- Ouro Preto
Em meio à disputa judicial, Residencial Dom Bosco vai ser urbanizado
Projeto foi apresentado pela Prefeitura dias após o início do restauro do Colégio pelos Salesianos
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Representantes e moradores do loteamento Residencial Dom Bosco, localizado no distrito de Cachoeira do Campo, foram recebidos pela Prefeitura de Ouro Preto na tarde do último dia 26, para conhecerem o novo projeto de urbanização do bairro. Como noticiado pela Agência Primaz, em setembro, moradores do bairro vinham tentando contato com o prefeito Angelo Oswaldo (PV) para debater sobre as obras infraestruturais da região, uma das promessas de campanha da atual gestão.
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Compareceram à reunião Isaías Fernandes, presidente da Associação do Residencial Dom Bosco e moradores do bairro, além do prefeito Angelo Oswaldo, da vice-prefeita Regina Braga e membros da Secretaria de Obras do município. Durante o encontro foi apresentado o levantamento sobre a drenagem pluvial e esgotamento sanitário do loteamento que sofre, desde sua construção, com condições insalubres envolvendo a ausência de rede de água e esgoto, asfaltamento e a falta de segurança. Segundo Oswaldo, há esperanças no êxito do projeto, “agora que a Prefeitura está empenhada em resolver o problema”.
O secretário de obras, Antônio Simões Neto, falou à Agência Primaz, a respeito as áreas que passarão por intervenções. “Vamos licitar a rua principal, que é a Alameda Dom Bosco, para depois vir licitando as ruas posteriores acima dela”. De acordo com Simões, a falta de recursos impede, em um primeiro momento, a expansão da obra para outras ruas do bairro. “É o início da urbanização do bairro, porque infelizmente nós não temos condições financeiras hoje, de urbanizar o bairro inteiro de uma vez”, completou o secretário.
Indagado sobre o cronograma de obras para o Residencial Dom Bosco, o secretário informou que ainda não foi definido. “Nós já temos todo o projeto pronto e vamos iniciar o edital agora para fazer a licitação”, informou Simões. O processo licitatório será aberto no início de 2023, ainda sem data definida, para dar prosseguimento às ações no Dom Bosco.
A respeito do assunto, o prefeito ouropretano falou sobre a necessidade de obtenção de parte recursos via Inspetoria São João Bosco (ISJB), uma vez que a instituição foi uma das incorporadoras do loteamento. “A Prefeitura entrará com recursos, mas quer também trazer esses recursos devidos ao projeto, para que nós possamos sim efetivar a consolidação de uma das áreas mais importantes de expansão residencial de nosso município”, disse Angelo Oswaldo.
Proximidade das chuvas deixa população em alerta
Em janeiro deste ano, moradores utilizaram as redes sociais para expor a situação do bairro durante as fortes chuvas que atingiram a região. A falta de asfaltamento e rede de drenagem pluviométrica transformaram as ruas em grandes lamaçais, dificultando o acesso às casas e o trânsito de veículos. Moradores também relatam que após quase 10 meses, nenhuma melhoria foi feita no local.
Confira, abaixo, como a lama na rua Alameda Ipê Roxo impede o trânsito de carros no Residencial Dom Bosco (Vídeo: Igor Galante/Reprodução Facebook).
No dia 31 de agosto, durante a Audiência Pública que tratou da situação do Colégio Dom Bosco e das terras do entorno, Isaías Fernandes contou sobre o estado de “abandono total” do local. “Não temos água. Energia elétrica muito pouca. Esgoto, nada. Não temos calçamento nas ruas”, protesta.
O presidente da Associação também relatou os transtornos causados à população devido à falta de asfaltamento no Residencial Dom Bosco. “Se alguém for lá agora vai encher a roupa de poeira. E na chuva, vai encher de barro”.
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Disputas sobre a responsabilidade refletem falta de infraestrutura no Residencial Dom Bosco
A falta de infraestrutura do bairro vem de um longo histórico de disputas judiciais, iniciadas há mais de 10 anos envolvendo a Inspetoria São João Bosco e a Associação de Moradores do bairro. As terras onde foram construídas as casas do loteamento foram vendidas, ainda durante os anos 1970, por padres da Inspetoria, que não forneceram a documentação necessária para que os moradores pudessem comprovar a posse sobre as terras. Além disso, a discordância sobre quem possui responsabilidade sobre o terreno (a ISJB ou a Prefeitura de Ouro Preto) postergaram o início das obras de infraestrutura básica do bairro, que não possui rede de água, esgoto, cabeamento de energia e asfalto.
O bairro de Cachoeira do Campo abriga mais de 1.000 famílias e sofre com problemas no solo, como erosões e voçorocas, forçando residentes e proprietários de terrenos a deixarem o local e procurarem novos terrenos para morar.
Mesmo com o processo, ainda em tramitação junto ao Ministério Público, a Prefeitura Municipal tomou para si parte da responsabilidade para início do projeto de urbanização do bairro, previsto para o próximo ano.
Reforma no Colégio Dom Bosco é iniciada
Em 31 de agosto, foi realizada em Cachoeira do Campo a 21ª Audiência Pública para tratar de questões referentes ao destino do antigo Colégio Dom Bosco, bem como do terreno e da cachoeira do Rio Maracujá, que possui entrada pelas terras. Como apurado pela Agência Primaz, as obras no prédio da antiga unidade de ensino, que por decisão do Ministério Público pertence à Inspetoria São João Bosco, começaram no dia 23 de setembro com a revitalização do telhado da construção pela empresa Verde Mooca, especializada em engenharia sustentável.
O destino do edifício ainda é incerto, mas segundo a Inspetoria, diálogos com potenciais compradores, como a Universidade Federal de Ouro Preto e a Polícia Militar de Minas Gerais, já vêm acontecendo. Em seu site, a ISJB informou que os restauros internos começam após as intervenções na fachada externa do prédio e que, nesta etapa, entender a usabilidade da construção será essencial na criação do projeto de arquitetura. “Após a reforma da cobertura, o interior do prédio passará a ser uma preocupação. Mas essa preocupação relaciona-se intimamente ao uso da edificação. Antes de restaurar seu interior é preciso encontrar a vocação da edificação para um novo uso e assim criar um projeto interdisciplinar para aliar o restauro ao uso e sustentabilidade (social, ambiental e econômica) do bem”, informa a publicação.