- Ouro Preto
Exposição audiovisual, gravada em Ouro Preto, é exibida em Portugal
Produção gravada na Casa da Ópera fica em exibição até 28 de junho
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“É um trabalho que faz uma interação entre a linguagem teatral e o cinema. Participar desse projeto foi interessante, pois a teatralidade e a encenação dão um aspecto quase artesanal aos vídeos, como se a temática fosse apresentada da forma mais crua possível, sendo liberta para um campo maior de interpretações“, explicou Victor Pitombeira, ex-aluno de Artes Cênicas da UFOP, à Assessoria de Comunicação da Universidade. Além de atuar, ele também participou, como produtor de elenco, do processo de elaboração dos vídeos.
Lucas Lacerda, estudante do sétimo período do Bacharelado em Interpretação no curso de Artes Cênicas da UFOP, participou de duas videoinstalações da galeria, junto de Clarissa Böddener. Em uma das produções, há a dinâmica de mãe e filho, em que o primogênito possui uma personalidade egocêntrica, narcisista e machista, enquanto, no segundo vídeo, a estudante interpreta uma figura religiosa e negacionista em relação à ciência na pandemia, e Lucas faz o papel de um homem que tenta conscientizá-la.
A participação dos estudantes da UFOP em “ViVendo” foi gravada em Ouro Preto, na Casa da Ópera, enquanto a autora da exposição, Carolina Coppoli, ainda estava no Brasil. Atualmente, ela acompanha a galeria em Lisboa.
“Ela nos recrutou cerca de um mês antes das gravações. Nós ficamos ensaiando uma vez por semana, durante um mês, no Cine Vila Rica e, então, fizemos essa gravação em um dia na Casa da Ópera. Foi uma participação incrível, o texto da Carol é extremamente afiado e exigiu de mim coisas muito diferentes dentro dessa mesma dupla. Foi algo bem interessante e desafiador, então fiquei muito feliz de participar”, conta Lucas Lacerda à Agência Primaz.
No terceiro período do curso de Artes Cênicas da UFOP, Clarissa Böddener tenta experimentar as diferentes áreas do seu ramo, mas mantendo sempre o mesmo objetivo, que é a interpretação. No início, ela pensava apenas no teatro, porém, com a demanda que surgiu durante a pandemia, cresceu o interesse, também, pelo audiovisual. “Na exposição eu faço parte de dois videoinstalações, um que aborda a questão do complexo de Édipo, conceito do Freud, no qual eu interpreto a mãe soberana e cínica. No outro vídeo, a Carol quis trazer uma crítica às pessoas que negligenciaram a pandemia, no qual eu interpreto uma velha conservadora do interior de Minas”, relata Clarissa à Agência Primaz.
Carolina Coppoli também explica o processo de elaboração da exposição. Ela diz que “ViVendo” possui uma natureza existencialista e que o negacionismo e o machismo são temáticas que sempre estiveram presentes no cotidiano, mas que agora estão em maior evidência devido ao atual momento social e político mundial. Ela acredita que esses problemas sociais ainda devam existir por um bom tempo. “Estas questões estão sempre permeando a nossa existência, a nossa vida, o nosso cotidiano, independente da época e do local, por isso elas possuem natureza universal, estão presentes em qualquer lugar do mundo e em qualquer época”, declara.
No processo criativo de “ViVendo”, Carolina passou por um momento pessoal “sufocante “ao enfrentar questões do cotidiano. A autora viu na arte uma forma de se posicionar no mundo e de manifestar sua insatisfação com a realidade vivida no mundo de hoje. “Apesar do negacionismo e do machismo serem questões que estão presentes em nossas vidas há milênios, e estarão ainda por muito tempo, pois, fazem parte da condição humana de evolução, elas devem ser combatidas e denunciadas sempre, para que um dia a realidade se transforme. A minha forma de combater e denunciar foi através da criação dos textos dramáticos”, conta Coppoli.
Em 2019, o “ViVendo” teve sua primeira exibição na galeria do Museu Casa dos Contos. No mesmo ano, Carolina foi aprovada no curso de doutorado na Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa. Durante a pandemia, foram gravados novos videoinstalações que foram incluídos na exibição. Em Portugal, a autora enviou uma proposta para a direção da galeria da faculdade, que foi aprovada. Inicialmente, a exibição estava marcada para 2020, mas precisou ser remarcada para junho deste ano, devido à pandemia da Covid-19.
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Conhecendo a autora
Carolina Coppoli é graduada em jornalismo pelo Centro Universitário de Belo Horizonte e fez estágio na Rede Minas, onde se aperfeiçoou no audiovisual. Paralelamente à carreira de jornalista, ela trabalhou com projetos audiovisuais além de fazer especializações, uma delas em São Paulo. A doutoranda também já trabalhou em produtoras no Rio de Janeiro e na capital paulista.
Em 2017, já de volta à Ouro Preto, Carolina iniciou suas atividades na área da museologia, realizando curadorias e montagens de exposições. Foi quando surgiu a vontade de exibir os textos que vinha escrevendo. “Eram desabafos, mas, no processo criativo, se materializavam na forma de textos dramáticos. Assim surgiu a ideia de aliar o audiovisual com o teatro, e a filosofia existencialista, muito presente nos textos, sendo a base de tudo”, conta.
Atualmente, além de escrever textos novos, Carolina também está em processo de finalização de seu curso de doutorado em Lisboa, com o início da fase de escrita de sua tese.