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Hoje é sábado, 23 de novembro de 2024

Moradores do Bairro Rosário reclamam de abastecimento de água reduzido ou zerado há semanas

SAAE culpa aumento desordenado do bairro como fator causador e de agravamento do problema.

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Sobre fundo branco, a logomarca da Agência Primaz, em preto, e a logomarca do programa Google Local Wev, em azul, com linhas com inclinações diferentes, em cores diversasde cores diversas
Rua íngreme, no bairro Rosário, dificulta o abastecimento de água por caminhões-pipa
Características topográficas do bairro dificultam o atendimento por caminhões-pipa – Foto: Luiz Loureiro/Agência Primaz

Os moradores do Rosário seguem sofrendo com a sina mais frequente do bairro: a falta d’água. No dia 20 de fevereiro, uma moradora da localidade fez um vídeo relatando que estava com o abastecimento reduzido há mais de uma semana, e que havia passado todo o período de carnaval sem o fluxo habitual. A reclamação é recorrente no bairro e levou o poder público instalar dois novos reservatórios, inaugurados em dezembro do ano passado, mas sem entrar em operação até o momento.

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Sem ânimo e sem água para a folia

O vídeo de Ludmila Gomes foi divulgado em suas redes na terça-feira de carnaval. Enquanto milhares de marianenses curtiam o último dia de festa na cidade, ela afirmou que não conseguia curtir a festa pelo desânimo causado pelos problemas de distribuição de água no bairro. O relato denuncia que as pessoas do birro Rosário estão sofrendo com problemas mais sérios há 2 semanas, sendo os dias do carnaval os mais tensos. “Já não sei o que fazer, sabe? É uma coisa que chateia você chegar em casa e tomar um banho, não tem uma gota de água. Eu queria ter motivo para estar na rua pulando carnaval, comemorando, mas é muito difícil“, desabafou em tom indignado em seu Instagram.

Para atender às necessidades básicas, caminhões-pipa são enviados para as localidades que não possuem acesso à água. No entanto, a população passa a depender dos horários dos caminhões para seguir suas vidas.

Em entrevista à Agência Primaz, Ludmila afirmou que praticamente todo mês a população fica sem água e que o problema nunca é resolvido. Além disso, ela também revelou que, desta vez, alguns moradores viram um cano quebrado que pode ser a causa do problema atual. “Moradores relataram que viram cano quebrado pouco depois do final da rua Pinho. Perguntei no SAAE, na segunda-feira, o porquê de estarmos sem água, me disseram que era um tal de um cano quebrado”, declarou.

O que diz o SAAE?

A Agência Primaz entrou em contato com o Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) em busca de respostas para o problema que se tornou um sofrimento diário para os moradores da região. Segundo a autarquia, a justificativa para a falta de distribuição de água se dá devido ao crescimento desordenado do bairro, pela sobrecarga do sistema e por eventuais pausas causadas por falta de energia.

O crescimento desordenado dos últimos anos, no entorno do bairro, sobrecarregou o sistema de distribuição de água e ocorrências como uma simples queda de energia elétrica, que leva a paralisação do sistema de bombeamento por alguns minutos, gera horas de interrupção no abastecimento”, respondeu o SAAE, por intermédio de sua assessoria de comunicação.

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Reservatórios entregues, mas sem funcionar

Detalhe do tubo de saída de água de um dos reservatórios instalados no bairro Rosário, ainda sem interligação com a rede de abastecimento
Um dos reservatórios instalados no Alto do Rosário ainda não está interligado à rede de abastecimento do bairro – Foto: Luiz Loureiro/Agência Primaz

No final do ano passado, a Agência Primaz fez a cobertura da entrega de dois reservatórios, cuja inauguração aconteceu com a promessa de resolver os problemas de falta d’agua do Rosário e dos bairros adjacentes. No entanto, eles foram entregues sem estarem em pleno funcionamento.

De acordo com o Departamento de Comunicação do SAAE, o reservatório da Rua Cerejeira ainda está em fase de conclusão, foi instalado em substituição a um antigo que existia no local e que estava inserido no sistema de abastecimento da localidade. E o segundo reservatório, situado na parte mais alta do bairro, teria a capacidade de armazenar um milhão de litros de água, possibilitando um reforço ainda maior em todo o sistema de distribuição e abastecimento.

Porém, esses reservatórios não estão em condições de cumprirem com seus objetivos. “O reservatório da Rua Cerejeira está em fase de testes e avaliação estrutural. Já o segundo encontra-se na fase de edificação de suas estruturas, este reservatório ainda não possui rede de alimentação e distribuição. Sendo assim, o tempo de ausência destes equipamentos causou um impacto significativo na distribuição de água”, informou o SAAE à Agência Primaz.

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Em resposta aos questionamentos de nossa reportagem, a autarquia declarou esperar que, com o desempenho adequado dos tanques, a falta de água seja sanada. “A operacionalidade dos reservatórios vai fornecer maior robustez ao sistema de abastecimento do bairro que, associada ao uso consciente da água, resultará em uma minimização dos impactos de possíveis interrupções no sistema. Com sua operacionalidade espera-se um reforço no sistema de abastecimento”.

Falta d’água acontece há anos

A Agência Primaz vem acompanhando, há bastante tempo, a situação de desabastecimento de água no bairro Rosário. Em reportagem publicada em 2021, a reclamação vinha também da parte denominada Alto do Rosário. À época, foi a mesma moradora, Ludmila, quem reclamou do problema.

Uma das justificativas para a falta de abastecimento naquela ocasião foi a estiagem, visto que a reclamação ocorreu em setembro, época de poucas chuvas em Mariana, diferentemente da situação atual, considerando a grande frequência de precipitação na cidade nos últimos meses.

Segundo Kátia Quirino, presidente da Associação de Moradores do bairro, o que agravou a situação do abastecimento, em 2021, foi a ausência do reservatório, principalmente nas partes mais altas, já que o outro reservatório, próximo da torre, com pequena capacidade de armazenamento, só conseguia e consegue, até hoje, abastecer as partes mais baixas.

Nós temos um problema muito grave na Gameleira, Pau Brasil, travessa Pinho e travessa Gameleira. E a travessa Gameleira, por exemplo, tem casa que o caminhão-pipa não abastece, porque o mangote é curto e o caminhão não consegue parar no morro íngreme, e o caminhão não ‘segura’ ficar no morro”, afirmou Kátia.

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