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Hoje é sábado, 23 de novembro de 2024

Temporada “Rebeldes!”: Material complementar dos episódios 3 e 4

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Os Incas - da esquerda para a direita, Léo, Otacílio, Quincas e Vicente - (Valtinho aparece apenas parcialmente, à direita na foto), em apresentação no Centro Acadêmico da Escola de Minas (Caem) – Foto: Reprodução

Os episódios 3 e 4 da primeira temporada do podcast “Memórias Primaz” liberados nas principais plataformas de streaming, assim como no Youtube, falam sobre, respectivamente, a consolidação e os relacionamentos internos entre os integrantes das bandas The Rebels, Os Abutres e Os Incas. Nesta publicação apresentamos texto, vídeos e fotos, como materiais complementares a esses capítulos.

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Contextualização histórica

O Ato Institucional nº 5, AI-5, baixado em 13 de dezembro de 1968, durante o governo do general Costa e Silva, foi a expressão mais acabada da ditadura militar brasileira (1964-1985). Vigorou até dezembro de 1978 e produziu um elenco de ações arbitrárias de efeitos duradouros. Definiu o momento mais duro do regime, dando poder de exceção aos governantes para punir arbitrariamente os que fossem inimigos do regime ou como tal considerados. (Fonte: https://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/FatosImagens/AI5)

Fonte: Reprodução (http://www.edenevaldoalves.com.br)

Em Mariana, direita e esquerda, ambas abrigadas nas sublegendas 1 e 2 da ARENA (Aliança Renovadora Nacional), iniciam os primeiros passos para as eleições municipais marcadas para 1970.

Enquanto isso, surge a terceira banda de baile da cidade, Os Incas, integrada por Waltinho, Léo Murta, Vicente Mendes e Otacílio Silva, cujos instrumentos são, mais uma vez, adquiridos com a ajuda de Cônego Paulo Dilascio.

Sem vocalistas, a banda investe em repertório composto por músicas instrumentais, aproveitando a apurada técnica de Waltinho na guitarra. Além de O milionário (Os Incríveis), já utilizada pelas bandas The Rebels e Os Abutres, uma das favoritas da banda Os Incas era O Barqueiro, lançada em 1968 pela banda carioca The Brazilian Bitles.

A banda The Brazilian Bitles foi formada em 1965 e é considerada uma das mais importantes bandas de rock dos anos 60.

O álbum “The Brazilian Bitles Volume 3”, último lançamento da banda, trazia as músicas Jogo de futebol; Volte, meu bem (Baby came back); Tema baseado na “Coisa”; Hoje eu chorei, Mary (I’ve just seen a face); Pra ficar feliz; Tudo passa; Esperando você (Hold me tight); O barqueiro; Decisão; Esperarei até o fim, e Preciso seguir.

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Consolidação das bandas

Em 1969, segundo seu próprio depoimento, Tumão (Edson Márcio), que já havia deixado a banda The Rebels, também decide sair d’Os Abutres. Para seu lugar no contrabaixo, é convidado Geraldo Soares, conhecido como Lalado. Além disso, por um breve período, a banda Os Abutres contou com a participação de Márcio Morais – irmão de Zé Afonso e de Marcelo Morais, ambos do The Rebels – nos vocais.

Com a saída de Márcio, para não ficar sem vocalista, ou crooner, como se dizia na época, foi feito um rearranjo interno: Fernando Motta assumiu a bateria e Cleber Antunes os vocais, sendo convidado Reinaldo Soares para exercer a função de guitarra-solo. O repertório da banda cresce, e Cleber passa a cantar músicas em outros idiomas, sempre pronunciando aquilo que escutava, sem nem mesmo saber o significado das palavras.

Todas as bandas reservavam o dinheiro dos cachês para pagamento dos empréstimos contraídos, para melhoria dos instrumentos e equipamentos de luz e som, além dos uniformes para as apresentações. Os modelos eram as bandas de sucesso na época, em especial os Beatles, cujas vestimentas eram copiadas das revistas. Mas a preferência era pelos ternos ou coletes compridos, que eram usados sem camisa, como na foto abaixo:

Banda The Rebels em um baile no Marianense F. C.: Da esquerda para a direita, Marcelo Rolim, Strauss, Evandro Rolim, Marcelo Morais, Zé Afonso, Jairo Antunes e Aloísio Rolim

Dessa forma Jairo não mais precisava inclinar-se sobre a pianola para cantar, pois a banda agora possuía microfones inclusive para os demais fazerem backing vocal. E Jairo, além de músicas em outros idiomas, também passou a cantar músicas em português.

Em pleno processo de consolidação, as bandas The Rebels, Os Abutres e Os Incas eram sempre contratadas para bailes nos clubes Guarany e Marianense, bem como em cidades da região. Dedicavam-se com afinco aos ensaios, durante toda a semana e, aos sábados e domingos faziam os bailes ou horas dançantes. Faziam música por prazer, sem preocupações financeiras e, como conta Cleber Antunes, pelo menos n’Os Abutres, os ensaios eram “uma farra”:

Em algum momento, possivelmente em 1969 ou 1970, a banda Os Abutres também passou a contar com um tecladista. Carlos Roberto Baeta, mais conhecido como Carlinhos Baeta, que já tocava acordeon desde menino, juntou-se a Fernando, Lalado, Canelão, Reinaldo e Cleber, possibilitando a inclusão de músicas com solos na pianola, e depois em um órgão eletrônico.

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Competição ou camaradagem?

Nenhuma das bandas tinha qualquer pretensão autoral e faziam questão de buscar uma sonoridade mais próxima possível dos originais. Marcelo Morais, para exemplificar, cita a banda Os Carbonos, formada na década de 1960, em São Paulo, considerada uma das primeiras bandas dedicadas a fazer cover de sucessos nacionais e internacionais.

Três bandas de baile competindo pelos contratos em uma cidade pequena deveria criar algum tipo de rivalidade, mas nossos entrevistados afirmam tratar-se de uma rivalidade saudável, cada uma querendo se tornar melhor do que a outra musicalmente ou em termos de aparelhagem de som e luz. Mas…, essas opiniões não chegam a ser unânimes.

Cleber Antunes guarda, com carinho, dois troféus de festivais de bandas. Um pela conquista do 1º lugar no IV Festival de Música Jovem de Lafaiete e o outro de um Festival de Música de Conjuntos, realizado em Mariana, no qual a banda vencedora teria sido The Rebels.

Foto: Cleber Antunes/Acervo Pessoal

Durante todo o tempo em que permaneceu na banda Lalado limitava-se ao contrabaixo ou, no máximo, a participar de backing vocal. Mas depois de um certo tempo, já formado e trabalhando na cidade de Barão de Cocais (MG), ele voltou a dedicar-se à música. E gravou, especialmente para o radiodocumentário Rebeldes!, as músicas Gatinha Manhosa, lançada em 1968 por Erasmo Carlos.

Além dos festivais de bandas em Conselheiro Lafaiete e em Mariana, outro evento de destaque para a banda Os Abutres foi a participação no programa A Grande Chance, apresentado por Flávio Cavalcanti, cuja final foi realizada no Cine Vila Rica, em Ouro Preto.

Já a banda The Rebels, embora as lembranças de Marcelo Morais, Evandro Rolim, Jairo Antunes e Marcelo Rolim não sejam muito precisas, também ficou marcada pela participação em programas da extinta TV Itacolomi e da TV Belo Horizonte, atual TV Globo Minas.

Ainda no final de 1968, ou início de 1969, outro episódio reuniu as três bandas, quando precisaram submeter-se a provas teóricas e práticas da Ordem dos Músicos do Brasil. Quase todos foram aprovados. As exceções foram Cleber Antunes e Marcelo Rolim, coincidentemente bateristas, embora na ocasião Cleber já tivesse passado as baquetas da banda Os Abutres para Fenando Motta. Para continuar se apresentando na banda The Rebels, Marcelo Rolim utilizou, por muitos anos, a carteira de Léo Murta, ´baterista d’Os Incas.

Foto: Reprodução da carteira profissional de músico/Acervo Pessoal - Léo Murta

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