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Hoje é sexta-feira, 22 de novembro de 2024

Grevistas fecham entrada do IFMG e alunos acionam a polícia, em Ouro Preto

Apesar de serem favoráveis à greve, os estudantes não querem a paralisação do calendário.

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Entrada do campus Ouro Preto do IFMG bloqueada na manhã desta sexta-feira (10) - Foto: Instagram/Sinasefe IFMG
Alunos do Instituto Federal de Minas Gerais (IFMG), campus Ouro Preto, acionaram a Polícia Militar (PM) na manhã desta sexta-feira (10) para conseguir acesso à unidade de ensino, que estava com a entrada bloqueada por servidores que estão em greve há 25 dias. Todos os 18 campi do IFMG estão mobilizados, sendo que oito deles, Congonhas, Ibirité, Santa Luzia, Itabirito, Piumhi, Governador Valadares, Sabará e Ouro Branco, estão com calendários acadêmicos suspensos.

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Os estudantes do campus IFMG campus Ouro Preto afirmaram não serem contrários à greve, mas que desejam a manutenção do calendário escolar, devido à defasagem do ensino por conta da pandemia. “A gente realmente está sendo muito danificado por esses cortes que o governo está fazendo, os servidores ficarem sem salário não é algo correto. Mas a paralisação do calendário não é a melhor maneira de lutarmos contra, porque, mesmo que seja resistência, quem precisa dessa instituição, com certeza, de uma maneira geral, somos nós, alunos”, declarou Lívia Gonzaga, de 16 anos, estudante do IFMG.

Livia está preocupada com a ausência de professores, pois prestará Enem neste ano e acredita que será prejudicada pela greve. “Estou sem professora de português, uma das matérias mais importantes no momento. Queremos estudar, devolvam nosso IF, não estamos com tempo para isso”, complementou.

De acordo com os alunos, a paralisação dos servidores na manhã de sexta-feira os pegou de surpresa, não tendo havido nenhum aviso por parte dos grevistas de que não haveria funcionamento do campus. “Foi uma falta de respeito com nós, estudantes, porque não sabíamos o que estava acontecendo, foi muito ‘do nada’. Eles deveriam pensar nos adolescentes, acabamos de sair de dois anos da pandemia, a saúde mental de todo mundo está muito abalada em relação a isso, estamos com dificuldade e precisamos da escola”, protestou Ana Carolina, de 16 anos, estudante do IFMG Campus Ouro Preto.

Segundo Felipe Paulo Pereira, presidente do Grêmio Estudantil do IFMG, campus Ouro Preto, os alunos, em sua maioria, são favoráveis à greve sem a suspensão do calendário, por conta da situação que os alunos viveram, após dois anos pandêmicos, sem poderem frequentar a unidade de ensino. “Desde o início do ano não tivemos aula presencial, como aconteceram em outras escolas e é de se entender a posição dos alunos, apesar da maioria defender a greve. O sucateamento da educação brasileira é real, mas acreditamos que não é o momento para sermos impedidos de irmos para a escola”, comenta.

A greve foi deliberada, a nível nacional, em uma assembleia de 270 servidores. Mais de 200 campi do IFMG estão em greve atualmente. Em Ouro Preto, há a dificuldade de implementar uma paralisação, tendo em vista a falta de adesão necessária para tal. “Foi um ato político, com todas as entradas fechadas desde às 6h da manhã. Conversaram com os alunos sobre as razões para estarem paralisados” explicou Ricardo Eugênio Ferreira, do comando de greve do IFMG, à Rádio Real FM.

Mesmo com a presença da Polícia Militar, o IFMG dispensou os alunos das aulas desta sexta-feira, devido a uma “tensão institucional”. Porém, de acordo com a instituição de ensino, o calendário continua válido e as aulas, assim como as atividades administrativas dos servidores que não aderiram à greve, serão mantidas.

Confira a nota do IFMG campus Ouro Preto na íntegra clicando aqui.

Todas as entrevistas foram dadas à Rádio Real FM e cedidas à Agência Primaz, com a autorização dos entrevistados.

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A greve

Deflagrada no dia 16 de maio, a greve dos servidores do IFMG teve adesão de todos os campi. A reivindicação dos grevistas é a reposição salarial de 19,99% para os funcionários públicos e o aumento no investimento contínuo na educação, ciência e tecnologia pelo Governo Federal. De acordo com os servidores que aderiram ao movimento, os técnicos administrativos já estão há quase oito anos com os salários congelados, enquanto os professores estão há cinco anos sem reajuste salarial.

Outra reivindicação da greve é a revogação da Emenda Constitucional 95, que institui o teto de gastos, e o arquivamento da PEC 32, que instaura a reforma administrativa.

Além do IFMG, também estão em greve, até o momento, outros sete institutos federais: IFBA; IFPE; IF Sul-RS; IFPA; IFMS; IFAL e IFSC.

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