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Hoje é sexta-feira, 20 de setembro de 2024

Jovens de Furquim são destaque no xadrez dos Jogos Escolares de Mariana

Alunos e alunas da Escola Estadual Monsenhor Morais, do distrito marianense, ganharam cinco das seis medalhas em disputa

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Sobre fundo branco, a logomarca da Agência Primaz, em preto, e a logomarca do programa Google Local Wev, em azul, com linhas com inclinações diferentes, em cores diversasde cores diversas
No palco da Arena MJovens estudantes disputam partidas de xadrez, nos Jogos Escolares de Mariana, em mesas colocadas no palco da Arena Mariana
Praticantes do xadrez disputam partidas nos Jogos Escolares de Mariana, sob o olhar atento do árbitro – Foto: Luiz Loureiro/Agência Primaz

Medalha de Ouro dos Jogos Escolares de Mariana, Claudilene é uma das mais promissoras integrantes do Clube de Xadrez da Escola Estadual Monsenhor Morais. Campeão do Módulo 1 Feminino, na etapa microrregional dos Jogos Estudantis de Minas Gerais, disputada em Ouro Preto, ela conquistou o 2º lugar na regional de Pará de Minas, ocupando a 11ª posição estadual, depois da final que aconteceu em Uberaba, no final de julho.

De acordo com Miguel, este é um feito a ser comemorado, já que as adversárias são bem mais experientes e têm condições e apoio muito maior do que Claudilene, que pode se desenvolver ainda mais, principalmente se conseguir participar de mais edições da competição.

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A disputa de xadrez, nos Jogos Escolares de Mariana, aconteceu no domingo (04), segundo dia de disputas, com os tabuleiros montados no palco da Arena Mariana.

Os 17 atletas-estudantes inscritos foram divididos em dois módulos, de acordo com o ano de nascimento. No Módulo 2 ficaram os nascidos entre 2005 e 2007, enquanto os de 2008 a 2010 integraram o Módulo 1, ambos com meninos e meninas se enfrentando, com diferentes formas de disputa, devido ao número diferente de inscrições em cada agrupamento.

Módulo 1

Com oito meninos e quatro meninas, o Módulo 1 foi disputado em cinco rodadas, com partidas definidas pelo sistema suíço de emparceiramento, em que os adversários são escolhidos por sorteio na primeira, e enfrentando-se nas seguintes os enxadristas com pontuação igual ou mais próxima possível.

Sob supervisão do árbitro Wagner Terenze de Resende, que integra os quadros da Federação Mineira de Xadrez e da Confederação Brasileira de Xadrez.

Já no início da disputa, um dos focos da atenção era Helena Colen Lobo Silame, de apenas seis anos, cuja participação foi uma concessão da organização dos Jogos Escolares de Mariana, uma vez que ela tem a metade da idade dos mais novos integrantes do Módulo 1.

Mesmo muito mais nova que os adversários, Helena Silame conquistou duas vitórias – Foto: Luiz Loureiro/Agência Primaz

Ao término das rodadas, a Escola Estadual Monsenhor Morais conquistou três medalhas, com Claudilene Amélia de Jesus em 1º, Luan Daniel Fonseca em 2° e Bruna Cota Eusébio em 3º lugar.

No pódio, colocado à frente de painel dos Jogos Escolares de Mariana, Luan, Claudilene e Bruna mostram as medalhas conquistadas no Módulo 1 de Xadrez
Luan, Claudilene e Bruna (da esquerda para a direita), com as medalhas do Módulo 1 – Foto: Luiz Loureiro/Agência Primaz

Medalha de Ouro dos Jogos Escolares de Mariana, Claudilene é uma das mais promissoras integrantes do Clube de Xadrez da Escola Estadual Monsenhor Morais. Campeão do Módulo 1 Feminino, na etapa microrregional dos Jogos Estudantis de Minas Gerais, disputada em Ouro Preto, ela conquistou o 2º lugar na regional de Pará de Minas, ocupando a 11ª posição estadual, depois da final que aconteceu em Uberaba, no final de julho.

De acordo com Miguel, este é um feito a ser comemorado, já que as adversárias são bem mais experientes e têm condições e apoio muito maior do que Claudilene, que pode se desenvolver ainda mais, principalmente se conseguir participar de mais edições da competição.

Módulo 2

Com apenas cinco estudantes inscritos, o Módulo 2 foi disputado no sistema “round robin”, com enfrentamentos todos contra todos, resultando em cinco rodadas, com um enxadrista de folga em cada uma, situação chamada de “bye”.

Com quatro vitórias em quatro partidas, Leandro Tiago Fonseca conquistou sua terceira medalha de ouro nos Jogos Escolares de Mariana, tendo sua colega Claudineia Aparecida de Jesus como vice-campeã. Completando o pódio, Matheus Antunes de Oliveira, da Escola Municipal Dom Luciano Mendes de Almeida, do bairro Rosário, impediu que todas as medalhas fossem levadas para o distrito de Furquim.

No pódio das disputas de xadrez do módulo 2 dos Jogos Escolares de Mariana, os medalhistas Claudilene, Luan e Matheus
Xadrez JEM_Pódio Módulo 2

Com os resultados obtidos, a equipe da Escola Monsenhor Morais, reafirma a supremacia no xadrez escolar, em Mariana, graças ao trabalho desenvolvido no Clube de Xadrez implantado por Miguel magalhães Neto, que lamenta a falta de incentivo à atividade, nas demais escolas municipais e estaduais da Região dos Inconfidentes

Prof. Miguel, em foto com os integrantes do Clube de Xadrez da Escola Estadual Monsenhor Morais, posando para foto depois das disputas nos Jogos Escolares de Mariana
A equipe de xadrez da Escola Monsenhor Morais, com o Prof. Miguel Magalhães e a pequena Helena, ao centro, leva para o distrito de Furquim cinco das seis medalhas em disputa - Foto: Luiz Loureiro/Agência Primaz

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Importância do xadrez no processo educacional

Prestigiando a competição e garantindo o sucesso e a lisura das disputas, o árbitro Wagner Rezende, ressaltou os objetivos do xadrez no âmbito dos Jogos Escolares de Mariana. “Há diversos estudos sobre a importância do xadrez na formação, na educação, no processo educacional. [O xadrez] desperta o raciocínio lógico, a capacidade de antever o que pode acontecer, e é também uma chance do estudante atleta exercer o autocontrole. E a proposta do xadrez, dentro do contexto do esporte, não é transformar as crianças em campeãs e campeões. É o processo educacional mesmo, porque nem todo mundo tem biotipo para outras modalidades, mas tem para o xadrez. Então, dentro dessa proposta, eu acho o xadrez colabora muito com a com a educação do estudante atleta. Nem precisa ser um grande mestre depois, um mestre internacional, não precisa”, declarou Wagner à reportagem da Agência Primaz, depois da conclusão do torneio de xadrez.

Árbitro da competição de xadrez dos Jogos Escolares de mariana recolhe os materiais utilizados nas mesas colocadas no palco da Arena Mariana
As partidas de xadrez tiveram arbitragem de Wagner Terenze Rezende, vinculado á Federação Mineira de Xadrez (FMX) e à Confederação Brasileira de Xadrez (CBX) - Foto: Luiz Loureiro/Agência Primaz

Wagner ressaltou o papel da arbitragem em torneios entre estudantes: “A arbitragem, em jogos entre enxadristas pouco experientes, ela é mais didática, ela é muito mais educativa do que punitiva. Isso não quer dizer que as regras não valham, valem sim! Só que o árbitro tem um cuidado de explicar melhor o que está acontecendo na mesa, sem ensinar o estudante atleta ou aquele que tem pouca experiência. Então, o árbitro tem que ter o bom senso e entender que, naquele nível, uma explicação é muito melhor que uma tomada de atitude mais drástica”, explicou.

E ainda elogiou o nível dos participantes, com destaque para a atuação da pequena Helena Silame. “Eu achei que [o nível de jogo] está muito bom, muito bom mesmo. Tem uns garotos que estão jogando direitinho a fase de aberturas, o meio do jogo… E gostei muito, especialmente, de uma menininha que estava jogando aqui, muito novinha, com apenas seis anos. Eu achei muito legal vê-la jogar assim, e acho que ela deveria continuar estudando”, finalizou o árbitro.

Clube de Xadrez

Em primeiro plano, tabuleiro de xadrez, colocado no chão do pátio da Escola Monsenhor Morais, com algumas peças brancas e pretas
O ensino de xadrez, na Escola Estadual Monsenhor Morais, no distrito de Furquim, foi inserido na disciplina Educação Física - Foto: pedro Olavo/Agência Primaz

A iniciativa de ensinar o jogo para as crianças foi do professor de educação física Miguel Magalhães Neto. O projeto começou a ser idealizado em 2017, quando Miguel foi efetivado na Escola Estadual Monsenhor Morais. Ele conta que já havia trabalhado em várias escolas da região, mas por não ser efetivado e não ficar muito tempo ensinando em apenas uma escola, nunca pôde criar um grupo de xadrez, mas foi em Furquim que surgiu a oportunidade de passar seus conhecimentos de enxadrista para as novas gerações.

O projeto tem mostrado excelentes resultados. Na última competição microrregional de xadrez, dos 11 alunos que Miguel inscreveu, nove conseguiram classificação para a etapa dos Jogos Estudantis de Minas Gerais. Desses, entretanto, somente seis puderam participaram da etapa realizada em Pará de Minas, teve Claudilene como vice-campeão do Módulo 1 Feminino.

Mas não é só no xadrez que os alunos estão apresentando melhor desempenho. A pedagoga Daniele Pimenta do Nascimento, que acompanha os alunos da Escola Monsenhor Morais, explica que os alunos do Clube de Xadrez vêm apresentando melhor organização, raciocínio lógico, concentração e controle de tempo nas demais disciplinas.

Tanto Daniele, quanto Miguel, defendem a ideia de que o xadrez deveria ser uma disciplina obrigatória em todas as escolas públicas do país, tanto pelos efeitos positivos que o jogo proporciona, quanto por ele ser uma excelente ferramenta para gerar interações entre escolas de diferentes localidades, estimulando um espírito competitivo e amistoso entre os alunos.

Porém, mesmo com os bons resultados, Miguel conta que vem enfrentando dificuldades para ensinar xadrez aos alunos. Segundo ele, a escola precisa de reformas estruturais já que não há um local específico onde ele possa lecionar xadrez e que, no momento ele disputa espaço na cantina e na biblioteca para dar as aulas. Também há carência de equipamentos que são importantes nos jogos, como o relógio para marcar o tempo de cada jogador na partida.

Na galeria abaixo, em fotos de Pedro Olavo, registros das atividades de uma das reuniões do Clube do Xadrez, realizadas durante visita da Agência Primaz à Escola Estadual Monsenhor Morais, no distrito de Furquim.

Miguel explica que é difícil encontrar horários em que todos os alunos interessados possam participar, pois muitos moram em distritos vizinhos e precisam utilizar o transporte público para se deslocarem para suas casas. E ainda alega ter dificuldades em convencer alguns pais de alunos que a atividade está contribuindo com o aprendizado dos filhos, e não o contrário.

Mesmo com as dificuldades, ele diz continuar lutando para manter o projeto e comenta que no Brasil há uma certa resistência para empregar o xadrez nas escolas, já que o jogo não está diretamente ligado à cultura nacional, fato que ele sentiu na própria trajetória no xadrez. Ele conta que, mesmo sendo um bom aluno, era muito preguiçoso e só quando um professor de matemática passou a pressioná-lo nos estudos, ele começou a se dedicar mais. Foi nesse período que ele conheceu o xadrez, por meio de um jogo do videogame Super Nintendo. O jogo era todo em inglês, mas ele recorreu a um dicionário e começou a se esforçar para aprender já que, segundo ele mesmo, todos na época falavam que “quem joga xadrez fica muito inteligente”.

Quando ele conseguiu aprender xadrez nunca mais parou, entrou em vários campeonatos e, em 2007, fez um curso específico para se tornar instrutor de xadrez. Graduado em Educação Física, em 2009, Miguel começou sua trajetória, como professor, tentando ensinar xadrez nas escolas. Hoje, ele até se impressiona com o desempenho de seus alunos.

Na reunião do Clube de Xadrez acompanhada pela reportagem da Agência Primaz, Miguel apresentou aos alunos uma situação de jogo na qual eles deveriam descobrir quais movimentos seriam necessários para derrotar o oponente em 4 jogadas. Miguel não sabia os movimentos necessários ainda e, enquanto ele tentava resolver, um dos alunos levantou a mão e começou a falar os movimentos necessários, antes mesmo do professor descobri-los.

Partida simultânea disputada pelo professor Miguel Magalhães, contra sete integrantes do Clube de Xadrez - Foto: Pedro Olavo/Agência Primaz

No final das atividades do Clube de Xadrez, realizadas durante a visita da Agência Primaz à Escola Monsenhor Morais, Miguel disputou partidas simultâneas contra sete alunos e alunas, sendo derrotado por uma delas.

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