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Hoje é sábado, 23 de novembro de 2024

Cortejo é o ponto alto do Encontro de Palhaços em Mariana

Multidão percorreu ruas e lotou a Praça da Sé, nesse sábado (15)

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Sobre fundo branco, a logomarca da Agência Primaz, em preto, e a logomarca do programa Google Local Wev, em azul, com linhas com inclinações diferentes, em cores diversasde cores diversas
À esquerda, Palhaça Jojobe e um palhaço sobre pernas de pau. à direita, multidão acompanhando o cortejo do Encontro de Palhaços
Sobre pernas de pau, Jojoba e um palhaço encabeçaram o cortejo, seguidos por multidão – Foto: Luiz Loureiro/Agência Primaz

A tarde desse sábado (15) foi de aglomeração e clima de grande alegria no cortejo em homenagem à palhaça Jojoba, com a participação especial da Sociedade Musical São Sebastião, de Passagem de Mariana. Saindo da Praça Minas Gerais, palhaços, palhaças, crianças, jovens e adultos se dirigiram à Praça da Sé, para a continuidade dos espetáculos do 12º Encontro Internacional de Palhaços, matando a saudade dos dois anos anteriores, nos quais o evento não aconteceu.

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Desde o meio da manhã de sábado (15), a Praça Gomes Freire (Jardim) já estava com grande movimentação de pessoas, com a participação de muitas crianças nas oficinas de bolhas de sabão e de malabares, que aconteceram no local, a partir das 11h. Ao meio-dia, a oficina de maquiagem artística foi muito requisitada, não só por crianças, mas também por jovens e adultos, caracterizando-se especialmente com pinturas circenses, com predominância de narizes vermelhos.

Com o passar do tempo, durante os espetáculos da Palhaça Brisa e de Sara Peper, começaram a surgir grupos de palhaços participantes do evento, vestidos a caráter, assim como pessoas de todas as idades, também fantasiadas. O mesmo acontecia na Praça da Sé, durante o show do Churumelos Circo.

A concentração para o cortejo atraiu muita gente para a Praça Minas Gerais. Antes da tradicional pose para a foto do evento, a homenageada, Palhaça Jojoba foi recepcionada em grande estilo, recebendo um buquê de flores estilizadas, confeccionado com balões.

Muitas pessoas ocupando as escadarias da Igreja de São Francisco, na concentração para o cortejo do Encontro de Palhaços
Concentração para o cortejo, na Praça Minas Gerais – Foto: Pedro Olavo/Agência Primaz

Por algum tempo, Xisto Siman e João Pinheiro, do Circovolante, puxaram um “esquenta”, com muita música, e apoio da Sociedade Musical São Sebastião, que preparou músicas populares, em arranjos especiais, no estilo carnavalesco, com arranjos de Wesley Santos Procópio, sob a batuta do Maestro Daltro de Paula Novaes.

A descida da Travessa São Francisco foi iniciada com a multidão seguindo a Palhaça Jojoba e um palhaço sobre enormes pernas de pau, cantando, a todos pulmões, a música “Eu quero é botar meu bloco na rua”, de Walter Franco.

Com muitas pessoas ao longo do trajeto, o cortejo percorreu também a Rua Frei Durão, sendo finalizado na Praça da Sé, que já estava com a tenda completamente tomada pela população, aguardando as apresentações previstas para o local.

Rua Frei Durão completamente tomada pela multidão no cortejo do Encontro de Palhaços
Mesmo com a chegada de Jojoba à Praça da Sé, o final do cortejo ainda estava na Travessa São Francisco, lotando completamente a Rua Frei Durão – Foto: Pedro Olavo/Agência Primaz

Alegria geral

A reportagem da Agência Primaz acompanhou o cortejo do 12º Encontro Internacional de Palhaços e constatou a alegria que contagiou os participantes, entre idosos, adultos, jovens, crianças e até bebês de colo, todos revelando brilho nos olhos com a profusão de cores e sons. Até mesmo aqueles que se colocaram nas calçadas, ao longo do trajeto, reagiam com entusiasmo às músicas, danças, coreografias acrobáticas e brincadeiras dos que participavam efetivamente do desfile.

E não havia lugar em que a palhaçaria não coubesse. Um palhaço resolveu ter uma visão privilegiada do cortejo, colocando-se na cobertura da tenda armada na Praça da Sé, atraindo os olhares e a curiosidade das pessoas.

Palhaço, sentado na cobertura da tenda instalada na Praça da Sé, acena para os participantes do Encontro de Palhaços
Um palhaço decidiu colocar a alegria na cobertura da tenda instalada na Praça da Sé – Foto: Luiz Loureiro/Agência Primaz

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Até quem está acostumada a trabalhar na área cultural demonstrava satisfação com o retorno do Encontro de Palhaços. “Para mim é uma alegria, porque teve continuidade o evento e ver que a Jojoba foi homenageada, porque Circovolante, Osquindô, todos eles fazem parte da cultura marianense. Então, é muito bom ver a cidade cheia de palhaços”, declarou Mirian Rocha, secretária de Cultura e Turismo de Mariana quando ocorreu a primeira edição.

Eu fico muito feliz com o apoio dos gestores atuais, cada ano vai melhorando, desde o primeiro, quando eu fui secretária e [o evento] começou, junto com o Xisto [Siman]. [Tenho] muito orgulho, principalmente de ver os grupos todos juntos, fazendo Mariana estar [com destaque] na mídia”, finalizou Mirian.

Grupos de várias cidades prestigiaram o Encontro de Palhaços

Participando do evento pela primeira vez, integrantes do 14 Risos Companhia de Teatro, de Santos Dumont (MG), mostraram-se entusiasmados com a oportunidade. “Nós estamos aqui, eu, o Tererê e a Zabelê, e é a primeira vez que nós participamos do evento. Está sendo muito divertido, muito bacana, muita cultura, eu ‘tô’ assim, muito emocionado de estar aqui”, afirmou o Palhaço Tererê, revelando que sua linha de atuação é levar a cultura a lugares nos quais as pessoas não têm acesso cotidiano a isso.

É emocionante, ‘pra’ gente que está vindo de um momento doloroso de parada, e ver essa retomada com essa potência. Olha, eu ‘tô’ assim encantada, muito lindo o espetáculo aqui”, acrescenta Zabelê.

Tererê e Zabelê prometem voltar em 2023, desta vez trazendo os sete integrantes, inclusive as crianças, de 11 e 5 anos. “Você ver esse calor, essa alegria, essas crianças, o pessoal te abraçando, não tem coisa igual, não tem!”, afirmou Tererê. “Hoje não foi possível vir todo mundo, mas eu ‘tô’ com o pensamento neles, eu acho que eles mereciam também estar aqui hoje com a gente”, finaliza Zabelê.

Palhaços Tererê e Zabelê, de Santos Dumont, participando do encontro de Palhaços pela primeira vez
Pela primeira vez no Encontro de Palhaços, Tererê e Zabelê prometem voltar na próxima edição – Foto: Luiz Loureiro/Agência Primaz

Outro estreante foi o Palhaço Dr. Língua de Trapo, do Grupo Guardiões da Alegria, veio para o Encontro de Palhaços a convite de uma amiga. “Eu fiquei sabendo através da outra palhaça que já participou outras vezes, aí ela me trouxe. Em Alfenas, nós temos um grupo chamado Guardiões da Alegria, e a gente leva alegria para os doentes do Hospital do Câncer de lá. A principal atividade nossa é essa, levar alegria para os pacientes da oncologia, mas a gente é convidado para outros eventos em creches, escolas e aniversários de crianças”, afirmou o palhaço, que veio a Mariana acompanhado das palhaças Violeta e Pirulito.

Composto por profissionais de com formação diversificada, o Guardiões da Alegria congrega voluntários e desenvolve um treinamento específico para os integrantes, devido à natureza especial do público-alvo. “A gente leva um pouco de conforto, de alegria, porque eles estão ali naquele leito. Temos várias pessoas em nosso grupo, mas nem todas estão preparadas ‘pra’ esse meio mais específico. Aí eles vão em outras áreas, vão nas creches e nas escolas”, revelou Dr. Língua de Trapo.

O Grupo Guardiões da Alegria foi fundado pouco antes da pandemia, o que afetou o trabalho do grupo, que precisou ser redirecionado. “A gente pensou que a pandemia fosse durar dois, três meses, e aí a gente percebeu que foi se estendendo, se estendendo… Nós nos reunimos por videoconferência e a gente decidiu que íamos ajudar outros grupos, outras de Alfenas, ‘pra’ gente adquirir alimentos, ‘pra’ poder ajudar. Mas também gravamos vídeos, ‘pra’ quem pedisse”, contou Glícia Barbosa Bandeira Rodrigues, fisioterapeuta integrativa, palhaça Violeta e atriz.

Violeta, Dr. Língua de Trapo e Pirulito, do grupo Guardiôes da Alegria, de Alfenas, Minas Gerais, também participando do Encontro de Palhaços pela primeira vez
Palhaça Violeta (à esquerda), Dr. Língua de Trapo e palhaça Pirulito, prometem trazer mais integrantes dos Guardiões da Alegria (Alfenas/MG) para o próximo Encontro Internacional de Palhaços – Foto: Luiz Loureiro/Agência Primaz

Em relação ao Encontro de Palhaços, Violeta não escondeu seu entusiasmo e vontade de voltar no próximo ano. “Foi muito mais do que eu esperava, é um encontro maravilhoso, onde a gente encontra várias pessoas, vários palhaços que a gente admira, que a gente vê na televisão. (…) E a gente está levando o coração cheio de alegria e, no ano que vem, a gente espera trazer mais pessoas, mais voluntários ‘pra’ estar aqui conosco”, finalizou Glícia.

O Encontro de Palhaços também foi ponto de reencontro de participantes assíduos do evento. O palhaço Cachoeira, que também faz apresentações como Carlitos Cachoeira, é integrante do La Carta Circo Teatro de Vitória (ES) e frequenta o evento desde a sétima edição, junto com sua companheira Palhaça Chabele. E o detalhe mais curioso é que eles aproveitaram a estreia no Encontro de Palhaços para se casar.

Eu e minha companheira, a gente participa desde o sétimo encontro. Inclusive, no sétimo Encontro de Palhaços, em frente à igreja da Praça da Sé, a gente se casou. O Xisto [Siman] celebrou, durante o evento”, contou o palhaço, que desde então frequenta o evento, lamentando não ter tido essa oportunidade nos dois anos anteriores.

Cachoeira e Chabele se casaram durante a 7ª edição do Encontro de Palhaços – Foto: Luiz Loureiro/Agência Primaz

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“Dá muitas crises loucas na cabeça da gente, né, cara? Eu não sabia o que fazer, aí ficava naquela telinha ‘desgramada’ lá, no celular… Mas a gente sobreviveu, o importante é que a gente ‘tá’ aqui. Foi uma experiência diferente, mas é distante, né? Não tem o contato com o público. A gente costuma dizer que o palhaço é a menor distância entre duas pessoas”, finalizou Cachoeira, comemorando a retomada do Encontro Internacional de Palhaços e a possibilidade de contato direto com o público.

O grupo mais numeroso, e um dos mais assíduos do evento, é a Sociedade do Riso, de Belo Horizonte, também voltado para a ação social. “A Sociedade do Riso é um projeto do grupo Armatrux, que existe há 35 anos e, há 20, a gente criou um projeto de pesquisa sobre onde o palhaço pode estar, como o palhaço começa a existir, quais são os tipos de palhaço. Há 10 anos, a gente dedicou essa pesquisa ao palhaço em ação social”, explicou o palhaço Vira Lata, ressaltando que o trabalho ocorre em lares de idosos, hospitais, comunidades quilombolas e indígenas, “onde tem alguma vulnerabilidade, algum sofrimento do ser humano.. Com a pandemia a gente descobriu que é todo lugar, né?”, acrescentou.

Grande número de palhaços, do grupo Sociedade do Riso, de Belo Horizonte, reunidos na escadaria da Igreja da Sé, ao final do cortejo do Encontro de Pallhaços
A única exigência para integrar a Sociedade do Riso é ser capaz de apontar o nariz de palhaço para o cuidado com o outro – Foto: Luiz Loureiro/Agência Primaz

Participando do evento desde a quarta edição, a Sociedade do Riso aparece no material de divulgação como entidade parceira, com participação primordial nos lares de idosos e hospitais da cidade. “Nós estamos [no Encontro de Palhaços] desde a quarta [edição], inclusive nos cartazes a gente entra como parceiro. A gente traz de 30 a 50 palhaços, faz essas visitas, faz a descentralização, que é uma coisa maravilhosa do Encontro de Palhaços também, e nos distritos de Mariana. A gente trabalha nessa parte quando vai mais lá no fundo do povo, não é? Aqui no centro o público vem ver o artista. Nas comunidades o artista vai ver o público”, afirmou Vira Lata.

Lembrado da frase “todo artista tem que ir aonde o povo está”, pela reportagem, Vira lata respondeu com um gracejo: “É, eu falei isso quando eu era Milton Nascimento, você lembra?”.

Galeria de imagens do cortejo do Encontro de Palhaços

Confira abaixo mais imagens do cortejo do Encontro Internacional de Palhaços e dos shows apresentados, na Praça da Sé, nesse sábado (15):

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