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Hoje é sábado, 5 de outubro de 2024

Após 2 anos, Fórum das Letras volta à Região dos Inconfidentes celebrando as “Mulheridades”

Abertura do festival, que vai até o dia 02 de dezembro, lotou auditório com a presença da deputada federal eleita Duda Salabert

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Sobre fundo branco, a logomarca da Agência Primaz, em preto, e a logomarca do programa Google Local Wev, em azul, com linhas com inclinações diferentes, em cores diversasde cores diversas
Duda Salabert, de paletó amarelo e com o microfone, discursa na abertura do Fórum das Letras
Abertura do Fórum das Letras aconteceu no auditório do ICHS, em Mariana - Foto: Alexandre Anastácio/Agência Primaz

Começou nesta terça-feira (29) a 17ª edição do Fórum das Letras. Após um hiato presencial de 2 anos, o festival retorna à Região dos Inconfidentes com o tema “Mulheridades”. Na mesa de abertura, a recém-eleita deputada federal Duda Salabert (PDT), conversou sobre o tema Universidade, Inclusão e Política, com estudantes que compareceram ao auditório do Instituto de Ciências Humanas e Sociais (ICHS), em Mariana.

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Com realização da Universidade Federal de Ouro Preto, o Fórum das Letras é o principal festival de literatura do município. Apesar da abertura do evento ter ocorrido em Mariana, as demais atividades do evento acontecerão em Ouro Preto, no Anexo do Museu da Inconfidência, com exibição de filmes, debates e lançamentos de livros.

No primeiro dia de retorno do Fórum presencial, a presença de Duda Salabert lotou o auditório do ICHS, no Campus I da UFOP, em Mariana. Em parceria com a semana de recepção dos calouros, a vereadora expôs sua trajetória política, profissional e pessoal aos presentes. Ao final, o público pode interagir com a palestrante, com perguntas e sessão de fotos.

Equipe de quatro mulheres, da comissão organizadora do Fórum das Letras, posam para fotografia com Duda Salabert
Equipe majoritariamente feminina é responsável pela construção da 17ª edição - Foto: Isabela Vilela/Agência Primaz

Guiomar de Grammont, coordenadora Geral e curadora do Fórum, falou de sua felicidade em conseguir realizar a programação de forma presencial. “Essas pessoas todas estão aqui em um congraçamento pelo amor, pela fraternidade, pela aceitação, pela tolerância, pela diversidade. É essa a celebração que a gente está fazendo aqui hoje. Eu vejo que é por isso que foi tão importante a gente trazer a Duda Salabert para a abertura do Fórum das Letras”, ressaltou a curadora.

Dentre as dificuldades impostas para realização do evento, os sucessivos cortes orçamentários nas universidades públicas brasileiras, e o aumento do número de casos de Covid-19 na região nas últimas semanas, fizeram com que a equipe empenhasse um esforço extra na realização da edição. Para Grammont, a retomada do evento de forma presencial é mais um ato de resistência frente às investidas federais de desmonte da educação e da cultura brasileira.

O festival, que se consagrou tradicional na cidade no mês de novembro, contou com apoiadores difusos, como o Museu da Inconfidência que cedeu o espaço, a concessão de dois filmes pelo canal Futura e alguns transportes e bolsas de monitores pela UFOP. “Não temos mais nada, só nossa boa energia”, completou Grammont.

O Fórum foi feito com zero recurso. Os autores mesmo é que estão pagando sua vinda, não tem alimentação, cada um paga o seu”, explicou a curadora sobre alguns dos desafios que ainda estão sendo enfrentados.

Além das atividades no Anexo, no sábado (02) um sarau de poesia na Livraria Outras Palavras, fecha as festividades presenciais. No dia 07 de dezembro, espectadores de todo o mundo poderão participar de duas mesas temáticas transmitidas no Youtube do Festival, em um intercâmbio de experiências entre Brasil e Itália.

A programação completa, que acontece até o dia 02 de dezembro de forma presencial em Ouro Preto, está disponível no site do Fórum das Letras.

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Duda Salabert lota auditório na abertura do Fórum

Grande número de pessoas, no auditório do ICHS, prestigiando a abertura do Fórum das Letras
Duda Salabert, que também é professora, fala de suas experiências dentro e fora de sala de aula - Foto: Alexandre Anastácio/Agência Primaz

Duda Salabert foi a vereadora mais votada em Belo Horizonte, em 2020, com 37 mil votos. Além disso, a professora acumula também outro título: primeira pessoa transgênero a assumir uma cadeira na Câmara dos Deputados, em 2023, sendo a deputada federal mais votada da história de Minas.

Fundadora e presidenta da ONG Transvest, que oferece cursos educacionais a pessoas transgênero e travestis, Duda é ativista nas causas ambientais, climáticas e sociais em prol dos Direitos Humanos e dos animais. Seu engajamento nas temáticas resultou no convite para integrar o governo de transição do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva. Já na semana que vem, Duda viaja a Brasília para encabeçar as discussões sobre Direitos Humanos durante a transição.

Apesar dos êxitos na vida política, Salabert afirma que lecionar e estar na sala de aula é mais importante, para ela, do que estar no meio político. A futura deputada lecionou por quase 20 anos em grandes colégios da capital mineira, até ser demitida do Colégio Bernoulli, após ameaças de grupos neofascistas direcionados a ela e a seus alunos. Duda conta que depois do caso, motivado pela sua transgeneridade, nunca mais recebeu propostas para lecionar.

Salabert assume sua cadeira na Câmara dos Deputados no dia 1º de janeiro de 2023, data que, para ela, causa grande apreensão, devido à visibilidade que vai trazer para sua família, que também sofre com ameaças de morte. À Agência Primaz, Duda falou sobre como pretende manter viva sua parte professora, agora que terá como principal atividade profissional a política.

Eu acho que a nossa experiência continua sendo pedagógica, porque os nossos corpos, o local que sempre foi negado à diversidade, acaba sendo pedagógico por ensinar, tanto ao parlamento, quanto à sociedade, dois pontos: primeiro, que somos diversos e diferentes e, segundo, que a diferença e a diversidade são ingredientes importantíssimos para a democracia e para a construção de uma política pública de qualidade”, declarou.

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