- Mariana
Encontro de Motociclistas: potência de motos e música no Jardim de Mariana
Depois de dois anos, evento acontece em clima de confraternização, sem incidentes, mas com reclamações de moradores da cidade
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O 13º Encontro de Motociclistas, de abrangência nacional, organizado pelo Vira-Latas Moto Clube, voltou a acontecer em Mariana, na Praça Gomes Freire, depois de dois anos suspenso devido à pandemia. No último final de semana de agosto, o evento trouxe máquinas potentes, som pesado e confraternização sem incidentes, movimentando as vendas dos estabelecimentos comerciais do entorno do Jardim, mas também provocando reclamações de moradores quanto ao fechamento das vias, ao som alto até tarde, e pelos danos causados à praça.
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Organizado pelo Vira-Latas Moto Clube, em comemoração ao seu 15º aniversário, o 13º Encontro Nacional de Motociclistas reuniu a “tribo” de admiradores e usuários de motos de diversas partes do estado e do país. Considerado um dos mais importantes do gênero em Minas Gerais, o evento também teve um caráter beneficente, recebendo doações de alimentos não perecíveis destinados a entidades filantrópicas da cidade.
Além das atrações musicais, o encontro contou com área de camping coberta, no espaço do Centro de Convenções, com segurança 24h, chuveiro quente, café da manhã para motociclistas, troféus para Moto Clubes e Moto Grupos, e sorteio de brindes. Na manhã do domingo (28/08), uma atração especial, foi a realização, também na Praça Gomes Freire (Jardim), da Rua de Lazer da ONG (Organização Não Governamental) Caodomínio, marcando a celebração de um ano de registro da entidade de defesa e proteção dos animais.
Programação do Encontro de Motociclistas
O evento contou com 10 apresentações musicais, que se revezaram no palco montado no Jardim, na noite de sexta-feira (26) e nas tardes e noites de sábado (27) e domingo (28/08), incluindo covers, ou tributo, específicos de bandas famosas, nacionais e internacionais, bem como bandas de estilo mais eclético, todas, porém, com um pé no rock e suas vertentes.
Sexta-feira – 26 de agosto
Com atraso de aproximadamente 1h, justificado pela organização como decorrente da necessidade de ajustes e passagem de som, a primeira atração foi a “The Pink Floyd Collection”, que apresentou um show vibrante e com grande competência instrumental e vocal, percorrendo clássicos da banda britânica, inclusive da fase pós Roger Waters.
Retornando ao evento, depois de uma primeira participação em 2018, Jairo Nascimento, guitarrista e líder da “Pink Floyd Collection”, demonstrou sua satisfação e elogiou a estrutura montada para a edição 2022 do Encontro de Motociclistas. “Foi uma experiência maravilhosa e depois disso tudo que aconteceu aí, pandemia, voltar foi maravilhoso. Público caloroso, cidade maravilhosa. Evento maravilhoso. Todos [estão] de parabéns”, declarou.
No fechamento da noite, subiu ao palco a também mineira “Texas Radio”, especializada em uma mistura clássicos do country, do folk e do bluegrass, inspirados nos gêneros musicais do Texas (Estados Unidos), incluindo músicas de Johnny Cash e Munford and Sons, bem como releituras de bandas como Beatles, Rolling Stones e de cantores como Amy Winehouse e Michael Jackson, o que resultou em um show dançante e de grande aceitação.
Sábado – 27 de agosto
O ponto alto da programação do 13º Encontro de Motociclistas aconteceu no sábado, com abertura das atrações musicais pela banda “Rústicos”, apresentando-se, na sequência as bandas “Hardwired – Metallica Tributo”, “Rock Nights” e “Apetite for Destruction”, com fechamento da “Velotrol”, já em plena madrugada de domingo.
Os integrantes da “Hardwired – Metallica Tributo”, formada em 2020, viajaram de carro durante a madrugada, de Ribeirão Preto (SP), chegando a Mariana poucas horas antes do show, desfalcados do vocalista e guitarrista Rafael Resende, impossibilitado de comparecer devido a questões de saúde. A solução foi o convite a Lucas Turbo, da banda “Militia – BH” que, mesmo de última hora, mostrou uma perfeita sintonia musical com Jéssica di Falchi (guitarra), João Pedro Castro (baixo) e Lucas Favareto (bateria), num show com quase 2h de duração, desfilando os maiores clássicos da banda estadunidense de heavy metal.
Depois da aclamadíssima apresentação, Lucas e os integrantes da “Hardwired”, concederam entrevista exclusiva à Agência Primaz, gravada no Restaurante Rancho da Praça.
Domingo – 28 de agosto
Iniciada na parte da manhã, com a realização da Rua de Lazer da ONG Caodomínio e do Instituto de Defesa dos Direitos dos Animais (IDDA), a programação musical do evento foi encerrada com as apresentações das bandas “Jurassic Park”, “Gritta” e “Legião II”.
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Avaliação do 13º Encontro de Motociclistas
Participantes, organizadores e comerciantes do entorno do Jardim fizeram excelente avaliação da edição deste ano do Encontro de Motociclistas. Os setores e segurança também ressaltaram o clima de cordialidade do evento, sem registro de ocorrências diretamente ligadas a ele, exceto por autuações de trânsito, mas também foram registradas queixas de algumas pessoas da cidade, nas redes sociais e em entrevista feita pela Agência Primaz.
Mamutes do Asfalto Moto Clube
Um dos muitos clubes de motociclismo que participaram do evento foi o Mamutes do Asfalto Moto Clube. Tiago Valadão, presidente do clube existente há mais de 10 anos, ressaltou as questões mais importantes, em sua opinião, a respeito do Encontro de Motociclistas, manifestando sua esperança de que ele tenha continuidade nos próximos anos. “A primeira e maior delas, é a questão da gente poder curtir o rolê que é nosso, né? Curtir uma tradição que a gente já vem usando, pelo menos eu, há mais de dez anos. Em segundo [lugar] a gente movimenta a economia, a gente divulga o motociclismo como uma coisa gostosa, como uma coisa saudável, várias crianças brincando aqui na praça, um evento legal, sem briga, sem nada. [Sobre] o aumento da economia, pelo menos aqui em Mariana, os dados que eu tenho, é maior do que um dia de carnaval. Então nós fazemos um evento que gera mais renda que um carnaval, sendo que o custo é muito menor, pela estrutura que é exposta. Só temos que agradecer que existem pessoas que estão trabalhando sem ter renda ‘pra’ isso, apenas ‘pra’ incentivar o motociclismo e fazer com que essa cultura permaneça e prospere aí nas próximas gerações”.
Vira-Latas Moto Clube
A reportagem da Agência Primaz conversou com Marlon Figueiredo, integrante do Vira-Latas MC e da comissão de organização do evento.
Em relação à avaliação do evento, considerando a participação e atendimento das expectativas, depois de um lapso de dois anos desde a realização do último encontro, Marlon foi taxativo ao declarar sua satisfação. “‘Pra’ mim foi surpreendente, não só do ponto de vista da participação de moto clubes, quanto de moto grupos e de motociclistas organizados, que é o caso da visita que nós recebemos em grande volume da Rota New Walk, que é uma rota organizada por uma das maiores lojas de motocicletas de Belo Horizonte e que desceu um peso ‘pro’ nosso evento assim como todos os moto clubes e moto grupos que participaram de diversas cidades do país de vários estados. Isso foi muito positivo. E em decorrência da pandemia, já era esperado que a gente tivesse um público grande, justamente porque os eventos por onde o moto clube tem viajado estão cheios, as pessoas têm buscado voltar à estrada, voltar aos eventos. Então, foi muito positivo sim, eu acho que as expectativas foram atendidas”.
Marlon ressaltou que o evento contou com uma estrutura muito bem-organizada, que mereceu elogios dos participantes, destacando a disponibilização do Centro de Convenções para acampamento dos motociclistas. “Tanto no que tange à questão do evento em si, quanto em relação aos acessórios do evento, especialmente a área de camping, nós tivemos muitos elogios em relação à organização da área e da limpeza, da qualidade do café da manhã que foi fornecido aos motociclistas. Foi uma avaliação extremamente positiva de todos os moto clubes e moto grupos e deu tudo certo de acordo com aquilo que a gente planejava”, declarou.
O impacto econômico do evento foi outro dos pontos considerados, por Marlon, como fundamentais. “‘Pra’ mim é um dos pontos fulcrais do evento. Porque é um evento que nós não abrimos espaço ‘pras’ pessoas de fora venderem bebidas e comidas. As únicas pessoas de fora que vem são os barraqueiros de acessórios de motociclistas que são itens que não são vendidos na cidade”, afirmou, reforçando o argumento que os recursos arrecadados permanecem na cidade, mas também existe a possibilidade de os moradores terem acesso a produtos que não são encontrados na cidade. “Então a gente traz essas pessoas ‘pra’ poder fazer a comercialização aqui, em benefício da população que compra, que gosta dos itens, que são únicos. O nosso foco é atender o comércio local e sempre foi”, pontuou.
Destacando que o evento integra o calendário oficial da cidade, com previsão legal de apoio da Prefeitura de Mariana, Marlon revela que houve considerável redução dos gastos, de modo a permitir que o evento pudesse ser realizado na Praça Gomes Freire (Jardim). “A gente teve a oportunidade de crescer o evento, inclusive por ser um evento do calendário cultural, instituído por lei municipal, previsto no orçamento da cidade. E a gente tinha uma previsão de investimento no evento de R$300 mil, enquanto foi gasto aproximadamente R$80 mil. A gente teria a oportunidade de crescer o evento de uma forma muito considerável, trazendo grandes atrações, mas nós optamos por não fazer dessa forma, porque a nossa ideia é manter um evento que caiba dentro do Jardim, caiba na nossa casa que é o centro histórico da cidade de Mariana. E, dessa forma, a gente consegue trazer benefícios não só ‘pro’ Moto Clube Vira-Latas, quanto ‘pro’ comércio local, ‘pras’ pessoas da cidade que tem um acesso muito mais fácil ao centro da cidade do que um evento, por exemplo, na Mina Del Rey. A gente tem que trazer o turista ‘pra cidade’, ‘pra’ mostrar o que há de mais de melhor, de mais bonito na cidade. E nada mais bonito na cidade do que a Praça Gomes Freire e seu entorno. A Praça da Sé, a Praça Minas Gerais e o nosso núcleo histórico como um todo”.
Outro aspecto positivo apontado por Marlon é a visibilidade produzida pelo evento. “É um encantamento geral, de todos que vem ao evento, inclusive das bandas. Várias fotos foram registradas na cidade, nos pontos turísticos da cidade, não só na Praça Gomes Freire, na Praça Minas Gerais, na Praça da Sé, na Igreja de São Pedro. E é isso, a gente precisa: trazer o turista ‘pra’ ver o que tem de bom na cidade, fazer um passeio bacana, e ter Mariana como referência ‘pra’ poder retornar assim que possível. A gente tem que mostrar às pessoas o que há de melhor na cidade”, enfatizou.
Marlon Figueiredo ainda mencionou a questão da arrecadação de aproximadamente meia tonelada de alimentos, bem como a parceria com a ONG Caodomínio e do Instituto de Defesa dos Direitos dos Animais (IDDA). “Outra coisa que eu queria registrar também, é arrecadação das doações de alimentos não perecíveis que ocorreu durante o evento, e que essa semana ainda será entregue a alguma instituição filantrópica do município. Alguma instituição que esteja mais vulnerável vai receber essa doação assim que a gente tiver a relação da condição de cada uma dessas instituições, que nos vai ser passada pela Secretaria de Desenvolvimento Social e Cidadania. Isso também é algo importante ser registrado porque é mais uma causa social do evento, além da participação da ONG Caodomínio e do IDDA, que participaram ali com projetos de conscientização contra maus tratos aos animais, promovendo também uma rua de lazer gratuita ‘pras’ crianças”.
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Comerciantes
A Agência Primaz conversou com Artur Malta, proprietário de estabelecimentos comerciais na Praça Gomes Freire, que se mostrou muito satisfeito com o resultado do volume de vendas durante o evento. Para ele, o Encontro de Motociclistas é de fundamental importância para o reerguimento do comércio no local, principalmente depois das dificuldades decorrentes da pandemia da Covid-19, e um dos fatores que o motivaram a se estabelecer na Praça Gomes Freire. “É um dos eventos mais rentáveis entre os que acontecem na cidade. Eu comecei [os empreendimentos] depois do início desse evento, e esse foi um dos fatores que influenciaram meu plano de negócios”, declarou.
A Assessoria de Comunicação da Prefeitura de Mariana divulgou, nas redes sociais, depoimentos de comerciantes do entorno do Jardim, como Celso Neves e Nádia, nos quais é ressaltado o aspecto positivo do Encontro de Motociclistas, bem como a diversidade de público-alvo nos eventos que vem sendo realizados nos últimos meses.
“Esse evento sempre foi muito bom. (…) E dessa vez também não decepcionou. (…) Todo mundo ficou satisfeito”, afirmou Nádia.
“Com certeza, quanto tem eventos na praça [Jardim], ou na Praça Minas Gerais, todos esses eventos favorecem a gente, porque mantém o povo dentro da cidade. Então, acaba sendo muito bom para o comércio. E essa programação, este ano, tem sido bem diversificada. (…) Praticamente todo mês teve um bom evento, e tem ajudado muito o comércio, porque a gente passou muito aperto durante a pandemia. E, agora, a gente ‘tá’ tentando respirar melhor”, afirmou Celso.
Guarda Municipal e Polícia Militar
De acordo com as forças de segurança de Mariana, o evento foi altamente positivo, sem nenhuma ocorrência policial relacionada ao Encontro de Motoqueiros.
“No sistema eu não vi nada de anormal em relação a esses dias [de sexta a domingo]”, afirmou Valério Freitas, da Guarda Municipal, em contato com a Agência Primaz. “Por parte da Guarda Municipal, segundo o relato do pessoal que esteve à frente do serviço nesses dias, não teve nenhuma situação que exigisse a atuação da Guarda [Municipal]. Os únicos problemas foram em relação a trânsito, estacionamento. Muitos veículos foram notificados devido a estacionamento irregular, principalmente ali na Praça Minas Gerais, no gramado da Câmara”, completou.
Também por parte da Polícia Militar, não houve nenhuma ação ou incidente. “Foi um evento tranquilo, muito bem planejado. Quem dera que todos os eventos com o grau de planejamento e execução desse”, ressaltou Thiago Mota, 1º Tenente da 239ª Companhia da Polícia Militar de Minas Gerais, sediada em Mariana.
Marlon Figueiredo também se manifestou em relação a esse aspecto do Encontro de Motociclistas. “Eu fiz questão de passar em todos os policiais, em todos os guardas no final do evento, no domingo à noite. Perguntei ‘pra’ eles se tinha corrido tudo bem e eles falaram que correu super bem. Então, pelo que me consta, registro zero de ocorrência. Parece que transcorreu em absoluta paz”.
Reações contrárias
Pelas redes sociais, algumas manifestações contrárias, ou pelo menos com restrições à forma de realização dos eventos no Jardim, começaram a surgir ainda mesmo antes do encerramento do evento.
Às 19h54 do domingo (28), por exemplo, Luciano R. Santos postou texto a esse respeito, condenando a não liberação do trânsito no entorno do local, bem como a manutenção do som depois das 18h. “Fica uma sugestão da necessidade de se fazer urgente um termo de ajustamento de conduta com o objetivo de racionalizar as demandas dos eventos no que diz respeito aos desbloqueios das ruas do Centro Histórico e sonorização após as 18 horas do Domingo”, escreveu, ressaltando a importância dos eventos para fomento da indústria do turismo.
Para o internauta, nesse horário, “os turistas e os participantes dos eventos já se deslocaram, em sua maioria, para suas Cidades de origem”, enquanto “a população nativa, principalmente a idosa, precisa se deslocar utilizando veículos, por causa de comorbidades, para irem aos templos para missa e cultos das dezoito”, acrescentando que “muitas pessoas, por vários motivos, pedem comida no modelo delivery e o bloqueio é uma dificuldade para os entregadores chegarem [a] alguns estabelecimentos, e até preferem recusar o pedido”.
Lembrando que muitas pessoas precisam de descanso no domingo, para se prepararem para o trabalho na segunda-feira, Luciano rotula como insensatez a manutenção dos bloqueios de trânsito, fazendo um apelo ao diálogo para a solução do problema. “A cidade, a partir deste horário tem por obrigação econômica virar a chave para quem já vai trabalhar na segunda feira. Manter as ruas bloqueadas após este horário é pura insensatez para agradar meia dúzia de gatos pingados, ouvindo música em pleno domingo à noite. (…) Se não houver uma determinação para o desbloqueio das ruas a partir das 18 horas do domingo, sem nada que justifique, vai ficando impossível para os moradores. Certamente uma coisa simples, que poderia ser acordada, vai acabar sendo judicializada sem a menor necessidade. É só agir com o bom senso”, finaliza o texto do post.
Nos comentários, opiniões como “o Centro histórico virou um sanitário a céu aberto”; “triste demais essa realidade”; “esse tipo de evento não deveria acontecer no centro histórico”, entre outros, além de uma manifestação a respeito de projeto de lei aprovado pela Câmara Municipal, determinando que “durante os finais de semana, sábados, domingos e feriados, a Praça Gomes Freire, nos trechos da Rua Dom Viçoso a partir do número 296 esquina com a Rua Frei Durão até esquina com a Rua do Seminário e na Rua Barão de Camargos do número 92 esquina da Travessa João Pinheiro até a esquina da Rua Silva Jardim serão interditadas com a finalidade de incentivar a prática de atividades de lazer, cultura, entretenimento e comércio”.
Para Ana Cristina de Souza Maia, presidente do Conselho Municipal de Patrimônio (Compat), a questão é ainda mais grave devido à falta de cuidado com o patrimônio público. “É indefensável a realização desses eventos no Jardim”, declara, lembrando que a reforma do local custou uma fortuna, mas os frequentadores dos eventos pisam nos canteiros e espalham lixo em qualquer lugar.
Reforçando suas palavras, Ana Cristina disponibilizou para a Agência Primaz uma série de vídeos que gravou no domingo à noite.
A presidente do Compat afirma que tem tentado dar continuidade a essa discussão, envolvendo todos os atores, reclama da omissão das autoridades, por exemplo em relação à demora na aprovação do Plano Diretor, elaborado há dois anos e da instabilidade econômica. “A quem interessa esse tipo de evento, quem lucra com isso? A população, como um todo, certamente não é”, finaliza.
Questionado a esse respeito, Marlon Figueiredo afirma que sempre existiu a possibilidade de realização do Encontro de Motociclistas em outro local, o que, inclusive poderia ser benéfico, economicamente, para o Vira-Latas Moto Clube. Mas destaca que não é esse o foco da entidade “A possibilidade existe sim, ela sempre existiu. Mas sempre foi uma escolha nossa de não fazer o evento em outro local. A gente poderia fazer um evento muito maior em outro local. (…) A gente poderia muito bem fazer um evento na Mina Del Rey, com grandes atrações, e vender a praça de alimentação do evento. O moto clube lucraria rios de dinheiro. Enquanto entidade sem fins lucrativos que é, seria excelente ‘pra’ manutenção das atividades que a gente vem batalhando há anos. (…) Seria o momento da gente conseguir recurso ‘pra’ construir uma sede própria do moto clube. Seria ótimo, mas essa não é o a função do moto clube. A função do moto clube é trazer benefício ‘pra’ todos. É uma entidade sem fins lucrativos que tem um cunho social. (…) O que a gente quer é um evento sustentável, que todo mundo saia ganhando e que saia ganhando por meio do trabalho. Que as pessoas trabalhem durante o evento, ganhem seu recurso E é bom frisar nesse ponto que o moto clube em si a equipe do Moto Clube que faz a promoção do evento a organização do evento não ganha um real ‘pra’ fazer isso. É um trabalho cem por cento voluntário. Ninguém ganha absolutamente nada ‘pra’ trabalhar no evento”, argumenta.
Marlon vê com tranquilidade as reclamações a respeito do fechamento das vias, mas ressalta que o convívio em sociedade também deve levar em consideração a situação econômica crítica imposta aos comerciantes pela pandemia. “Em relação às reclamações de fechamento das vias, e de outras poucas reclamações pontuais, eu vejo isso aí de uma forma muito natural. Porém, isso é natural do convívio em sociedade. Por que que eu digo natural do convívio em sociedade? Nós vimos o que os comerciantes locais passaram durante o período da pandemia, muitos fecharam as portas. Os comerciantes do centro histórico, [do entorno do] do Jardim, tiveram extrema dificuldade de manter seus comércios funcionando, e eu acho extremamente egoísta as pessoas que se incomodam com dois dias de fechamento de via, três dias de fechamento de via, em detrimento do lucro dessas pessoas que estão ali pagando imposto, trabalhando, gerando emprego, gerando receita, gerando várias oportunidades de negócio. Então, eu acho que o convívio em sociedade exige que a gente ceda, às vezes, ‘pra’ poder beneficiar os que precisam de determinado apoio em determinado momento, que é o caso do comércio. O comércio precisa de eventos assim ‘pra’ poder continuar suas atividades, gerando emprego, gerando oportunidades ‘pras’ pessoas, gerando receita ‘pro’ município. Então, por mais que haja pessoas que reclamem em relação a isso, é uma questão de botar a mão na cabeça e pensar o que vale mais: o meu conforto sempre, ou fazer o bem ao próximo que, no caso, é o comerciante e seus colaboradores?”, questiona Marlon.
Motociclista ou motoqueiro?
A Agência Primaz apresentou a Marlon Figueiredo uma questão relativa a adesivos vistos nos coletes de muitos participantes do evento, onde se lia: “Motoqueiro é a p*t* que p*r*u”. Com bom humor, Marlon esclarece que se trata, na verdade, de uma brincadeira. “Isso é uma brincadeira que acontece desde sempre. Todos os moto clubes brincam de não gostar de ser chamado de motoqueiro, justamente porque o motociclismo exige regras, e a principal são as leis de trânsito. Então, como existe aí sim, por parte de alguns motoqueiros, o descumprimento de algumas normas de trânsito, alguns motociclistas não gostam de ser chamados de motoqueiro. Isso é uma brincadeira com essa questão de serem [os moto clubes] entidades organizadas, e que são respeitosas no que tange à questão da lei de trânsito. Não é nada no sentido pejorativo, mesmo porque ser motoqueiro não é pejorativo, é o trabalho dos caras, é o ganha pão. E a gente tem só que agradecer porque, se não fossem eles, principalmente nesse período da pandemia, a gente teria uma vida bem mais difícil, bem mais complexa”, finaliza o integrante do Vira-Latas Moto Clube e da comissão organizadora do evento.