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Hoje é sexta-feira, 22 de novembro de 2024

Criadores do Fora do Plástico participam do primeiro CCXP Awards como presidentes do júri na categoria “Quadrinhos”

Graduados em Jornalismo pela UFOP, Mariana e Pedro guiam seus seguidores pelo vasto universo dos quadrinhos

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Pedro e Mariana são jornalistas formados pela UFOP e criadores do “Fora do Plástico” - Acervo: Fora do Plástico
No dia 15 de julho acontece a primeira edição do CCXP Awards, uma premiação dedicada à cultura pop nacional. Com 32 categorias divididas em 6 eixos principais, o evento busca dar visibilidade e valorizar o mercado dos games, filmes, séries, livros, quadrinhos e criadores de conteúdo do país. Idealizado pela Omelete Company, empresa por trás do Comic Con Experience Brasil, a premiação traz nomes reconhecidos do cenário para compor sua bancada do Júri Técnico. Diretamente da cidade de Mariana, a categoria “Quadrinhos” será comandada por Mariana Viana e Pedro Ferreira, jornalistas graduados pela UFOP, residentes em Mariana (MG), e criadores do “Fora do Plástico”.

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O convite para participar do Júri Técnico veio do curador da CCXP, Ivan Costa. Para Mariana e Pedro, foi uma surpresa serem convidados logo para a primeira edição. “É muito gratificante fazer parte disso, não só pelo prêmio em si, de poder participar e de ter oportunidade de ficar à frente disso e tudo mais, mas também como resultado de algo que a gente tem construído”.

A dupla vai presidir a categoria e tem a missão de selecionar mais cinco membros especializados para cada subcategoria, finalizando assim a composição do Júri Técnico. O eixo “Quadrinhos” possui 8 subcategorias: Melhor Quadrinho, Melhor Quadrinista, Melhor Álbum, Melhor Tira e Web Tira, Melhor Roteirista, Melhor Desenhista, Melhor Arte-Finalista e Melhor Colorista. 

Os membros selecionados para compor o Júri Técnico ainda não foram divulgados, mas Mariana e Pedro garantem que as escolhas buscaram construir uma bancada diversificada e representativa. “Essa escolha, a gente chegou nela conversando com a organização do evento. A gente tentou formar um júri bem plural, bem diverso, que desse uma credibilidade ao evento. Também não é escolher figurinhas carimbadas, é aquela coisa toda de tentar trazer bastante diversidade”, apontam.

O comitê da categoria “Quadrinhos”, segundo a dupla, será composto levando em consideração pessoas envolvidas com este cenário das mais diversas frentes. Desde o lojista e o próprio quadrinista, até acadêmicos que estudam a temática e produtores de conteúdo.

A primeira etapa da CCXP Awards já começou, com inscrições abertas até dia 23 de maio. Os interessados devem enviar material para avaliação conforme exigências de cada categoria. Já na segunda fase, que começa no dia 7 de junho, o comitê de especialistas vai formar uma “short list”, com apenas 10 indicados em cada categoria. Entre os dias 16 e 30 de junho, os finalistas serão selecionados em uma etapa com participação do público. A última fase acontece do dia 5 a 8 de julho quando, mais uma vez, júri técnico e público se unem para a escolha dos vencedores.

Segundo a organização, a cerimônia de premiação vai seguir os moldes dos grandes eventos como o Oscar, sendo liberada a transmissão para os “streamers”, possibilitando os famosos “reacts”. A CCXP Awards vai contar com apresentadores, shows, “red carpets” e tudo mais típico de um grande baile de gala. Para mais detalhes, acesse CCXP Awards.

A cena dos quadrinhos nacionais

Olhar para a cena de quadrinhos nacionais é observar um mercado persistente que lida com algumas dificuldades. Diversos fatores de estrutura do próprio mercado influenciam o cenário, como a produção cara, uma luta por espaço diante produtos internacionais e o não olhar das editoras para as produções brasileiras.

A grande coleção de quadrinhos de Mariana e Pedro - Foto: Karla Rezende/ Agência Primaz

De acordo com a visão dos criadores do “Fora do Plástico”, a cena dos quadrinhos do país tem produtos e produtores potentes, contudo não tem incentivo ou auxílio. “O cenário de quadrinhos brasileiro, ele é resistente. Acho que a palavra talvez seja essa, porque não existe muito incentivo, não existe muita verba, são poucas as iniciativas do poder público para fomentar esse tipo de produção, afirma Mariana ao ser questionada sobre o mercado nacional.

Em meio à falta de fomento do poder público, muitos quadrinistas publicam nas redes sociais ou conseguem auxílio através de financiamento coletivo. Foi o caso do quadrinho ‘Confinadas’ que conquistou um destaque que não é realidade para muitos quadrinistas. O estrondoso sucesso fez com que a produção fosse abraçada por uma editora e lançada em versão física.

Plataformas de financiamento de projetos criativos, como Catarse e Apoia-se, se tornaram recursos importantes para produções independentes. A produção voltada para a internet tem uma característica interessante de alcançar variados públicos. “Talvez os quadrinistas mais famosos, seja justamente o pessoal que está produzindo na internet porque atinge todos os públicos, não necessariamente as pessoas que seguem a página. O Paulo Moreira, né, que é muito compartilhado, que é engraçadão ou a Helô D’Angelo que fez até um a um quadrinho estilo do ‘Confinadas’ no Instagram e depois lançou versão física também através de campanha no Catarse, comentam.

Os produtores ressaltam que falta um olhar mais sensível para o cenário dos quadrinhos nacionais, que ainda é percebido como um tipo de arte menos importante ou voltada para o público infantil. “Só que o que a gente espera é que ao longo do tempo, cada vez mais o quadrinho ganhe mais visibilidade mesmo, se torne algo com mais relevância, porque a gente sente isso também. Às vezes é tido como coisa de criança, como uma arte menor, vamos dizer assim, do que uma literatura, sendo que, poxa, dá para fazer coisas incríveis com quadrinhos, não é?”.

O cenário de quadrinhos no país ainda busca conquistar seu espaço no mercado, aos poucos adquirindo público e notoriedade. “A produção brasileira de quadrinhos é muito ampla, mas ainda é uma produção que está engatinhando, que está dando passos, passos importantes. Por exemplo, a criação de um prêmio é importante porque é uma forma de valorizar, dar visibilidade ao mercado, só que ainda é um caminho a percorrer”, completam.

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Desvendando o “Fora do Plástico”

Pedro Ferreira começou sua relação de quadrinhos acompanhado mangás. Mariana Viana cresceu com os clássicos gibis da Turma da Mônica. Formados em Jornalismo pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), os criadores do “Fora do Plástico” tinham o desejo de partilhar com mais pessoas a paixão por esse universo.

Lançada em 2017, a página do “Fora do Plástico” no Instagram surgiu como um hobby que logo se tornou algo sério para a dupla. “A gente tinha vontade de conversar sobre isso com alguém, a gente sempre falava entre a gente, né? Sobre o que a gente lê, aí trocávamos nossas impressões de leitura. E depois percebemos que faz falta, sim, ter outras opiniões, conversar com outras pessoas e a gente decidiu criar uma página no Instagram só para compartilhar”, contam.

Apesar do hobby como ideia inicial, o intuito sempre foi produzir um conteúdo de forma cuidadosa e profissional, contudo sem muitas pretensões. Ambos enxergaram no Instagram possibilidades diversas de fazer algo diferente do que estava sendo na época. Hoje, com cerca de 41 mil seguidores e um canal no Youtube em crescimento, o “Fora do Plástico” conquista mais um passo com o convite para o júri do CCXP Awards.

Além disso, Mariana e Pedro desenvolvem muitos planos, como a criação de um site e o retorno das coberturas de eventos voltados para os quadrinhos como CCXP22 e FIQ 2022, após dois anos de pandemia. “A gente está muito animado, porque além de ser uma oportunidade de reencontrar as pessoas, reencontrar o público, o ambiente é muito bom. A CCXP acaba sendo um evento que tem isso também, essa coisa de convergência de mundos.”

A dupla, em sua jornada, realizou a cobertura de edições anteriores do CCXP, entrevistando personalidades reconhecidas no cenário como Maurício de Sousa, criador da Turma da Mônica; Neal Adams, quadrinista que reformulou o Batman; David Lloyd, idealizador de V de Vingança, e Fefê Torquato, a quadrinista por trás do Graphic MSP da Tina.

Durante a entrevista concedida à Agência Primaz, Mariana e Pedro apresentaram o espaço de gravação do “Fora de Plástico”. De sua lotada estante de comics, hq’s e mangás, algumas histórias foram contadas e foi pedido que cada um escolhesse um quadrinho.

Pedro selecionou Dragon Ball, um mangá de Akira Toriyama, que se tornou famoso anime, inclusive transmitido diversas vezes no Brasil. “É mais uma lembrança, um carinho que eu tenho pela série, porque foi o que me levou para os quadrinhos, para querer conhecer, querer desvendar, sabe? Foi um quadrinho porta de entrada. E então, pensando assim, eu acho que seria Dragon Ball porque seria injusto eu não indicar um mangá, já que eu comecei a ler com mangá”, afirmou Pedro Ferreira.

Já Mariana selecionou a HQ ‘Berlim’ de Jason Lutes em referência ao seu trabalho de TCC. “Esse quadrinho aborda a ascensão do nazismo na Alemanha e todo o contexto que vem antes dessa ascensão do nazismo em vários paralelos que a gente pode enxergar em relação ao próprio Brasil, o movimento que a gente teve ali antes de 2018. É a polarização, enfim. Excelente trabalho da vida do Jason Lutes que esse autor que ficou 20 anos produzindo Berlim”, finalizou Mariana Viana.

Dragon Ball e Berlim, as produções preferidas de Pedro e Mariana, respectivamente - Foto: Karla Rezende/ Agência Primaz

Para acompanhar o trabalho de Mariana e Pedro, siga o Instagram do “Fora do Plástico e inscreva-se no canal do Youtube.

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