- Ouro Preto
Nova manifestação é marcada por bate-boca entre entidades sociais
Divergências ideológicas entre os grupos geraram empurrões e xingamentos durante ato popular
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Ouro-pretanos voltaram a ocupar as ruas do bairro Barra, na tarde desta quarta-feira (26), exigindo a retirada da empresa Saneouro e a retomada do monopólio municipal no serviço de abastecimento de água e tratamento de esgoto. O ato unificado, organizado por movimentos sociais que discordam da concessão do serviço e das altas taxas cobradas pela empresa, foi marcado por bate-bocas, xingamentos e empurrões entre os membros. Moradores presentes no local reclamaram da situação, pedindo “união” dos grupos em prol da causa comum.
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Esta foi a terceira manifestação convocada no mês de outubro com o tema “Fora Saneouro”. Organizado pela Federação das Associações de Moradores de Ouro Preto (FAMOP), Comitê Sanitário de Defesa Social, Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), Ocupação Chico Rei e Acampamento Fora Saneouro, a intitulada “Grande Manifestação” teve como objetivo reunir esforços para pressionar a Prefeitura no processo de anulação do Contrato de Concessão e suspensão das cobranças pelo consumo feitas pela Saneouro.
Após a concentração na Praça da Estação, manifestantes se dirigiram à sede da Prefeitura, que se encontrava de portas fechadas e com a presença da Guarda Municipal. Com a nova ausência de Angelo Oswaldo (PV), os participantes chegaram a cogitar uma caminhada até a casa do prefeito, mas o plano foi abandonado após discordâncias entre os grupos, gerando uma sucessão de discussões entre os membros.
Divergências políticas causam tumultos, bate-boca e ofensas entre grupos
O ato dessa quarta-feira ocorreu uma semana após a manifestação convocada pelo Comitê Sanitário de Defesa Social que terminou com denúncias de ação violenta da Guarda Civil Municipal (GCM). A entidade social vem sendo alvo de críticas vindas do Legislativo Municipal e de outros movimentos populares, sendo acusada de utilizar a população como “massa de manobra” para fins próprios e de ameaçarem servidores públicos presentes no último ato.
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Guido Coutinho, advogado da FAMOP, explicou à Agência Primaz a motivação da união entre os movimentos populares. “A gente unificou as forças para mostrar para a população de Ouro Preto, e principalmente para o prefeito, que nós não vamos pagar a água”. Coutinho, um dos envolvidos nas discussões que ocorreram durante a tarde, reconheceu que o movimento “tem grupos políticos distintos, às vezes dá uma confusão, uma desavença, mas o objetivo único é fora Saneouro, a anulação do contrato e a remunicipalização do serviço de abastecimento de água e tratamento de esgoto”.
As discussões foram intensificadas com a chegada do vereador Wanderley Kuruzu (PT), que pediu para se manifestar ao microfone. Ao ter o pedido negado e ser acusado de “oportunista”, apoiadores do parlamentar e membros de outros grupos populares entraram em conflito. Segundo Kuruzu, a presença de diversos grupos sociais teve em vista a resolução do problema. “Nós queremos é tirar a Saneouro, não estamos querendo usar o povo como massa de manobra para provocar pequenos tumultos não”, afirmou.
Durante a 67ª reunião ordinária da Câmara Municipal de Ouro Preto, o vereador do PT apoiou a intensificação das manifestações populares contra a empresa, desde que a pacificidade e a seriedade dos organizadores legitimem o movimento “Fora Saneouro”. O vereador, que também preside a Comissão de Direitos Humanos da Câmara, afirmou, durante a sessão desta terça (25), que a reunião de averiguação dos possíveis excessos cometidos pela GCM no último dia 19, acontecerá na quinta-feira, 03 de novembro.
Prefeitura notifica Saneouro
No início da noite passada (26), a Prefeitura publicou no Diário Oficial uma notificação, endereçada à Saneouro, sobre a intenção de extinção do contrato de concessão. De acordo com a publicação, o Relatório Parcial advindo do Processo Administrativo instaurado em agosto deste ano, aponta para descumprimentos do contrato, o que poderia levar à extinção da concessão. A Saneouro tem 10 dias úteis para se defender.
Após a dispersão dos manifestantes com a saída dos membros do Comitê Sanitário e do Sindicato dos Trabalhadores Técnicos e Administrativos da Universidade Federal de Ouro Preto (ASSUFOP), um pequeno grupo de populares se reuniram com os secretários Yuri Borges e Juscelino Gonçalves, e com o vereador Kuruzu, em frente à Prefeitura.
O coordenador do Procon Ouro Preto, Narciso Gonçalves, comentou sobre o início do processo de cobranças por consumo que, segundo ele, é legal e estava previsto no contrato da empresa. O coordenador também afirmou que a Saneouro tem direito, previsto em lei, de suspender o abastecimento de água daqueles que não quitarem os pagamentos. Segundo ele, o Procon está aberto à população para queixas e questionamentos sobre o valor das faturas.