficar com ele. Tenho certeza que muitas mães passam por problemas piores, por não terem rede de apoio”, declarou.

Por estar com seu filho no colo, ela não chegou a passar por grandes problemas na fila do RU, mesmo com o grande atraso e desorganização. Seu tempo de espera para ter acesso ao bandejão foi de aproximadamente 10 minutos.

Em relação ao volume de refeições fornecidas a filhos e filhas de estudantes e servidores, a pró-reitora de Assuntos Comunitários e Estudantis informou que a instituição não tem “expectativa pormenorizada por campus”, mas que, “a partir da demanda pré-existente e dos levantamentos feitos pelo MANU – Grupo de Acolhimento a mães universitárias, estima-se em até 50 filho(a)s por dia”.

Segurança

Estudantes de Medicina distribuem máscaras a estudantes na fila do RU do campus de Ouro Preto - Foto: Giulia Pereira/ Agência Primaz

Durante o tempo de espera para o bandejão, os estudantes e servidores receberam um marcador de página e uma caixa de máscaras, visando à conscientização sobre a proteção contra a Covid-19, ampliando as atividades do projeto de extensão “UFOP em Ação”, do curso de medicina da Universidade.

No dia 4 de abril já havia sido feita uma distribuição de máscaras no Instituto de Ciências Exatas e Biológicas (ICEB/UFOP) e no bloco de salas de aula. Foram preenchidos formulários para saber sobre o conhecimento dos membros da comunidade acadêmica quanto à vacinação e sobre como cada um se sentia em relação ao distanciamento social.

A segurança na volta das aulas e do RU está principalmente na vacina, com todo mundo tendo, pelo menos, até a terceira dose, mas cuidados ainda podem ser tomados por quem está comendo no restaurante. Por exemplo, tirar a máscara na hora de comer e colocar de novo após terminar”, explica Bárbara Alves, estudante do 5º período de Medicina e bolsista no “UFOP em Ação”.

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Outro mercado

Desde 2017, na saída do RU do campus do Morro do Cruzeiro, Alessandra Ruth vende seus doces e faz o seu “ganha pão” ali. Ela depende exclusivamente de suas vendas para se sustentar. Após dois anos sem aulas presenciais e sem o Restaurante Universitário, ela teve que encontrar novas formas de vender seus produtos, mas agora agradece pelo retorno à nova normalidade na unidade de ensino da UFOP. “O período sem RU e sem aulas me custou tudo, porque eu dependo disso, eu sobrevivo dos meus doces. Durante a pandemia, eu vendia para os alunos nas repúblicas, eles me ligavam ou iam até a minha casa para comprar. Fui levando assim. Essa volta, para mim, tem sido um recomeço. Eu faço os doces um dia antes, durante a noite. No outro dia eu complemento e venho vender. O pessoal já se acostumou muito comigo, sabem os preços de cor, só chega e pega. Às vezes, eles falam que não têm dinheiro e volta no outro dia para pagar, aqui não tem problema”, contou Alessandra Ruth, 47 anos.

Importância do RU

No campus de Ouro Preto, apenas a carne foi servida por funcionárias da Sepat - Foto: Giulia Pereira/ Agência Primaz

Com tantos relatos de estudantes e servidores na fila para almoçar, ficou nítida a importância do RU para a grande maioria da comunidade acadêmica, que sentiu no corpo e no bolso a diferença entre pedir comida e comer no Restaurante Universitário. “Foi muito difícil, porque tem que conciliar e fazer comida, perde um tempo do seu dia, então é muito bom ter o RU de volta. Agora a gente vai conseguir ter mais tempo e não ter essa obrigação de ter que fazer comida faz com a gente se alimente melhor. É muito caro, mas comparado com o valor que a gente gasta nas coisas, ainda ‘tá’ em conta”, declarou Marina Silva, estudante do 5º período de História.

Luana Brunely é da mesma turma de Marina Silva e detalha ainda mais a experiência de ficar sem RU enquanto estudava presencialmente na Universidade. Ela também disse que considera o valor alto, ainda que a UFOP arque com 50% do valor da refeição. “Horrível, pior experiência porque a gente tinha tanto que dar conta da faculdade que esse retorno presencial está sendo uma experiência muito nova ‘pra’ gente. Dar conta da UFOP e dos alimentos, que infelizmente acaba tomando boa parte do nosso tempo, então ‘tava’ uma correria muito grande. Para mim, essa volta é perfeita, porque eu vou conseguir economizar uma grana e aí eu vou conseguir reembolsar esse valor em material para usar na Universidade, em xerox e livros. Mas, ainda assim, o valor está muito caro comparando com a relação de outras universidades”, disse Luana.

Outros estudantes optaram pela marmita, por conta da praticidade, mas os valores e a qualidade da comida não foram satisfatórios durante esses dois meses sem RU. “A importância é principalmente na questão financeira, porque antes, o mais barato que estávamos achando numa marmita era R$10, e vinha muito menos comida. Também não era muito saudável igual a do RU. Isso tudo faz muita diferença. Aqui [no RU] eu como salada e outros componentes importantes por um preço muito mais acessível”, contou Mariane Borges, de 24 anos, estudante do 9º período de Engenharia Civil.

Quem partilha da mesma opinião é Ana Beatriz, de 23 anos, que é da mesma sala de Mariane. “Para mim, a questão é a possibilidade dos estudantes estarem aqui. O RU é necessário, isso é indiscutível. Alimentação saudável e com preço justo. Tentamos nos virar sem, mas era mais caro, não muito saudável e ainda tem um certo trabalho de lavar a louça e ir lá buscar”, complementou.

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