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Hoje é sexta-feira, 22 de novembro de 2024

Manifestantes pedem direito à moradia e campus da UFOP em Cachoeira do Campo

As reinvindicações foram feitas em uma caminhada, do centro do distrito até o portão do antigo Colégio Dom Bosco

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Manifestantes caminharam do centro de Cachoeira do Campo até o portão do antigo Colégio Dom Bosco - Foto: Reprodução/Facebook
Cerca de 100 pessoas estiveram presentes em uma manifestação em Cachoeira do Campo, distrito de Ouro Preto, na tarde de domingo (10). Os manifestantes partiram do centro do distrito e foram até o portão do antigo Colégio Dom Bosco, reivindicando a destinação de uma área de 520 hectares (equivalente a aproximadamente 730 campos de futebol) para projetos de habitação e preservação do patrimônio histórico.

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O terreno do extinto Colégio Dom Bosco é um lugar importante para a história do estado. No local funcionava o antigo Quartel do Regimento de Cavalaria de Minas Gerais e foi palco da Revolta de Filipe dos Santos e da Inconfidência Mineira. O lugar, inclusive, recebeu o tombamento pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (IEPHA) em 2014. Atualmente, a área pertence à Ordem Salesiana, gerenciada pela Inspetoria São João Bosco, sediada em Belo Horizonte.

De acordo com o vereador de Ouro Preto, Wanderley Rossi Kuruzu (PT), uma polêmica judicial envolvendo o local perdura há anos e, enquanto isso, o prédio passa por um processo de deterioração. “Precisamos acolher as 36 famílias que hoje vivem de aluguel social ou de auxílio. Essas famílias são vítimas das fortes chuvas de janeiro de 2022 e recebem da Prefeitura de Ouro Preto uma quantia de R$700 para pagar um aluguel até que a situação habitacional seja resolvida. Além dessas famílias, ainda existem outras que permanecem morando em uma área de risco com diversas voçorocas, verdadeiros precipícios”, declarou Kuruzu.

Adriana Moreira, uma das atingidas pelas chuvas, relatou que morava à beira do precipício e foi removida após a Defesa Civil interditar a casa onde morava com o marido e um filho. Ela conta que a manifestação de domingo foi para conseguir alguma resposta sobre a questão habitacional em Cachoeira do Campo. “Estou nos programas de acolhimento social da prefeitura, mas vivo angustiada em relação ao meu futuro, é muito ruim perder a casa da gente da noite para o dia e não saber como será o futuro”, relatou.

Abandono

Outra reivindicação dos manifestantes é sobre o estado de abandono que o Residencial Dom Bosco está, enquanto o local aguarda uma decisão judicial. De acordo com o presidente da Associação de Moradores do Residencial Dom Bosco, Isaías Fernandes, o então governador de Minas Gerais, Magalhães Pinto, em 1964, deu posse da área para a Ordem dos Salesianos, que, por sua vez, realizou um empreendimento imobiliário com mais mil lotes de 1.000m² cada.

Segundo Isaías Fernandes, 300 famílias construíram suas casas e, há 45 anos, esperam da Inspetoria Dom Bosco a criação de rede pluvial, rede de esgoto e asfalto, firmados no contrato. “Em 1977, os lotes foram vendidos com a promessa de infraestrutura nunca cumprida pela Inspetoria Dom Bosco. Sobre isso, dois processos tramitam na Justiça de Ouro Preto: um movido pela Associação de Moradores do Bairro e outro movido pelo Ministério Público. Ambos requerem que o Poder Judiciário obrigue a Inspetoria a realizar as obras”, afirmou.

Em contato com a Agência Primaz, a Inspetoria São João Bosco informou que existe uma Ação Civil Pública em curso ajuizada desde 2011 pelo Ministério Público, na qual também figurou como parte autora, o Estado de Minas Gerais, para fazer com que o patrimônio volte para o serviço também da comunidade local, buscando potenciais parceiros. 

A Inspetoria São João Bosco informou ainda que o prédio principal do imóvel, tombado pelo IEPHA-MG, receberá intervenções ainda em 2022. Para isso, foi aberto um processo licitatório para reforma e conservação do prédio com empresas especializadas, com investimento inicial estimado em R$ 4 milhões. 

Após a finalização do processo judicial e das reformas previstas no prédio principal, conforme orientações do IEPHA-MG, órgão com o qual se deve trabalhar em conjunto, em vista da existência do tombamento do imóvel”, informou a Inspetoria São João Bosco, por meio de nota, que também garantiu manter a comunidade informada sobre as intervenções que serão realizadas e sobre a destinação do patrimônio, estabelecendo os devidos diálogos com a comunidade.

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Preservação do Patrimônio

A terceira reivindicação dos manifestantes é em relação à falta de preservação do prédio fundado no século XVIII, onde funcionou o primeiro quartel militar de Minas Gerais. O casarão tem se tornando ruína devido ao litígio que transcorre sobre a destinação do imóvel.

Uma das soluções apontadas pelos manifestantes, para a preservação do imóvel, é a implantação de um campus da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), que tem como tradição utilizar prédios históricos como, por exemplo, o Instituto de Ciências Humanas e Sociais (ICHS), em Mariana.

Não existe articulação em curso, mas a UFOP tem interesse tanto para o aumento, quanto para a criação de novos cursos, caso tenha apoio do governo federal”, declarou a reitora da Universidade, Cláudia Marliére.

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