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Hoje é sexta-feira, 22 de novembro de 2024

Violência nas escolas

“A escola não cria violência sozinha, apenas reproduz a violência dentro dela. Mas também pode ser um meio de diminuí-la se atuar com conteúdos que ofereçam sentidos à vida dos alunos”. (Mario Sergio Cortella)

Os textos publicados na seção “Colunistas” não refletem as posições da Agência Primaz de Comunicação, exceto quando indicados como “Editoriais”

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Às vezes fico me perguntando o que está acontecendo nas nossas escolas nos dias de hoje. No dia 27 de março, segunda feira, ouvi no Noticiário da CBN a notícia de que um jovem de 13 anos assassinou brutalmente a golpes de facadas a professora Elisabete Terreiro, de 71 anos de idade, na escola pública E.E. Thomazia Montoro, na Vila Sônia, da cidade de São Paulo. A professora teve uma parada cardíaca após ser atacada e acabou morrendo no Hospital Universitário da USP. Outras três professoras e outro aluno também foram atingidos e uma delas está em estado grave. O jovem só parou porque foi imobilizado por uma Professora de Educação Física que, com uma atitude heroica, evitou que a tragédia fosse ainda pior. Os relatos afirmam que o estudante já tinha se envolvido recentemente com problemas de violência em outra escola onde estudava, antes de ser transferido para a atual.

A maior preocupação é que, infelizmente, o problema parece não ser isolado! O quadro é assustador! Em dezembro de 2022, na cidade de Ipaussu, também em São Paulo, um ex-estudante de 22 anos invadiu uma escola estadual e feriu com golpes de faca duas professoras. O agressor fez outro professor refém, colocou a faca em seu pescoço e resistiu à abordagem da polícia, mas acabou se entregando.

Em 25 de novembro, um adolescente de 16 anos deixou quatro pessoas mortas – três professoras e uma aluna de 12 anos – após invadir duas escolas em Aracruz, no norte do Espírito Santo. No momento do crime, o adolescente ostentava uma suástica (símbolo nazista) em um dos braços, além de roupa tática e duas armas (uma pistola .40 e um revólver 38 pertencentes ao pai policial). Ele foi apreendido e cumprirá até três anos de internação em unidade socioeducativa.

Em outubro, um estudante de 15 anos morreu e dois ficaram feridos após um adolescente, também de 15 anos, disparar contra os três colegas na Escola Professora Carmosina Ferreira Gomes, em Sobral. Ele estava com uma arma de fogo registrada no nome de um CAC (colecionador, atirador desportivo e caçador) e foi apreendido.

Em setembro do mesmo ano, um adolescente de 13 anos ateou fogo na Escola Municipal Yeda Barradas Carneiro, em Morro de Chapéu, na Chapada Diamantina, onde estudava, e feriu a coordenadora com o uso de uma faca.

Ainda em setembro, um adolescente de 14 anos usou a arma do pai, um policial militar, e matou uma aluna cadeirante no Colégio Municipal Eurides SantAnna, em Barreiras, no oeste do Estado da Bahia. Dois policiais que estavam nas proximidades da escola o detiveram com tiros. A vítima foi Geane da Silva Brito, de 19 anos, portadora de paralisia cerebral, que via na escola uma ferramenta para inclusão e um local onde se sentia segura e acolhida pela comunidade escolar.

Aqui, bem pertinho de nós, recentemente, em Mariana, tive notícias que uma Professora da rede pública foi agredida a bofetadas em plena sala de aula por um aluno, sem contar que outras ocorrências devem estar acontecendo por aí sem que tomemos conhecimento. Esperemos que a sequência não se transforme em tragédia.

Outros inúmeros exemplos trágicos poderiam ser citados, mas prefiro parar por aqui para não assustar ainda mais os meus caros leitores.

Sou do tempo em que os Professores (com “P” maiúsculo) se dedicavam de corpo e alma ao ensino e os alunos amavam e respeitavam seus mestres. Não é à toa que a música “Saudades da Professorinha” de Ataulfo Alves se eternizou e é sempre lembrada com carinho e ternura. Os Pais (também com “P” maiúsculo) apoiavam e respeitavam os Professores na educação de seus filhos, mesmo nos momentos que eles precisavam ser mais duros na sala de aula. Com certeza, muitos dos leitores que aqui me leem devem lembrar-se desse tempo!

Enfim, o que será que está acontecendo???

Fruto das minhas reflexões, atrevo-me a pontuar alguns pequenos comentários.

Precisamos rever urgentemente o nosso modelo de sociedade e entender que tipo de exemplo os pais estão dando para os seus filhos e o que estão ensinando para eles, para onde estão caminhando as nossas famílias.

Precisamos de gestores públicos que entendam que um sistema de educação bem estruturado é a base que mantem a sustentabilidade de um município, de um estado e de uma nação e que invistam de forma estratégica nesse sistema. 

Precisamos urgentemente de um sistema de ensino que, pedagogicamente, não esteja preocupado somente em encher a cabeça dos alunos de conceitos teóricos vazios e aprová-los de qualquer jeito, mas que invista de fato na sua formação como ser humano consciente do seu papel na sociedade e futuro profissional do mercado de trabalho.

Finalmente, precisamos de mais professores com “P” maiúsculo que não estejam preocupados mercenariamente simplesmente em cumprir estritamente sua carga horária e esperar o contracheque no final do mês e a aposentadoria um pouco mais tarde, mas que façam da sua profissão um verdadeiro sacerdócio. Com certeza, bons exemplos ainda existem por aí!

Quem tem ouvidos, que ouça!

Cesarius Gestão de Pessoas, investimento permanente no desenvolvimento do ser humano.

Nota da Redação:

Este texto foi escrito antes da tragédia ocorrida em Blumenau nesta quarta-feira, 05 de abril.

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Júlio César Vasconcelos, Mestre em Ciências da Educação, Professor Universitário, Coach, Escritor e Sócio-Proprietário da Cesarius Gestão de Pessoas
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