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Hoje é sexta-feira, 20 de setembro de 2024

Atleta marianense sobe ao pódio da elite do Iron Biker 2022

Liege Walter foi a 3ª colocada da categoria geral feminina, na prova disputada em Mariana

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Sobre fundo branco, a logomarca da Agência Primaz, em preto, e a logomarca do programa Google Local Wev, em azul, com linhas com inclinações diferentes, em cores diversasde cores diversas
Pódio da elite feminina do Iron Biker 2022
Liege Walter conquistou a 3ª posição na classificação geral feminina, em percursos que exigiram muito esforço das competidoras – Foto: Divulgação/Iron Biker

A edição 2022 do Iron Biker, a 9ª consecutiva realizada em Mariana, foi marcada pela participação de mais de 2 mil inscritos para provas de muito esforço físico, devido à altimetria, com a marianense Liege Walter subindo ao pódio como 3ª colocada na classificação geral da elite feminina. A vencedora foi Aline Fátima Mariga Cavaglieri (Sorriso/MT), seguida por Lorena Ranchel Marques (Porteirinha/MG). Na elite masculina, o medalhista olímpico suíço, Christoph Saucer venceu disputa acirrada com Hallyson Henrique Ferreira (Patrocínio/MG).

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O Iron Biker 2022 teve como novidade o percurso escolhido para os dois dias de disputa, que foi bastante comentado pelos ciclistas. No sábado (17), os atletas da maior prova de mountain bike da América Latina relataram um número elevado de subidas e algumas delas bastante longas – com distância de 97km no percurso completo e 65km no reduzido, passando pelos distritos de Mainart, Monsenhor Horta e Águas Claras.

No dia seguinte (18), em percursos de 73km (completo) e 63km (reduzido), os atletas passaram pelo reassentamento de Bento Rodrigues e pelos distritos de Camargos e Bandeirantes, percorrendo trilhas inovadoras e com características que fogem àquelas que, normalmente, são vistas em provas de ciclismo.

Após a largada do percurso completo, na manhã de sábado (18), o secretário municipal de Esportes, Bruno Freitas, já comemorava o sucesso do evento, sua importância para a cidade e falou, à Agência Primaz, sobre suas expectativas para 2023.

Mais um ano, né? Eu acho que é um dos eventos mais esportivos mais importantes do nosso município, que fomenta não só o esporte, mas o turismo e a economia local. E completar, no ano que vem, 10 anos de Iron Bike ininterruptos, é muito importante ‘pro’ nosso município. A cidade abraçou o evento e isso é importante não só ‘pra’ nossa economia, mas também incentivando cada vez a mais a prática do esporte mountain bike”, declarou Bruno.

Na mesma linha, Lucas Fonda, um dos responsáveis pela organização da prova, também falou sobre suas expectativas para o próximo ano. “As expectativas são as melhores possíveis, vamos completar ano que vem 10 anos de história junto com Mariana, consecutivamente, e 30 anos de Iron Biker. É muita alegria ‘pra’ gente, poder estar aqui em Mariana, a cidade que nos acolheu com muito carinho”.

Também fez menção a características específicas da edição de 2022, e da presença de um renomado atleta na prova. “Nesse ano vai ter um percurso inédito, a gente vai atravessar ali ‘pro’ lado da Serrinha, que é uma região nova; Mainart, que a gente nunca passou antes.  E a gente também tem a presença do Christoph Saucer, que é medalhista olímpico, campeão mundial, que está elevando ainda mais a imagem do Iron Biker”, afirmou Lucas.

Desafios dos percursos do Iron Biker 2022

Competidores da elite do Iron Biker 2022, posicionados para a largada do percurso completo, no sábado (17). Ao centro, Aline Cavaglieri (placa 23), ao lado de Lorena Marques (placa 31). À direita da foto, o atleta marianense Thiago Souza (placa 7)
Competidores da elite do mountain bike, posicionados para a largada do percurso completo, no sábado (17). Ao centro, Aline Cavaglieri (placa 23), ao lado de Lorena Marques (placa 31). À direita da foto, o atleta marianense Thiago Souza (placa 7) – Foto: Luiz Loureiro/Agência Primaz
A edição 2022 do Iron Biker, a 9ª consecutiva realizada em Mariana, foi marcada pela participação de mais de 2 mil inscritos para provas de muito esforço físico, devido à altimetria, com a marianense Liege Walter subindo ao pódio como 3ª colocada na classificação geral da elite feminina. A vencedora foi Aline Fátima Mariga Cavaglieri (Sorriso/MT), seguida por Lorena Ranchel Marques (Porteirinha/MG). Na elite masculina, o medalhista olímpico suíço, Christoph Saucer venceu disputa acirrada com Hallyson Henrique Ferreira (Patrocínio/MG).

Durante o tempo de espera para a chegada dos competidores, no 1º dia de provas, a Agência Primaz ouviu espectadores da prova, em particular acompanhantes de competidores que vieram de outros estados.

Esilene Arruda veio do Pará, acompanhando seu marido, inscrito no Iron Biker pela primeira vez, no percurso completo, categoria Master B1. “É a primeira vez que que meu esposo está participando dessa prova do Iron Bike ele se inscreveu na categoria master B né? Que é de 40 a 45 e cinco anos”.

Ele [Roseaildo Arruda] já participou de algumas provas lá no Pará, mas assim, provas locais, dentro do nosso estado. Foi a primeira prova fora do estado que ele fez, ele já pedala há uns cinco anos, sempre quis se desafiar, e ouvimos falar no Iron Bike”, declarou a paraense, revelando que vieram sozinhos e que procuraram informações na internet para chegar a Mariana.

A variação de altimetria da prova foi, segundo Esilene, o principal desafio de seu marido. “Como nós somos do estado do Pará, a nossa região não tem essa altimetria toda, nós não somos acostumados com morros, né? A gente não tinha noção de como era. Você vê a altimetria no [aplicativo] Strava, só aqueles picos, é uma coisa. E na realidade é bem diferente!”, pontuou.

Esilene afirmou que a realidade de seu estado, em termos de topografia, não permite uma preparação mais específica, aumentando o desafio enfrentado por Roseaildo. “Não teve uma preparação adequada até porque a gente não tem esse tipo de elevação no nosso estado. Então, a preparação foi a de sempre, os treinos leves que ele fazia, os longões. Mas, ‘pra’ gente ter 800m de altimetria, a gente tem que pedalar 100km, e aqui, no primeiro dia, deu quase 3 mil”, finalizou.

Esilene e Roseaildo vieram do Pará para a primeira experiência no Iron Biker Brasil
Esilene e Roseaildo vieram do Pará para a primeira experiência no Iron Biker Brasil – Fotos: Luiz Loureiro/Agência Primaz

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Em mensagem de voz encaminhada à Agência Primaz, na noite de sábado, Roseaildo falou das dificuldades, comemorou o resultado do 1º dia de prova, e prometeu voltar em 2023. “Era eu contra eu mesmo. Eu olhava ‘pra’ subida e dizia que eu ia passar a bike e, graças a Deus não aconteceu nada [de errado]. E eu fiquei na posição 60 de 185 [inscritos] na B1. Eu pretendo voltar sim, com certeza! O que eu espero ‘pra’ amanhã [domingo] é um percurso um pouco mais leve, e espero terminar a prova. Estou me sentindo bem, graças a Deus não deu câimbra, e vou descansar agora ‘pra’ prova amanhã”, declarou o atleta.

Também acompanhando o marido, Fabiana Medeiros viajou quase 1,5 mil quilômetros de avião, de Maceió até Belo Horizonte, para que Fernando participasse do Iron Biker 2022, desta vez inscrito no percurso reduzido, em função de sua idade. “Fernando tem 57 anos e ‘tá’ na categoria C2 esse ano. Ele fez o percurso B, porque como tem mais de 55 anos ele não pode mais fazer o percurso completo. Mas ele sempre fez, todas as outras vezes que ele participou, ele sempre fez o percurso A”, informou Fabiana, ressaltando que Fernando já participa do Iron Biker desde 2008, mas sem continuidade total, já que moraram algum tempo no exterior, a partir de 2012.

O atleta, de acordo com Fabiana, também não pôde participar da retomada da competição, no ano passado. A gente não veio em 2021, por causa da pandemia. Quando mudou de data, ‘pra’ novembro, a gente optou por não vir”, finalizou.

Ao lado de uma amiga, Fabiana Medeiros (à esquerda), demonstrou muita alegria em voltar a Mariana mais uma vez
Ao lado de uma amiga, Fabiana Medeiros (à esquerda), demonstrou muita alegria em voltar a Mariana mais uma vez – Foto: Luiz Loureiro/Agência Primaz

Também por mensagem de voz, encaminhada à Agência Primaz no final do 1º dia do Iron Biker 2022, Fernando Teixeira Medeiros comentou sobre a dificuldade de fazer um treinamento adequado à altimetria da edição deste ano. “O Iron Biker sempre teve uma altimetria muito parecida todos os anos que eu fiz. Então nós estávamos treinando, com planilha de treino, em cima de uma altimetria que a gente estava supondo que fosse igual à dos outros anos. Mas não foi, eles praticamente dobraram a altimetria, e o que é pior, soltaram a altimetria desse ano muito em cima da prova”, declarou, ressaltando que foi necessária a alteração do plano de treinos em função disso.

Outro fator importante, segundo o atleta, foi a baixa temperatura em Mariana, à qual ele não está acostumado. “O que mudou, que eu senti bastante, pelo menos de forma particular, foi o frio. Nós, lá no Nordeste, não temos um frio desse, não estamos acostumados. Então a gente tem uma certa dificuldade de pedalar com essa temperatura muito baixa. Isso aí, ‘pra’ mim, foi a maior dificuldade hoje. O resto não é mais nenhuma surpresa, porque depois de 10 Iron Biker, eu já sei, mais ou menos, como funciona”, finalizou Fernando Medeiros.

Chegadas do 1º dia do Iron Biker 2022

Com tempo superior ao estimado pela organização da prova, devido às dificuldades técnicas introduzidas no percurso, a primeira chegada aconteceu na categoria E-Bike Masculino, com a vitória do atleta marianense Juliano Neves, que completou a prova em 02h03min31s. Flávia Coelho, de Belo Horizonte, cruzou a fita de chegada com 02h42min54s, sendo a primeira na categoria E-Bike Feminino.

Concorrendo na categoria E-Bike masculino, o atleta local, Juliano Neves foi o primeiro a chegar no sábado – Foto: Luiz Loureiro/Agência Primaz

A exceção entre os primeiros a chegar, todos da E-Bike, Henrique Ribeiro Bravo (Nova Lima/MG) cravou 02h38min48s para cruzar a chegada, competindo na categoria Juvenil-1 (atletas de 15 a 16 anos).

Na elite masculina da prova, Hallyson Ferreira e Christoph Saucer proporcionaram uma chegada emocionante, com apenas 1s de vantagem do atleta de Patrocínio (MG) sobre o medalhista olímpico. Entre as mulheres, a vencedora da etapa de sábado foi a atual campeã brasileira de ciclismo de estrada, Aline Cavaglieri (Sorriso/MT), com Lorena Marques (Porteirinha/MG) em 2º, Eliz Mazzola (Nova Trento/SC) em 3º. Com 50s a mais no tempo de prova, Liege Walter terminou a etapa em 4º lugar.

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Iron Biker 2022 no reassentamento de Bento Rodrigues

Com percursos de 73km (completo) e 63km (reduzido), as provas de domingo foram disputadas com temperatura mais elevada e sob céu claro, passando pelo reassentamento de Bento Rodrigues, localidade arrasada pelo rompimento da barragem de Fundão, em novembro de 2015.

Lucas Fonda, em entrevista concedida à Agência Primaz, comentou sobre o simbolismo da inclusão do local no percurso da competição. “’Pra’ gente é um motivo de muito orgulho. A gente viveu toda essa história junto aqui também. Foi durante o período do Iron Biker. Perceber que o Iron Biker está passando no Novo Bento, ressignificando essa área, ressignificando esse momento, ‘pra’ gente é motivo de muito orgulho, de muita alegria”.

Definição dos vencedores do Iron Biker Brasil

No final da manhã e início da tarde de domingo (19) aconteceu a definição dos vencedores da prova, nas diferentes categorias dos dois percursos, com direito a fortes emoções, vibração dos competidores e, até mesmo, queixa em relação a problemas de organização.

Elite Masculina

Com 12s de vantagem na prova final, Christoph Saucer totalizou 06h48min21s e venceu o Iron Biker 2022, deixando Hallysson Ferreira em 2º lugar, com Ygor Castro (Manhuaçu/MG) em 3º. Completando o quinteto vencedor, os marianenses Adenilson Romares da Silva e Thiago Freitas Souza, respectivamente em 4º e 5º lugares.

Christoph Saucer e Hallysson Ferreira, após a chegada de domingo – Fotos: Isabela Vilela/Agência Primaz

O Iron Bike é sempre assim: o primeiro dia um pouco mais longo, o segundo dia um pouco mais curto, mas quanto mais curto o percurso, mais intensa a prova se torna, mais nervoso o pelotão fica. Então, o percurso menor acaba ficando mais difícil a corrida, (…)o risco de acidente é maior, a velocidade é mais alta. Então essa diversidade de distâncias no percurso do Iron Bike é sempre muito bacana, deixa a prova bem dinâmica”, declarou Hallysson Ferreira à Agência Primaz.

Em relação ao resultado, Hallyson atribuiu a diferença de 12s, que o colocou em 2º lugar, a um erro dele e da organização, afirmando que se sentia feliz e triste ao mesmo tempo. “É uma sensação de ‘tô’ feliz e triste ao mesmo tempo. Foi um erro meu, um erro da organização que causou isso. Eu acredito que se não fosse esse erro, se tivesse uma marcação um pouco antes, eu acredito que eu teria vencido a corrida. Mas isso faz parte do jogo, isso é a corrida de bicicletas. Hoje foi comigo, amanhã pode ser com outro e é assim que acontece“, declarou.

Elite Feminina

A mato-grossense Aline Cavaglieri aumentou, em 09min52s, a vantagem conseguida sobre Lorena Marques (Porteirinha/MG), completando a competição com tempo total de 08h50min28s. Quarta colocada no sábado, Liege Walter chegou em segundo no domingo, anulou a desvantagem em relação a Eliz Mazzola, conquistando o 3º lugar, com 05min30s a menos na soma dos tempos. Tábata Amaral, de Cariacica (ES) terminou o Iron Biker 2022 na 5ª colocação da elite feminina.

Eu curti demais as trilhas, bem fluidas. Foi um percurso tipo mais divertido. Ontem foi mais sofrido, com muita subida. Mas hoje eles arrasaram. Eu curti muito, curti demais. (…) E curti muito hoje porque ontem eu consegui um tempo, então eu acabei ficando mais tranquila hoje na prova, então eu consegui curti mais. Agora ontem eu fiz muita força ‘pra’ já tentar destacar mais e conseguir um tempo bom”, festejou Aline.

E prometeu voltar em 2023: “Eu estou muito feliz em poder fazer parte dessa história do Iron Bike e fiquei bem realizada. É um sonho. Vou participar do Iron Bike, 30 anos de história, vou querer fazer parte dessa festa sim”, finalizou a campeã.

Em entrevista concedida à Agência Primaz, alguns dias antes da competição, Liege afirmou sonhar com a vitória no Iron Biker. Ao completar o percurso de domingo em 2º lugar, Liege reconheceu a vantagem de conhecer o terreno, mas também ressaltou as dificuldades, devido á qualidade das concorrentes.

Eu sabia que as concorrentes que viriam eram meninas fortes, então eu nunca estive com a corrida ganha. Eu sabia que ia ser barra, e garantir o pódio já é muito bom ‘pra’ mim. Hoje eu terminei no segundo, mas no geral dá ‘pra’ subir ‘pra’ terceiro, porque ontem eu fui quarta [colocada]”, afirmou.

Para Liege, o resultado é ainda mais especial, por competir em casa e por vir de uma sequência pesada de provas nas semanas anteriores. “Eu vim de uma sequência de prova bem dura. Corri em Timóteo (MG) no Inox Bike, corri o Panamericano em Conceição do Mato Dentro na semana passada, então a sequência fica meio exaustiva, mas a gente tem que poupar para chegar bem no Iron. Porque o Iron, em casa, é especial”, finalizou a atleta que, com o resultado, subiu ao lugar mais alto do pódio local.

Pódio da categoria geral feminina de atletas marianenses, com Liege Walter no alto do pódio do Iron Biker 2022
Pódio da categoria geral feminina de atletas marianenses, com Liege Walter no alto do pódio – Foto: Mafê Viana/ASCOM PMM

Homenagem Especial

A Agência Primaz não recebeu resposta da organização do Iron Biker, sobre o atleta mais idoso inscrito na edição 2022, mas Elísio Almeida, aos 76 anos, talvez ocupe esse posto. Tanto é que foi homenageado ao final da competição deste ano, depois de alcançar a 13ª posição na categoria Master D2, para atletas acima de 65 anos, com 06h:57min33s no tempo total do percurso reduzido (128km na soma das distâncias percorridas no sábado e no domingo.

Aos 76 anos, com 20 anos de dedicação ao atletismo e ao mountain bike, Elísio Antônio de Almeida foi homenageado pela direção do Iron Biker – Foto: Mafê Viana/ASCOM PMM

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