A Netflix recorrentemente se esforça para provar – e prova – que seus filmes de produção própria não devem em nada aos comercias lançados em cinemas de todo o mundo – um preconceito que ela ainda tem que lidar por parte de certos “especialistas”.
Agora, em plena pandemia de Covid-19, ela e seus concorrentes de streaming ganham o protagonismo na área da sétima arte. E nós, espectadores, podemos acompanhar o lançamento de pérolas dos mais variados estilos. Desde filmes que nos fazem refletir, que nos encantam, alguns que certamente se tornarão clássicos da indústria e outros que pura e simplesmente entretém. E esse último caso é bem ilustrado por Resgate, o recém-sucesso da Netflix.
O longa conta a história do mercenário Tyler Rake, vivido por Cris Hemswoth, o Thor do universo Marvel. Ele precisa resgatar o filho do maior traficante de drogas da Índia, sequestrado por um rival em Bangladesh. A tarefa é delicada e requer ser cumprida por alguém como Tyler, frio e movido a grana que a missão lhe dará no fim. Apesar de ser uma espécie de máquina de guerra, ele tem suas fraquezas emocionais – como boa tarde desses “heróis” de ação.
Essa premissa não é nova. Uma ação com muito tiro, porrada, bomba e, claro, explosões. A história não é lá algo (que) glorifique um filme a entrar no hall de grandes produções, mas ela tem também suas qualidades. As sequências de ação são realmente espetaculares. Uma específica, que vai de uma fuga em uma mata, passando por uma perseguição de carros até uma briga corpo a corpo nas vielas de Daca. A sequência dura quase 20 minutos com uma câmera sem cortes aparentes, dando a magnífica sensação de proximidade com os personagens e um ritmo frenético. As lutas também têm suas qualidades, com um ótimo trabalho de coreografia e de dublês. Não chega a ser artificial, mesmo que fantástica demais, mas a brutalidade te prende e não há nenhum mal em fantasiar essas brigas, desde que façam sentido no contexto da obra.
Resgate foi líder de audiência em seus primeiros dias no catálogo da Netflix. E em época de quarentena, ter um filme que te prende durante um tempo em frente à TV ou ao computador é algo a se exaltar. Mas, se as duas horas de filme te prendem de tal modo que você não vê o tempo passar, ela acaba também por ser esquecível. Apenas mais um filme de ação com boas lutas e boas cenas de adrenalina.
E só.
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